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15/05/2009

Software pode ajudar a dimensionar recursos humanos em saúde

Rita Vasconcelos


Uma das queixas mais recorrentes no setor saúde é a escassez de profissionais nas unidades de trabalho. Queixa que parte não apenas da população, como também dos próprios gestores. Existem diversos parâmetros oficiais, em geral baseados na população versus o número de profissionais, estabelecidos pelos três níveis de governo e também por entidades de classe, que são utilizados como medida para indicar a quantidade e tipo de profissional necessário para o funcionamento das unidades de saúde. No entanto, na prática, a maioria desses parâmetros vem se mostrando ineficaz, tornando-se obstáculo para a implantação de um moderno modelo de organização dos serviços de saúde que tem como característica principal valorizar o nível municipal.


 Sala de espera em posto de saúde de Salvador (Foto: A Tarde)

Sala de espera em posto de saúde de Salvador (Foto: A Tarde)


Visando propor alternativas para a gestão que melhorem a qualidade dos serviços oferecidos, o Observatório de Pesquisas em Recursos Humanos para a Saúde da Fiocruz Pernambuco vem desenvolvendo uma pesquisa que busca elaborar uma ferramenta que dimensione as reais necessidades de pessoal nas unidades de saúde. Para isso, a equipe coordenada pela pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva da instituição, Paulette Cavalcanti, está buscando construir parâmetros que levam em consideração a relação entre profissionais e estrutura das unidades. "Nosso objetivo é desenvolver um software que atenda aos três níveis de complexidade dos serviços de saúde (alta, média e básica), mas com ênfase nos dois últimos níveis. Por exemplo, se a proposta de um gestor for abrir uma policlínica com ambulatórios e emergência, a ferramenta deverá ser capaz de calcular quantos profissionais de nível médio e superior, qual a estrutura (número de consultórios, sala de nebulização, equipamentos imprescindíveis etc.) serão necessários para o funcionamento efetivo da unidade", explicou Jarbas Nunes, biomédico que integra a equipe.


Segundo Paulette, o importante é que o software, além de permitir o dimensionamento, também possibilitará regular o fluxo de pessoal. "A questão é que muitas vezes, por interesses pessoais e afinidades, muitos profissionais terminam saindo da sua lotação para outro setor, tornando alguns superlotados e outros defasados. Já conseguimos, por exemplo, fazer essa regulação nos plantões médicos das unidades do Recife. Hoje, esses serviços contam com 21 gratificações por tipo de serviço, o que implica em no máximo três médicos por plantão. Assim, um novo profissional só assume um plantão se um outro sair".


Até agora a maior dificuldade encontrada na pesquisa foi recolher parâmetros para os profissionais de nível médio. A solução foi buscar os adotados pela iniciativa privada, como as empresas prestadoras de serviços. "Já recolhemos os parâmetros que dizem respeito aos profissionais de nível superior e alguns para os profissionais de nível médio, agora é formatar esse material e construir e aplicar a ferramenta, explicou Nunes. A previsão é que o primeiro protótipo da ferramenta seja apresentado no final de 2009.


Publicado em 15/5/2009.

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