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13/01/2010

Zilda Arns: uma vida em favor da saúde pública


O terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu o Haiti na terça-feira (12/1) matou Zilda Arns, de 75 anos, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e que estava no país caribenho integrando a missão brasileira. A Presidência da Fiocruz lamenta profundamente o ocorrido com Zilda Arns, que era membro da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) e teve uma exitosa e elogiada trajetória na saúde pública.


 Zilda Arns (1934-2010)

Zilda Arns (1934-2010)


Médica pediatra e sanitarista, Zilda era coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, órgãos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Foi indicada por três vezes ao Prêmio Nobel da Paz. A trajetória desta médica catarinense que acolheu como missão de vida a saúde pública é exemplar para todos os brasileiros. Ao fundar a Pastoral da Criança — entidadade que tem o Ministério da Saúde como principal parceiro financeiro desde 1985 e também um de seus principais parceiros técnicos —, Zilda prestou auxílio inestimável para desencadear país afora as políticas públicas de alimentação e nutrição, amamentação materna e redução da mortalidade infantil, entre outras ações de prevenção e promoção da saúde, tão preciosas ao desenvolvimento da infância. Hoje a Pastoral da Criança está presente em 27 países.


Ao longo das últimas décadas, Zilda Arns Neumann tornou-se uma personalidade emblemática na defesa da saúde, bem-estar físico e mental das crianças e da população brasileira, tendo recebido prêmios nacionais, como a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, conferida em novembro passado pelo ministro Temporão, além de prêmios internacionais.  Foi indicada ainda, em 2008, a membro honorário da Academia Nacional de Medicina.


Era defensora contumaz da criação de uma fonte de recursos permanente para o Sistema Único de Saúde (SUS) e foi conselheira nos últimos 18 anos do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Há seis anos, atuava como membro da Comissão Nacional de Monitoramento e Implementação do Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Sua atuação também é tida como fundamental para a sustentação de práticas hoje arraigadas no SUS, como o controle social e o cuidado com a saúde indígena.


Nascida em Forquilinha (SC) em 1934, e irmã do cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, Zilda Arns Neumann era médica formada em 1959 pela Universidade Federal do Paraná. Tinha cinco filho e dez netos. Ela atuou como pediatra no Hospital de Crianças Cezar Pernetta e como diretora-técnica da Associação de Proteção Materno-Infantil Saza Lattes, em Curitiba. Mais tarde foi diretora de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Paraná e do Ministério da Saúde. 


Em entrevista sobre a atuação da CNDSS, ela disse que "a desigualdade é uma questão muito séria no Brasil e deve ser foco de políticas públicas que ajudem a diminuir as diferenças sociais. Espero que a comissão aponte caminhos para isso e faça com que o povo brasileiro passe a exigir mais atenção para a redução da pobreza, da baixa escolaridade, do desemprego, e que o futuro governo tome como prioridade a questão. Com o trabalho da Pastoral da Criança, adquiri um conhecimento da pobreza e de estratégias de envolvimento das comunidades pobres para sua autotransformação social, que pode ser útil à CNDSS”.


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Publicado em 13/1/2010 (e atualizado em 14/1).

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