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08/07/2019

Artigo analisa ameaça do uso de cigarros eletrônicos

Informe Ensp


O uso de cigarros eletrônicos aumentou, principalmente entre estudantes dos níveis Médio e Fundamental nos Estados Unidos. No Brasil, a prevalência de uso é muito baixa, devido à proibição, desde 2009. Mas, a sua comercialização on-line, até mesmo por grandes lojas de departamento, ocorre livremente para crianças e adolescentes. O alerta vem de um artigo do Cadernos de Saúde Pública.

De acordo com o artigo Por que os cigarros eletrônicos são uma ameaça à saúde pública?, dos pesquisadores Andre Luiz Oliveira da Silva e Josino Costa Moreira, em outubro de 2018, o U.S. Food and Drug Administration (FDA) realizou uma ação na sede da empresa fabricante dos cigarros eletrônicos da marca Juul, onde milhares de documentos foram apreendidos por suspeita de que a empresa estivesse realizando práticas direcionadas a induzir jovens a consumirem esses produtos de tabaco.

Conforme o artigo, essa ação foi parte da resposta da agência reguladora americana ao que pode ser considerada uma epidemia do uso de dispositivos eletrônicos para fumar entre estudantes dos níveis Médio e Fundamental nos Estados Unidos. “Dentre os estudantes do nível Médio o uso de cigarros eletrônicos aumentou de 1,5%, em 2011, para 20,8 %, em 2018, sendo 2017 o ano do aumento mais significativo. Entre os estudantes do Ensino Fundamental, o uso desses produtos saltou de 0,6%, em 2011, para 4,9%, em 2018.”

Em resumo, diz o texto, praticamente um em cada cinco estudantes americanos do Ensino Médio usa cigarros eletrônicos, em sua maioria produtos com diversos sabores e majoritariamente da marca Juul. “Esse significativo aumento observado em 2017 estaria associado à popularização dessa marca no mercado americano.”

Para os autores do estudo, os motivos da grande popularidade desses produtos entre os estudantes é seu formato, a possibilidade de serem usados discretamente, além de terem altas concentrações de nicotina e sabores atrativos. “O formato pequeno e retangular do produto, apresentando diversas cores, lembrando um pen drive, com carregamento via porta USB, além de atraente, também é discreto.” Acarga do produto é feita por meio de “pods”, que contêm a quantidade de nicotina equivalente a 20 cigarros (um maço).

Um fator preocupante, adverte o artigo, é que, em comparação com os demais cigarros eletrônicos, os “pods” utilizados pelo Juul têm um potencial aditivo muito superior, causando uma sensação fisiológica semelhante àquela experimentada por fumantes de cigarros convencionais. “Esse produto utiliza nicotina tratada com ácido benzóico (resultando nos sais de nicotina, sua forma natural na folha de tabaco) e para entregar ao usuário concentrações até 10 vezes maiores de nicotina do que os outros cigarros eletrônicos, que usam a nicotina de base livre (freebase) em suas formulações.” Outros fabricantes, possivelmente inspirados pelo sucesso comercial do Juul, acrescenta o texto, também começaram a adotar os sais de nicotina em seus produtos.

“A indústria do tabaco tem um histórico de manipulação dos níveis de nicotina nos cigarros, com técnicas que iam desde a adição de amônia nos cigarros para aumentar a nicotina de base livre, até a utilização de variedades de plantas modificadas que produziam altas concentrações de nicotina (tabaco Y-1)”, lembra o artigo. Inclusive, tem um estudo, atentam os pesquisadores, o qual sugere que o Juul teria um potencial aditivo para jovens maior que outros cigarros eletrônicos e, até mesmo, os cigarros comuns.

No Brasil, dados apontam que a redução dos números de fumantes ficou estagnada, e o mais grave é que a prevalência de fumantes entre jovens de 18 a 24 anos residentes nas capitais brasileiras aumentou de 7,4% para 8,5%, entre 2016 e 2017. O artigo considera que um dos fatores que, possivelmente, pode ter contribuído para o aumento do número de fumantes jovens seja a comercialização disseminada desses produtos pela Internet. Dessa forma, recomenda a pesquisa, esses produtos podem reverter, em pouco tempo, a bem-sucedida política de controle do tabaco no país, caso não sejam  tomadas medidas mais restritivas contra a venda desses produtos.

Outra controvérsia que cerca esses produtos é que os dados publicados ainda não são suficientes para afirmar que os cigarros eletrônicos seriam um método efetivo para parar de fumar. Para saber mais informações, leia o artigo na íntegra aqui

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