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12/04/2007

Seminário comemora os 100 anos da descoberta do ciclo exoeritrocítico da malária


A malária, doença que mata mais de um milhão de pessoas por ano no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), será tema de um seminário que reunirá cientistas e historiadores nos dias 12 e 13 de abril, no campus da Fiocruz, em Manguinhos. Organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) em parceria com a Casa de Oswaldo Cruz (COC), duas unidades da Fiocruz, o seminário Henrique Aragão e a pesquisa sobre a malária: 100 anos da descoberta do ciclo exoeritrocítico da malária articula história da ciência às mais recentes descobertas científicas na área, discutindo desde a evolução histórica do conhecimento sobre a malária até os desafios atuais dos pesquisadores frente à moléstia, que registrou 540 mil casos no Brasil em 2006.


 Quadro que retrata o cientista Henrique Aragão (Arquivo COC)

Quadro que retrata o cientista Henrique Aragão (Arquivo COC)


Entre os participantes estão Pierre Druilhe (Instituto Pasteur), que debate as relações entre o ciclo exoeritrocítico e a imunidade; e Laurent Renia (Hôpital Cochin), que analisará aspectos do papel biológico do ciclo exoeritrocítico (hepático) do parasita. Randall Packard (Johns Hopkins University) discute as estratégias de controle da doença sob uma perspectiva histórica e Luiz Hildebrando Pereira da Silva (Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais), debate a influência do ciclo exoeritrocítico do P. vivax no desafio do controle da malária no Brasil.


No caso de hospedeiros vertebrados, o ciclo exoeritrocítico [exo= fora; eritrócito=hemácia] consiste na fase evolutiva do plasmódio, parasito causador da malária, desenvolvida fora das hemácias. Sua descoberta no modelo da malária aviária, feita no IOC pelo pesquisador Henrique de Beaurepaire Rohan Aragão em 1907, foi decisiva para a posterior identificação do ciclo hepático da malária humana pelo cientista inglês Percy Cyril Claude Garnham (1901-1994). Junto com o pesquisador do IOC Leônidas Deane, Garnham ganhou a primeira Medalha Henrique Aragão do IOC, criada em 1991 pelos pesquisadores Claudio Ribeiro e Hooman Momen.


No último dia do seminário (13 de abril), Tania Araújo-Jorge, primeira mulher a dirigir o IOC desde sua criação, entregará a Medalha Henrique Aragão à primeira mulher a recebê-la desde que foi criada: a professora Ruth Nussenzweig, da Universidade de Nova York, que será reconhecida por sua contribuição de vanguarda, em escopo mundial, no estudo da imunologia e parasitologia, sobretudo no domínio da malariologia; além da participação intensa na formação de pesquisadores brasileiros.


Além de palestras, o seminário contará com mostra de trabalhos científicos de estudantes na área por meio de pôsteres e uma exposição sobre a trajetória de Henrique Aragão. A ficha de inscrição deve ser enviada para o e-mail seminarioharagao@coc.fiocruz.br. As inscrições também poderão ser feitas no local. O evento ocorrerá nos dias 12 e 13 de abril, no auditório do Pavilhão Arthur Neiva (Pavilhão de Cursos do IOC), no campus da Fiocruz em Manguinhos (Avenida Brasil 4.365). Veja aqui a programação completa do seminário.


Malária mata mais de um milhão de pessoas por ano no mundo


A malária é uma doença infecciosa cujos agentes são parasitos do gênero Plasmodium, transmitidos ao homem por picadas de mosquitos fêmeas do gênero Anopheles infectados. Ocasionalmente, pode ser transmitida congenitamente, por transfusão de sangue ou por seringas contaminadas.


A doença, que mata mais de um milhão de pessoas por ano no mundo segundo dados da Organização Mundial de Saúde, pode se manifestar de forma aguda ou crônica. O quadro clínico e a gravidade da infecção variam de acordo com a espécie de parasito e o estado imunológico do paciente. Os sintomas mais comuns são febre alta e intensos calafrios que se manifestam intermitentemente, a cada dois ou três dias, além de dores de cabeça e no corpo. Casos graves podem provocar anemia de grau variável e o comprometimento de praticamente todos os órgãos, incluindo rins, pulmão e cérebro, podendo levar à morte.


Quando diagnosticada precocemente, a malária pode ser tratada com medicamentos ou associações de medicamentos específicos para cada espécie do parasito, em dosagens adequadas à situação particular do paciente. Não há vacina contra a malária. A principal forma de prevenção é evitar o contato com o mosquito do gênero Anopheles, transmissor da doença, com o uso de repelentes, calças e camisas de mangas compridas, mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas e de telas nas janelas de domicílios. É importante evitar o horário de maior atividade do vetor, que vai do cair da noite até as primeiras horas da manhã. No nível coletivo, a estratégia de controle da malária consiste, principalmente, no diagnóstico e tratamento precoces dos infectados e no combate ao mosquito vetor, em suas formas larvária e adulta.

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