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09/11/2007

Suplementação de vitamina A pode reduzir em até 30% a mortalidade infantil

Renata Moehlecke


Pesquisadores da Faculdade de Saúde da Universidade de São Paulo (USP) encontraram evidências de que a adição de vitamina A na alimentação contribui para a atenuação de doenças como diarréia e sarampo em crianças com idade entre 6 meses a 5 anos. A pesquisa também sugere que a vitamina ajuda na manutenção do peso da criança ao nascer e pode diminuir a mortalidade daquelas que vivem com Aids. O estudo apontou ainda que não há evidências de que a vitamina A desempenhe papel fundamentalmente protetor quanto à incidência de pneumonia (e conseqüente mortalidade) não associada ao sarampo. O trabalho acaba de ser publicado na edição de novembro do periódico Cadernos de Saúde Pública, editado pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz.


 (Arte: Medline Plus Health)

(Arte: Medline Plus Health)


Os resultados foram obtidos a partir de 14 estudos selecionados para revisão sistemática e metanálise, ou seja, foi feita uma recuperação de pesquisas anteriormente consideradas importantes com a intenção de responder a uma questão clínica específica, avaliando os dados expostos crítica e qualitativamente. As pesquisas escolhidas, publicadas entre 1993 e 2006, tinham como tema os impactos da suplementação da vitamina em questão na mortalidade, morbidade (infecções respiratórias, diarréia, sarampo, HIV / Aids), crescimento e desenvolvimento físico infantil. O estudo teve por base bancos de dados bibliográficos como o PubMed – serviço da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos – e os acervos da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Biblioteca de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (USP).


A análise buscava igualmente avaliar os efeitos da adição da vitamina em relação à morbidade (complicações no parto, malformações congênitas etc) e mortalidade materna e fetal. No entanto, não foram encontradas evidências de que essa suplementação por gestantes e lactantes seja uma das causas para a redução da morbidade e mortalidade infantis. Os pesquisadores afirmam que há indicações, no caso materno, de que essa intervenção constitua uma proteção a doenças, mas comentam a necessidade de estudos subseqüentes que considerem as implicações na mortalidade.


De acordo com o estudo, tanto a deficiência de vitamina A quanto a morbidade e a mortalidade associadas caracterizam-se como um importante problema de saúde pública. Estima-se que, atualmente, a carência dessa vitamina afete 127 milhões de crianças pré-escolares e cerca de seis milhões de gestantes em todo o mundo. Porém, os pesquisadores apontam que, em regiões mais necessitadas, a suplementação pode constituir um sério problema em termos de implementação. Eles recomendam, como uma possível solução, optar pela fortificação da dieta em geral e pelo esclarecimento da relevância desta, a fim de obter melhor ingestão de micronutrientes por crianças.

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