Início do conteúdo

27/09/2010

Trabalho aponta que atendimento emergencial em PE é deficiente

Renata Moehlecke


Dez serviços de emergência hospitalar, que compõem a rede de referência macro e microrregional de Pernambuco, tiveram seu grau de implementação avaliado por pesquisadores do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco), em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. A pesquisa, que abordou critérios relativos à estrutura (físico-organizacional, recursos materiais e humanos) e ao processo (atividades assistenciais de rotina e de referência e contra-referência), apontou que 60% dos hospitais se enquadram na categoria "deficiente".


 Para o estudo, eles selecionaram cinco hospitais de referência nos municípios sede de macrorregião: três representando o Recife, a capital do estado, e dois representando Caruaru e Petrolina, no interior

Para o estudo, eles selecionaram cinco hospitais de referência nos municípios sede de macrorregião: três representando o Recife, a capital do estado, e dois representando Caruaru e Petrolina, no interior


“Nesse cenário, os entrevistados em ambas as categorias hospitalares estudadas identificaram como principais entraves para a prestação da assistência à urgência/emergência a demanda ser maior que a oferta (95%), o hospital funcionar como porta de entrada do sistema de saúde (86%) e os profissionais não receberem capacitação específica (69%)”, destacam os pesquisadores no artigo. Para o estudo, eles selecionaram cinco hospitais de referência nos municípios sede de macrorregião: três representando o Recife, a capital do estado, e dois representando Caruaru e Petrolina, no interior. No que refere a hospitais de referência microrregional, foram escolhidos cinco correspondentes às microrregiões na Zona da Mata norte, Zona da Mata sul, Agreste e Sertão (representado por duas unidades devido a sua extensão).


As entrevistas foram realizadas seguindo um cronograma de quatro plantões em cada hospital (dois em dias úteis e dois durante o fim de semana) e, em cada plantão, foram entrevistados o médico e o enfermeiro responsáveis pelo setor de urgência. No total, foram efetuadas 108 consultas: 52,8% com médicos e 47,2% com enfermeiros. Os hospitais foram classificados pelo seguinte critério de avaliação: satisfatório, se atingiu pontuação superior a 80%, aceitável, com notas entre 70% e 79%, e deficiente, com pontuação inferior a 70%. Nenhum hospital atingiu nível satisfatório.


“Analisando as dimensões definidas, os hospitais de referência macrorregional apresentam grau de implantação deficiente (67%) para a dimensão estrutura, embora as duas unidades localizadas no interior (Caruaru e Petrolina) tenham se enquadrado como aceitável (70,6% e 71,5%, respectivamente), acompanhando a classificação de três dos cinco hospitais microrregionais nessa dimensão”, afirmam os pesquisadores. “De modo inverso, nos aspectos relativos ao processo de trabalho, o desempenho das unidades macrorregionais foi suficiente para alcance do grau de implantação aceitável (74%), diferenciando-se daquelas de referência microrregional que, com grau de implantação de 59,7%, foram classificadas como deficiente”.


No que diz respeito às atividades de rotina, 90% dos entrevistados indicaram que os serviços oferecem exames laboratoriais, 99% mencionaram que cumprem o apoio medicamentoso em tempo integral e 93% disseram que a comunicação profissional-acompanhante para informar sobre o estado geral do paciente é bem estabelecida. No entanto, apenas 32% dos médicos e enfermeiros afirmaram que os serviços assistem os casos de emergência (situações de risco de vida) e 11% apontaram baixa oferta de exames por imagem em todos os plantões, sejam próprios (radiografia, endoscopia, eletrocardiografia) ou conveniados (ressonância magnética, tomografia e ultrassonografia).


Os pesquisadores ainda chamam atenção para o fato de que apenas 36% dos hospitais estudados apresentam normas de funcionamento e atendimento emergencial. “Ressalta-se ainda a realização de triagem dos pacientes sem risco de vida que foi indicada por 59% dos entrevistados nos hospitais de referência macrorregional, mas por apenas 20% dos entrevistados nos hospitais microrregionais”, assinalam os estudiosos. “Inversamente, a permanência do paciente nos serviços de urgência em até 24 horas foi apontada por 55% dos entrevistados nos hospitais microrregionais e por apenas 25% daqueles abordados nos hospitais de referência macrorregional”. Além disso, o estudo indicou que, embora a atividade de encaminhamento do paciente para a UTI do próprio hospital, após procedimentos clínicos, esteja incorporada à rotina do serviço, 80% dos entrevistados nas unidades macrorregionais asseguram efetuá-la. Nas unidades microrregionais, o número percentual é somente 38%.


Publicado em 24/9/2010.

Voltar ao topo Voltar