Início do conteúdo

20/08/2008

Simpósio Internacional de Esquistossomose, em Salvador, homenageia Pirajá da Silva

Antonio Brotas


Debater e propor soluções que impliquem na melhoria das técnicas de controle e tratamento,  de modo a erradicar a doença, mesmo em locais com baixa prevalência, são alguns dos temas do 11º Simpósio Internacional sobre Esquistossomose, que começa nesta quarta-feira (20/8) e prossegue até a sexta-feira (22/8), em Salvador, no Bahia Othon Hotel. A doença atinge mais de 200 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, apesar da redução dos níveis de contaminação em função da pesquisa e das políticas de intervenção, ainda é considerada um problema de saúde pública, principalmente nos estados de Alagoas, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Na Bahia, as áreas endêmicas estão localizadas no sudoeste e oeste,  que contribuem decisivamente para que a prevalência no estado chegue a 10%, com cerca de 1,3 milhão de casos. Salvador, segundo a  Coordenação de Controle da Esquistossomose,  tem focos nos bairros de Pernambués, Saramandaia e no subúrbio ferrorviário.



O evento, que reúne as principais autoridades científicas do Brasil e do mundo na área de esquistossomose, inclusive da Organização Mundial de Saúde (OMS), marca o centenário da descoberta do Schistosoma mansoni pelo pesquisador baiano Manuel Augusto Pirajá da Silva, um símbolo de obstinação, pioneirismo e qualidade na pesquisa científica no Brasil.


Na solenidade de abertura, serão entregues medalhas a 88 personalidades que se destacaram nos estudos sobre a esquistossomose. O simpósio é presidido pelo diretor da Fiocruz Bahia, Mitermayer Galvão dos Reis. “Teremos a oportunidade fazer uma avaliação precisa de várias questões, apontando soluções para casos que ainda exigem maior esforço da ciência e dos homens de governo”, avaliou.


Também está previsto o lançamento, pela Editora Fiocruz, do livro Schistosoma mansoni e esquistossomose: uma visão multidisciplinar, organizado por Henrique Leonel Lenzi, Paulo Marcos Zech Coelho e Omar dos Santos, e do Helm Teste, novo produto da linha de reativos para diagnóstico do Instituto de Tecnologia em Imunológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz. Recomendado pela OMS, o teste serve para realizar exame parasitológico de fezes, possibilitando melhor diagnóstico e controle de qualidade.


Como  um dos mais expressivos eventos na área, o simpósio tem como objetivos promover  o debate sobre as políticas públicas de controle e prevenção relativos à doença; enfatizar discussões que destaquem a atenção a pacientes com esquistossomose, bem como os elementos que permitem o diagnóstico e terapias; evidenciar trabalhos que apontam a emergência de antígenos para vacinas e testes diagnósticos; debater formas de socialização das novidades da biotecnologia para a esquistossomose, visto que se trata de uma doença negligenciada, atingindo populações mais carentes do país; e ressaltar a importância dos estudos da esquistossomose para a área de imunologia, por exemplo. Mais informações podem ser obtidas aqui


Sobre a esquistossomose


Cerca de 200 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pela esquistossomose mansônica, sendo a América Latina uma área de grande concentração de casos. No Brasil, a doença é considerada endêmica, com oito milhões de casos. Os estados do Nordeste são os mais atingidos, principalmente em Alagoas, Bahia e Pernambuco mas há identificação de áreas focais também na região Sudeste, como em Minas Gerais. A maior prevalência, no entanto, foi identificada em áreas rurais e em grupos sociais de sub-empregados e desempregados, com baixos níveis de escolaridade. O homem é o hospedeiro definitivo do Schistosoma mansoni.


A contaminação se dá pela eliminação dos ovos nas fezes humana, que em contato com a água liberam uma larva denominada miracídio, responsável pela infestação do caramujo. O molusco, por sua vez, elimina as cercarias que infectam o homem. Estima-se que cada fêmea de S. mansoni produza cerca de 300 ovos por dia. O contágio, portanto, está associado a atividades simples como lavagem de roupas e loucas, lazer  em rios e lagoas, além de atividades agrícolas como cultivo de arroz irrigado, alho, entre outros.


A esquistossomose é uma doença grave que pode levar o indivíduo à morte. O indivíduo acometido da doença apresenta sintomas como febre, dor de cabeça, calafrios, dores abdominais, anorexia. Na fase crônica, apresentam ainda diarréia intermitente, fadiga, além do aumento do baço e do fígado.


Publicado em 20/08/2008.

Voltar ao topo Voltar