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06/02/2007

Serviços de saúde não têm controle adequado sobre dados da esquistossomose


As ações de controle da esquistossomose no Brasil vêm sendo adotadas de maneira sistemática e abrangente desde 1976. No entanto, a diversidade dos fatores que envolvem a transmissão da doença dificulta de forma significativa o seu controle pelos serviços de saúde. Isso é o que mostram a pesquisadora Leila Maria de Farias e sua equipe da Fiocruz em um estudo baseado na análise do Sistema de Informação do Programa de Controle da Esquistossomose (Sispce) dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, no período pós-descentralização das ações de controle (1999-2003). De acordo com artigo publicado na edição de janeiro de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, “a informação sobre o comportamento da endemia permite a identificação de problemas individuais e coletivos no quadro sanitário de uma população, propiciando elementos para análise da situação encontrada e subsidiando a busca de possíveis alternativas de encaminhamento, além de abranger ações relativas ao processo saúde/doença e as de caráter administrativo, essenciais ao processo de tomada de decisão”.

 Ovos de Schistossoma mansoni, helminto causador da esquistossomose (Foto: UFRGS)

Ovos de Schistossoma mansoni, helminto causador da esquistossomose (Foto: UFRGS)


No estudo, os pesquisadores observaram que a distribuição geográfica da endemia atinge cerca de 68% dos municípios de cada estado analisado, à exceção de Pernambuco, onde o percentual está em torno de 39%. Eles constataram, no entanto, que a integração das ações de saneamento e as ações de informação, educação, comunicação e mobilização comunitária não estão sendo priorizadas no controle da endemia: “não há periodicidade na realização dos exames coproscópicos (investigação dos contatos e da fonte de infecção) e registro dos dados. Cada município executa essa atividade de acordo com critérios próprios, dependendo de disponibilidade de equipamentos e de pessoal, que freqüentemente são deslocados para o controle de outras endemias, variando também a metodologia adotada, podendo ser inquérito censitário, levantamento em escolares, ou resultado dos exames decorrentes das demandas locais dos serviços”.


A equipe verificou ainda que os dados disponíveis no Datasus de 1999 a 2003 indicam que o registro no Sispce sofreu acentuada queda entre 1999 e 2000, comparando-se aos anos anteriores, coincidindo com a intensificação da descentralização das ações, em conseqüência da municipalização da etapa de realização de exames coproscópicos e posterior informação dos resultados: “o aumento progressivo de registros coincide com a reestruturação das atividades de controle nos níveis estadual e municipal. Porém, a sua insuficiência e a indefinição de metodologia, que contemple todas as localidades das áreas endêmicas com periodicidade definida, impossibilitam análise mais fidedigna da atual situação da esquistossomose”.


Nesse sentido, os especialistas alertam para a necessidade de se reformular para a efetivação das ações de controle. “O sistema deve ser repensado de forma a integrar-se às políticas de saúde em consonância com as diretrizes do SUS, com a observância de metodologia de coleta de dados sistemática, adequada às especificidades locais, possibilitando comparações e avaliações prospectivas, além da construção de novos indicadores com ênfase na morbidade e nos determinantes da endemia e da adoção de unidades de análise que venham a expressar a real situação da esquistossomose nos estados”, ressaltam os pesquisadores no artigo.


Fonte: Agência Notisa

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