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04/01/2008

Vigilância e controle de moluscos ganha guia de referência na internet

Gustavo Barreto


Já está disponível na página do Ministério da Saúde o livro Vigilância e controle de moluscos de importância epidemiológica: diretrizes técnicas, do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose (PCE) da Secretaria de Vigilância em Saúde. Entre os organizadores da obra estão os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz Silvana Thiengo, do Laboratório de Malacologia, e Otávio Pieri, do Laboratório de Ecoepidemiologia e Controle da Esquistossomose e Geohelmintoses. O guia vai orientar o trabalho de agentes sanitários em todo o país.


 Silvana analisa caramujos enviados por secretarias de Saúde de todo o Brasil (Foto: Ana Limp)

 Silvana analisa caramujos enviados por secretarias de Saúde de todo o Brasil (Foto: Ana Limp)


"Procuramos o maior número possível de especialistas que trabalham com caramujos e esquistossomas. Um dos trechos, por exemplo, cita a legislação ambiental referente às ações de prevenção, para esclarecer sobre pontos específicos das leis ambientais e suas aplicações práticas”, explicou Silvana. “Estas diretrizes técnicas servem para nortear o trabalho das equipes das secretarias de vigilância em saúde. Ali estão as diretrizes que devem ser seguidas no controle da esquistossomose, no que diz respeito ao caramujo”, destacou. Para assessorar estas diretrizes, o Ministério da Saúde mantém um comitê técnico para a esquistossomose, do qual fazem parte Silvana, Pieri e José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, bem como pesquisadores de outras unidades da Fiocruz, universidades e centros de pesquisa.


Uma das funções do comitê é a elaboração e re-edição de manuais que já estão obsoletos. "Este livro surgiu do sonho antigo de publicar algo bem mais abrangente sobre a malacologia médica”, contou Silvana. “É um trabalho grande de reunir idéias e profissionais, revisar detalhadamente as informações para, no final, sair esta obra, que acredito ser um avanço muito grande no tema", sintetizou.


O livro esclarece que o mecanismo de transmissão da esquistossomose é extremamente complexo e depende, além dos elementos diretamente envolvidos no ciclo de transmissão, dos fatores condicionantes inerentes a cada localidade. "Tentamos abranger as dúvidas mais freqüentes dos agentes de saúde, que são aqueles que estão na ponta, lidando diretamente com os caramujos em cada região do país. Na obra é explicado especificamente cada passo que o agente deve seguir e o procedimento correto para cada fase", explica Silvana.


A obra é dedicada a Wladimir Lobato Paraense, decano da malacologia brasileira e, aos 92 anos, ainda atuante no Laboratório de Malacologia do IOC. A publicação contou com a colaboração de diversas instituições em todo o Brasil – um dos grandes méritos da obra, afirma Silvana –, entre as quais Ibama, Funasa, Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz) e Departamento de Metodologia da Educação da Universidade Federal da Paraíba.


Ciência para a população


Outro coordenador da obra, o pesquisador Otávio Pieri ressaltou que o livro cumpre uma função social importante e pouco valorizada na comunidade científica. “Este tipo de livro – cujo conteúdo, muito mais do que de divulgação, é técnico-científico – é um instrumento por excelência para transformar pesquisa em saúde”, sintetizou. Otávio adverte que a publicação dos resultados de pesquisas em periódicos científicos, em uma linguagem altamente técnica e em idioma estrangeiro, nem sempre atinge os responsáveis pela elaboração, gestão e execução das ações de saúde. “Essa lacuna precisa ser preenchida pelo pesquisador, para que estes conhecimentos sejam realmente colocados em prática, como diz o próprio lema do IOC, Ciência para a saúde da população brasileira”.

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