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08/07/2009

Seminário internacional é aberto com conferência sobre o papel e a relevância de Carlos Chagas

Fernanda Marques


Dos ensaios clínicos em desenvolvimento no mundo, somente dez são sobre doença de Chagas. Este é um dado que demonstra a importância do Simpósio Internacional Comemorativo do Centenário da Doença de Chagas, cujo objetivo é chamar a atenção para esta enfermidade, que afeta cerca de 12 milhões de pessoas na América Latina e é a quarta causa de morte devido a moléstias infecto-parasitárias no Brasil. “A doença de Chagas não é democrática: ela não afeta a todos indistintamente. Trata-se de uma doença negligenciada. Seu determinante social mais importante é a pobreza”, destacou a diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Araújo-Jorge, na abertura do evento, na manhã desta quarta-feira (8/7). “Este simpósio é científico no conteúdo e será político em seus desdobramentos”, completou.


 A neta de Carlos Chagas, Cristina Chagas, recebeu homenagem na cerimônia de abertura do simpósio (Foto: Gutemberg Brito/IOC)

A neta de Carlos Chagas, Cristina Chagas, recebeu homenagem na cerimônia de abertura do simpósio (Foto: Gutemberg Brito/IOC)


A cerimônia de abertura foi prestigiada pela neta de Carlos Chagas, Cristina Chagas, que, representando sua família, recebeu uma homenagem dos organizadores do evento. O simpósio celebra os cem anos do grande feito de Carlos Chagas, que, de forma inédita, descobriu a doença, o parasito e o vetor, seu ciclo e suas implicações sociais. O evento vai mostrar também que, desde os tempos de Chagas, a Fiocruz se mantém na vanguarda científica. Prova disso é que, dos cinco ensaios clínicos sobre doença de Chagas hoje em andamento no Brasil, a Fundação está envolvida em três, sendo coordenadora de duas iniciativas: uma que estuda um novo medicamento à base de selênio e outra com terapia celular. Além disso, a instituição conta com um programa integrado em doença de Chagas que congrega 35 laboratórios.


“Chagas bradou aos governantes por políticas públicas de controle doença”, lembrou Tania. “O cientista passeava por vários campos. Tinha formação em medicina clínica e experimental, atuava em pesquisa e na constituição de modelos de saúde pública, além de ter uma formação humanista muito sólida”, acrescentou o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, em sua conferência sobre o pesquisador. “Ele era filho de comerciante e vinha de uma família de plantadores de café, mas sua origem também remonta a um ambiente de políticos e médicos. Chagas sempre teve uma grande relação com o povo brasileiro e suas mazelas”, disse o presidente, cuja palestra abordou desde a trajetória do cientista, inclusive algumas curiosidades – ele praticava caça como lazer e era sócio do Botafogo Futebol Clube – até os avanços e desafios atuais em relação à doença de Chagas, que ainda não tem cura nem vacina.


Publicado em 8/7/2009.

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