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09/05/2011

Sucessos e fracassos no controle de doenças infecciosas no Brasil


Os vários investimentos no sistema de saúde desde que o SUS foi formado, além de um melhor acesso à água limpa e sistemas de esgotos, têm contribuído para importantes avanços na redução da carga de doenças infecciosas. No terceiro artigo, o professor Mauricio L Barreto, do Instituto de Saúde Coletiva e da Universidade Federal da Bahia, Salvador-Bahia, Brasil, e seus colegas observam porque alguns programas têm funcionado e outros não.


Controle de doenças como cólera, diarréia, doença de Chagas, e as doenças previníveis por vacinação, como tétano e poliomielite, foram todas bem sucedidas, tendo cada tratamento previsto oferecido de forma universal e gratuita no ponto de vacinação. Essas políticas precisam ser reforçadas, devido aos desafios como a crescente prevalência e transmissão de resistência às drogas.


Um programa parcialmente bem-sucedido é o de HIV/AIDS, que é o maior distribuidor de medicamentos anti-retrovirais gratuitos em todo o mundo. Muitos temiam que a resistência às drogas surgiriam rapidamente, mas ele só foi feito à taxa comum aplicada em países de alta renda. Cerca de 600.000 pessoas têm o HIV, com uma prevalência da população inferior a 0,6%: estimativas que se têm mantido estáveis desde o início do Milênio. Homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis (UDIs) estão em maior risco. Apesar disso, a prevalência da infecção em UDIs desceu para 8% em relação ao nível de 25% em meados da década de 1990. Programas visando à prevenção de transmissão de mãe para filho, e campanhas de saúde pública, destacando as mensagens de sexo seguro, e a necessidade de procurar tratamento imediato caso haja suspeita de infecção têm contribuído para o positivo registro geral do Brasil em HIV/AIDS. O controle da tuberculose também melhorou, em parte devido ao aumento do controle do HIV e também o papel específico de programas de antibiótico e aqueles que oferecem tratamento supervisionado diretamente.


As falhas são poucas, mas precisam ser apontadas. A dengue é um dos maiores problemas de saúde pública, com cerca de 3,5 milhões de casos registrados na última década, com 12.000 levando à dengue hemorrágica mais grave, e cerca de 900 mortes. Taxas da doença mais grave são seis vezes o que eram em 1990. Nenhuma vacina segura está disponível e nenhuma é provável que surja em anos. Dengue tem um perfil de evolução epidemiológica e o tratamento não está disponível. Mesmo com meio bilhão de dólares americanos investidos no controle de vetores para combater o mosquito Aedes aegypti, poucos avanços foram feitos. Controle da leishmaniose visceral é também fraca, com os esforços atuais com foco no controle do vetor dos portadores de flebotomíneos e remoção de animais domésticos que podem atuar como reservatórios. O tratamento é altamente tóxico e ao mesmo tempo acessível e apropriado em áreas urbanas, com apoio médico; em áreas rurais remotas, esta toxicidade torna o tratamento inadequado.


Os autores concluem: "Há uma necessidade urgente de desenvolver novos tratamentos e vacinas para essas doenças que se provaram difíceis de controlar. No Brasil, a pesquisa biomédica e epidemiológica está prosperando, como pesquisa em saúde pública sobre doenças infecciosas, com muita colaboração com países em desenvolvimento e países desenvolvidos... o rápido crescimento na pesquisa médica deve ser mantido — os esforços devem ir para a identificação de novos tratamentos (por exemplo, para leishmaniose) novas vacinas (por exemplo, para a dengue) e para formas mais eficazes de prestação de cuidados específicos."



Publicado em 9/5/2011.

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