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07/08/2006

Visões do feminino A medicina da mulher nos séculos XIX e XX

Pablo Ferreira
















Visões do feminino: a

medicina da mulher nos séculos XIX e XX

Ana Paula Vosne Martins

Editora Fiocruz

288p. R$ 35,00

A eternidade feminina, óleo pintado em 1878 pelo francês Paul Cézanne (1839-1906).

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Além de descrever e definir a medicina da mulher nos séculos 19 e 20, o livro Visões do feminino, de Ana Paula Vosne Martins, tem o corpo feminino como seu tema central. Originada a partir de uma tese de doutorado, a obra tem como principal motivação a compreensão de como as mulheres tornaram-se prisioneiras de seus próprios corpos e o papel que a ciência desempenhou na construção de uma imagem feminina frágil, voltada para a reprodução, a maternidade e o lar.


Como a própria autora define, a idéia da exclusão das mulheres da vida política e da reclusão à esfera doméstica foi construída por um discurso científico, onde os médicos desempenharam papel de destaque. Como "conselheiros da arte de bem viver", os médicos do século 19 afirmavam que o corpo feminino seria mais frágil, inferior, mais exposto às intempéries. Desse modo, a mulher não estaria preparada para dedicar-se aos estudos das artes ou da filosofia e se assim o fizesse estaria infringindo as leis naturais. A biologia teria preparado seu corpo apenas para a reprodução.


Hoje em dia, apesar de as mulheres terem derrubado muitos desses estigmas, entrando no mercado de trabalho, na política e em outras áreas de conhecimento, elas tornaram-se vítimas de outros mecanismos que as encerram dentro de seus próprios corpos. A mídia é um exemplo: se por um lado estimula a liberação feminina, por outro cria padrões de beleza e estética que compelem as mulheres a transformar e cuidar exageradamente de seu físico. Por exemplo, a obsessão pela forma e magreza pode levar à doença e à morte por meio das anorexias e bulimias.


O livro é dividido em seis capítulos, além de prefácio, apresentação e conclusão. No primeiro capítulo, a autora investiga como a diferença feminina dividiu opiniões, criou debates e tornou-se objeto de conhecimento entre os séculos 18 e 19. A construção da representação do corpo da mulher e a origem da obstetrícia são temas do capítulo 2. No terceiro capítulo, discute-se a ginecologia. Os capítulos 4, 5 e 6 dedicam-se à medicina da mulher no Brasil. No capítulo 4, são recuperadas as condições e organização do ensino das doenças das mulheres e a produção de conhecimento sobre o corpo feminino, no 5, trata-se da prática médica, formação da clientela e definições das competências profissionais e, finalmente, no 6, discorre-se sobre a ideologia da maternidade no século 19.


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