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10/08/2009

UniRio, Ministério da Saúde e Fiocruz lançam livro sobre a trajetória de Arouca


A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), o Ministério da Saúde e a Fiocruz lançam nesta sexta-feira (14/8), na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), às 11 horas, o livro Arouca, meu irmão: uma trajetória a favor da saúde coletiva. No momento em que o Sistema Único de Saúde (SUS) completa 20 anos, o livro mapeia e elucida o quanto a visão de saúde pública construída pelo movimento sanitarista brasileiro permanece viva e atual nas políticas contemporâneas de saúde no Brasil. A trajetória do médico sanitarista Sergio Arouca, um dos idealizadores do SUS e criador da frase "Saúde é direito de todos e dever do Estado", implementada no artigo 196 da Constituição de 1988, é posta em relevo.


 Sergio Arouca: 40 anos de vida pública e de militância em favor de práticas inclusivas e democráticas de medicina social e saúde coletiva

Sergio Arouca: 40 anos de vida pública e de militância em favor de práticas inclusivas e democráticas de medicina social e saúde coletiva


Publicado pela Editora Contra-Capa, Arouca, meu irmão: uma trajetória a favor da saúde coletiva é o resultado de quatro anos de pesquisas do projeto Memória e Patrimônio da Saúde Pública no Brasil: a Trajetória de Sérgio Arouca, coordenado pela antropóloga Regina Abreu (do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UniRio) e pelo médico sanitarista Guilherme Franco Netto (do Ministério da Saúde) e que contou com recursos do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde e da Unesco. O livro foi impresso com recursos da Faperj e traz textos de Regina Abreu, Guilherme Franco Netto, Helena do Rego Monteiro, Fabrício Pereira da Silva e Sérgio Lamarão. O evento contará com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que assina o prefácio - uma carta aberta ao personagem biografado, que o conheceu recém-formado em medicina.


Guilherme Franco Netto, atual diretor de Saúde Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, relata a primeira vez que encontrou Sérgio Arouca, e assistiu sua palestra intitulada Saúde e democracia, na 32ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na UnB. "O evento se tornou um marco pela campanha das liberdades democráticas no meio acadêmico e político", diz Franco Netto, que na época participava do movimento estudantil secundarista. Depois foram diversos encontros e trabalhos em parceria e sob a coordenação de Arouca, até que Franco Netto propôs o projeto do estudo sobre a trajetória de Arouca em 1990, quando o sanitarista foi eleito deputado federal do Rio de Janeiro pelo PCB com 94 mil votos. Só retomaram a idéia em 2002, quando Arouca deu seu aval e disse: "Vai em frente". Mas a execução do projeto só foi iniciada efetivamente em 2004, um ano após a morte de Arouca, quando Franco Netto convidou a antropóloga Regina Abreu para juntos formatarem um projeto de pesquisa interinstitucional.


A pesquisa previa inicialmente 15 entrevistas, mas, ao longo do trabalho, a riqueza da trajetória de Arouca impôs a ampliação dos objetivos da pesquisa. No total, são 70 depoimentos gravados em Ribeirão Preto, Campinas, Rio de Janeiro e Brasília com pessoas que acompanharam a trajetória do médico, como o ministro Temporão, Roberto Freire, Lúcia Souto - médica, companheira de militância e última mulher do biografado -, sua família, Ziraldo (autor da capa do livro), Givaldo Siqueira e grande parte de uma geração de sanitaristas. O material gravado em vídeo, a catalogação de objetos e os resultados de pesquisa produzidos sobre mais de 40 anos de vida pública e de militância em prol de práticas inclusivas e democráticas de medicina social e saúde coletiva terão alguns desdobramentos: a edição de um documentário com o material audiovisual, a disponibilização do acervo na Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) para consulta pública e a edição de um site que já está no portal do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UniRio. A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), onde será lançado o livro, fica no campus da Fiocruz em Manguinhos (Avenida Brasil 4.365), no Rio de Janeiro.


Trajetória a favor da saúde coletiva


Do nascimento em Ribeirão Preto, São Paulo, onde estudou medicina na unidade da Universidade de São Paulo (USP) daquela cidade, ao falecimento no Rio de Janeiro, em 2 de agosto de 2003, a história de vida de Sergio Arouca é narrada em Arouca, meu irmão - uma trajetória a favor da saúde coletiva desde a opção pelo sanitarismo e militância no movimento estudantil, a ditadura militar, sua participação no PCB e no PPS, a reestruturação da Fiocruz, sua breve passagem pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, os dois mandatos como deputado federal pelo Rio de Janeiro e a participação na Secretaria de Gestão Participativa do Ministério da Saúde, que ajudou a criar no primeiro mandato do governo Lula já no final da vida.


O livro contextualiza a história da saúde pública brasileira: a criação dos departamentos de Medicina Preventiva nas universidades; ações no campo da medicina comunitária; a criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes); a revitalização da Fiocruz enquanto instituição modelar de pesquisa; o processo de redemocratização do país e de construção das instituições democráticas; a reintegração dos cassados, em especial dos professores cassados da Fundação; a 8ª Conferência Nacional de Saúde, marco fundamental da nova era da saúde pública brasileira, contando com a inédita participação ativa dos usuários e da sociedade civil organizada; a articulação do projeto de medicina coletiva com os movimentos internacionais, especialmente na América Latina; a formulação político-jurídica e a implantação do SUS, incluindo desde a luta política democrática e plural no processo de elaboração da nova constituição propondo uma emenda que garantisse a saúde como um direito de todos e um dever do Estado até a proposta de um modelo de gestão participativa com a criação de uma Secretaria para esta finalidade no Ministério da Saúde.


Os autores


Guilherme Franco Netto é médico sanitarista e pós-doutorando no Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Unicamp. Mestre em saúde pública e doutor em epidemiologia pela Universidade Tulane (EUA). Ex-consultor em saúde ambiental e desenvolvimento sustentável da Opas/OMS no México. Exerce o cargo de diretor de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.


Regina Abreu é socióloga, mestre e doutora em antropologia social pelo Museu Nacional/UFRJ. Tem especialização em ciências sociais na École des Hautes Études en Sciences  Sociales (França). É pesquisadora e professora do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UniRio, atuando principalmente nas áreas de trajetórias e histórias de vida, patrimônio, memória e imagem.


Fonte: Coordenação de Comunicação da UniRio


Publicado em 10/8/2009.

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