07/06/2006
Com o objetivo de conhecer os procedimentos adotados pela Fiocruz em relação aos animais utilizados em pesquisas biomédicas, um grupo de representantes do poder legislativo municipal do Rio de Janeiro esteve nesta quinta-feira (08/06) na sede da Fundação, em Manguinhos. A comitiva, formada pelos vereadores Carlos Caiado, Márcia Teixeira e Carlos Eduardo, presidente da Comissão de Saúde da Câmara, além de assessores de outros edis, foi recebida pelo presidente da Fiocruz, Paulo Buss, pela diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Tania Araújo-Jorge, e por dirigentes da Fundação e da UFRJ.
Em uma conversa inicial com os vereadores, Buss reafirmou o compromisso da Fundação com a ética na experimentação animal e ressaltou a importância da discussão levantada recentemente sobre o tema. "As instituições que não mantêm um padrão ouro no tratamento dos animais utilizados em pesquisa devem ser punidas. Mas o que não podemos é proibir que se faça ciência nesta cidade, o que seria uma desmoralização internacional". O pesquisador Renato Cordeiro, membro da Comissão Nacional de Biossegurança, lembrou que "se a lei fosse aprovada, a vacinação teria que ser interrompida, pois os novos lotes de vacinas produzidos têm que ser testados em animais antes de liberados para uso nas crianças e na população em geral".
A primeira atividade do grupo foi uma reunião com o Comitê de Ética em Uso de Animais (Ceua) da Fiocruz, que trabalha em função de duas questões centrais: o desenvolvimento de recursos alternativos para a experimentação animal e o licenciamento de projetos de pesquisa que incluam o uso de animais. O coordenador do Ceua, Hugo Caire, apresentou aos visitantes os requisitos necessários para a aprovação de projetos, que se baseiam no mérito científico, na capacitação do técnico responsável e dos membros da equipe e na descrição do protocolo experimental, que exige um amplo detalhamento dos procedimentos utilizados com os animais no projeto que será desenvolvido. "O tempo médio para aprovação de um projeto é de 17 meses. Até cerca de 40 projetos foram reprovados e impedidos de serem conduzidos, e mais de 200 projetos foram aprovados e têm seus procedimentos adequados e regulamentados. Neste momento, 37 projetos estão em fase de análise", complementou Caire.
Durante a reunião, a diretora do IOC sugeriu que o Ceua incorporasse como membro um representante do poder legislativo municipal. "Uma das formas para que as dúvidas e questionamentos sobre o tema fossem esclarecidos seria a absorção pelo Comitê de um representante da Câmara de Vereadores", ponderou, recebendo em contrapartida a aprovação dos visitantes.
A programação prosseguiu com uma visita ao Centro de Criação de Animais de Laboratório (Cecal), onde os vereadores puderam comprovar o investimento feito pela Fundação no cuidado dos animais destinados a pesquisas, incluindo o treinamento rigoroso dos profissionais e a instalação de barreiras e filtros que impedem a contaminação dos animais. O grupo conheceu também as instalações do Departamento de Virologia do IOC e a visita foi concluída no no Centro de Primatologia.