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27/11/2009

Sucesso de programa de hemodiálise do INCQS rende dois trabalhos acadêmicos

Pablo Ferreira


Em dez anos, a incidência de bactérias na água utilizada para hemodiálise no Estado do Rio de Janeiro caiu de 70% para apenas 3%. Isso foi possível graças a um programa de monitoramento implementado pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade (INCQS/Fiocruz) para controlar a qualidade da água. Os detalhes científicos da história encontram-se em uma monografia de especialização e uma dissertação de mestrado profissional, as duas escritas pela bióloga Joana Angélica Ferreira, envolvida desde o início no programa e sua atual coordenadora.


 

 A bactéria <EM>Pseudomonas aeruginosa</EM> (Foto: Enciclopédia Britânica)

A bactéria Pseudomonas aeruginosa (Foto: Enciclopédia Britânica)


Na especialização, a pesquisadora mostrou o nível de contaminação microbiana da água tratada para hemodiálise e quais eram os micro-organismos causadores dessa contaminação. Já na dissertação, Joana descreveu a diversidade genética do agente mais presente (a bactéria Pseudomonas aeruginosa), sua suscetibilidade a antimicrobianos e sua capacidade de produzir biofilme. “O biofilme resulta de uma tendência natural que as bactérias têm de aderirem a superfícies inertes ou vivas, formando uma película que as protege de agressões externas, como certos processos de desinfecção”, explica a bióloga.

 

A experiência do Instituto com água para diálise começou em outubro de 1998. Preocupados com os índices de infecção entre os pacientes renais, as vigilâncias sanitárias do Estado e do Município do Rio de Janeiro pediram ajuda ao INCQS. No ano seguinte, montou-se um programa de monitoramento e, logo de início, constatou-se índices de contaminação de até 70% da água, número considerado altíssimo. “Havia perigo, pois alguns estudos observam uma relação entre casos de infecção bacteriana em pacientes renais e a água tratada e utilizada em suas terapias”, afirma Joana. A partir daí, o INCQS investigou e pode determinar em que parte do processo de tratamento da água ocorria a contaminação e como agir para evitá-la.


Além disso, os estudos do INCQS contribuíram para aprimorar a legislação, inserindo-se limites mínimos para a presença de bactérias na água tratada para hemodiálise. Fato que resultou numa melhoria considerável da qualidade da mesma.


Agora, os trabalhos de Joana e a experiência do Instituto servem de modelo em outros estados e o Instituto também tem qualificado profissionais da área, por meio de cursos, oficinas e visitas. “Hoje, a água para hemodiálise em nosso Estado pode ser considerada ótima e isso só foi possível graças à cooperação entre o município, o estado e o governo federal, por meio da Fiocruz”, conclui Joana.


A monografia escrita por Joana chama-se Avaliação microbiológica da água utilizada em unidades de terapia renal substitutiva e a dissertação Diversidade genética e produção de biofilme de amostras de Pseudomonas aeruginosa isoladas da água utilizada em unidades de terapia renal substitutiva. Ambas foram defendidas na pós-graduação do próprio INCQS, respectivamente nos anos de 2006 e 2009.


Publicado em 25/11/2009.

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