A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) inicia mais um projeto de pesquisa que pretende produzir respostas relevantes para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a população brasileira. Há 120 anos investindo em ciência e tecnologia para a saúde, a Fiocruz agora segue para o continente gelado da Antártica. O projeto, que recebeu o nome de Fioantar, tem duração de quatro anos e foi aprovado, em dezembro de 2018, em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). O objetivo é o desenvolvimento de pesquisas na Antártica e o projeto vai integrar o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), conduzido pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), da Marinha.
Para iniciar os estudos no continente antártico, a partir do Acordo de Cooperação firmado com a Marinha do Brasil, a Fiocruz contará com um laboratório permanente na nova Estação Antártica Comandante Ferraz, que foi inaugurada em janeiro de 2020. O Fiolab será um laboratório de biossegurança preparado para responder às necessidades de vigilância epidemiológica e sanitária do país, e dar suporte às pesquisas em saúde e ambiente na Antártica, sob a perspectiva da abordagem One Health. A atuação do laboratório será integrada aos demais laboratórios de referência da Fiocruz no Brasil, permitindo o apoio a pesquisas que identifiquem microrganismos presentes no continente com potencial biotecnológico em saúde (novos medicamentos), ambiente (biorremediação) e indústria (novas enzimas industriais), além de oferecer suporte à formação de pesquisadores, futuros especialistas em estudos antárticos para a área da saúde.
Com caráter multidisciplinar, o projeto Fioantar apresenta abrangência na proposta de estudo e proporcionará a troca de conhecimentos e colaboração entre os diversos grupos e especialistas não só da própria instituição, como também com parceiros internacionais e nacionais. A pesquisa pela Fundação vai se dividir em duas linhas centrais que buscam investigar riscos e oportunidades que os microrganismos presentes da Antártica podem oferecer para a saúde humana.
A primeira linha pretende investigar novos patógenos, como vírus, fungos e bactérias, presentes no ambiente antártico e, com isso, reforçar a vigilância e prevenção epidemiológica em longo prazo. Para isso, a Fiocruz está reunindo pesquisadores de oito laboratórios diferentes, profissionais da área de produção e inovação em saúde, de relações internacionais em saúde, bem como profissionais de comunicação, que irão produzir vídeos, séries especiais para as redes sociais, entrevistas, exposições, dentre outros materiais, para que a população possa acompanhar todos os resultados e desafios desse grande projeto.
A outra importante linha da pesquisa é a bioprospecção. Os organismos extremófilos - que vivem em ambientes extremos - têm em sua constituição moléculas e competências fisiológicas e químicas diferenciadas do que vemos em outros lugares, que foram desenvolvidas ao longo de seu processo evolutivo para lidar com esse ambiente. Os pesquisadores irão buscar identificar quais desses organismos têm potencial para desenvolvimento de novas tecnologias e produtos em saúde, como medicamentos e insumos.
Para informar o leitor sobre os diversos passos da Fiocruz na pesquisa Antártica, a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) preparou este especial, com diversas notícias já publicadas sobre o tema e novos textos explicativos. No espaço, é possível encontrar, por exemplo, detalhes sobre os preparativos para a pesquisa, sobre o grupo de pesquisadores que irá participar do estudo, entrevistas com os coordenadores do Fioantar sobre os desafios e expectativas do projeto e até mesmo encontrar um histórico das diferentes expedições científicas pelo Brasil que marcaram a trajetória centenária da Fundação, sendo a campanha para Antártica um novo capítulo internacional de sua história. O especial funcionará também como um repositório para as futuras notícias sobre o tema. Acompanhe também mais informações nas mídias sociais oficiais da Fiocruz (Instagram, Facebook e Twitter AFN).
22/11/2019