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20/05/2008

Um brasileiro com raízes austríacas e portuguesas

Fernanda Marques


Schatzmayr é uma grande família do sul da Áustria, praticamente na fronteira com a Itália. O primeiro Schatzmayr de que se tem notícia chegou à região por volta de 1740. Ele era pastor protestante e teve muitos filhos, espalhando descendentes. Muitos anos depois, um desses descendentes se casou com uma húngara e se mudou para Viena. Porém, veio a Primeira Guerra Mundial e ele foi morto nos últimos dias do conflito, deixando a família em uma situação muito difícil – a viúva nem falava alemão direito. Então, um dos filhos do casal, Otto Schatzmayr, ao completar 18 anos, resolveu deixar a Áustria, país que atravessava uma série de problemas, onde até alimentos faltavam. Tendo aprendido a profissão de relojoeiro com um tio, o rapaz, acompanhado por um primo, rumou para o Brasil.

 

 Casa da família Schatzmayr, próxima à cidade de Villach, no sul da Áustria, onde nasceu o avô paterno de Hermann (Acervo pessoal) 
Casa da família Schatzmayr, próxima à cidade de Villach, no sul da Áustria, onde nasceu o avô paterno de Hermann (Acervo pessoal) 

No Rio de Janeiro, ele conheceu a jovem Zulmira, nascida no Espírito Santo e descendente de portugueses da família Gonçalves Ferreira, que recebeu a sesmaria da Ilha da Madeira. Eles se casaram e tiveram um único filho: Hermann Gonçalves Schatzmayr. A família viveu bem até a Segunda Guerra Mundial, quando o pai – então relojoeiro e com um pequeno negócio de compra e venda de pedras preciosas – foi preso e teve seus bens confiscados por ser considerado alemão (na ocasião a Áustria havia sido anexada por Hitler à Alemanha). “Meu pai costumava dizer que ele fugia das guerras e as guerras vinham atrás dele”, conta Hermann.

 

 Hermann e os pais, Otto e Zulmira
Hermann e os pais, Otto e Zulmira

Foi um período muito complicado e o casamento de Otto e Zulmira acabou se desfazendo. Os encontros com o pai, então, se tornaram raros. Hermann ficou com a mãe e os dois passaram uns tempos com o avô materno, que morava em um sítio em Nova Iguaçu. Mãe e filho voltaram para o Rio quando ela foi aprovada em um concurso para o Instituto de Pensão e Aposentadoria dos Comerciários.

 

 Com a separação dos pais, Hermann e a mãe foram morar com o avô materno, em Nova Iguaçu
Com a separação dos pais, Hermann e a mãe foram morar com o avô materno, em Nova Iguaçu

O tempo passou e, já na Fiocruz, Hermann conheceu a pesquisadora Ortrud Monika Barth, filha do também pesquisador da Fundação Rudolph Barth (1913-1978). Casado há mais de 40 anos com Monika, que nasceu na Alemanha, Hermann tem um casal de filhos, quatro netas e um neto. O filho é engenheiro e embora viva na Alemanha, telefona para os pais toda semana. A filha é bióloga e, apesar de ter ensaiado os primeiros passos na carreira de pesquisadora, acabou optando pela área de educação: ela e o marido abriram uma escola com uma proposta diferenciada, que enfatiza a questão cultural.

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