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02/08/2017

Biblioteca de Manguinhos divulga obra rara em evento de 117 anos

André Bezerra (Icict/Fiocruz)


Certa vez, diante de um momento de contingência financeira, Oswaldo Cruz, o sanitarista e patrono da Fiocruz, declarou: “Corte-se até a verba para a alimentação, mas não se sacrifique a biblioteca”. A frase demonstra força da informação e da gestão do conhecimento e sua importância para o cientista. Assim, em 2017, declarado como o Ano Oswaldo Cruz pela presidente Nísia Trindade, a Biblioteca de Manguinhos celebra 117 anos de serviços prestados à comunidade científica.

No dia 10 de agosto, às 9h, a instituição celebra seu aniversário com seminário comemorativo, trazendo ao público informações sobre uma das mais interessantes obras raras sob sua guarda: o Formulário Médico, de 1703, em palestra com o convidado João Eurípedes Franklin Leal, professor benemérito da UniRio.

Segundo dizeres que constam na própria obra, o Formulário Médico é um “manuscrito atribuído aos jesuítas e encontrado em uma arca da Igreja de São Francisco de Curitiba”. Produzido em papel de trapo e tinta ferrogálica, acrescido de uma encadernação moderna em papel cartão forrada em tecido, o item é preservado pela seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos, já tendo passado por diversos tratamentos técnicos de conservação e disponível para consulta no site Obras Raras da Fiocruz.

O manuscrito traz uma série de receitas e tratamento para as mais diversas doenças que assolavam a população no período histórico em que foi criada, no território da América Portuguesa, entre fins do século 17 e início do 18. Quem folheia o documento hoje em dia pode apreender o estado da arte dos conhecimentos da medicina acadêmica naquele momento, mesclado a crenças populares, por meio da indicação de ingredientes típicos do Brasil Colonial e outros territórios.

O palestrante convidado foi um dos responsáveis pelo trabalho de transcrição paleográfica do documento, em parceria com instituições como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). “Este trabalho durou cerca de três anos e foi acrescido de estudos históricos e de materialidade do manuscrito, que está sendo avaliado para fins de publicação”, explica Fátima Duarte, coordenadora da Biblioteca. 

“Nosso manuscrito é um dos itens mais importantes do acervo da Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos. Essa é uma grande oportunidade para registrar um pouco da memória deste documento tão importante para nossa biblioteca e também para a história das práticas médicas coloniais brasileiras”, convida a bibliotecária.

Em julho, o conservador Marcelo de Lima Silva, coordenador da seção de preservação do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), apresentou parte do processo de pesquisa em torno do restauro da peça, no Centro Loyola de Fé e Cultura, da PUC-Rio. “Através da análise desse livro, pude perceber que a construção da arte médica jesuíta foi uma arte médica híbrida porque eles usavam várias referências”, explicou, em entrevista à TV PUC (confira abaixo), citando desde os conhecimentos mais especializados às culturas populares. Ele analisou a obra em sua dissertação de mestrado pelo CPDOC/FGV.

Além da palestra, haverá debate e uma homenagem póstuma ao servidor Paulo Sérgio de Biase, falecido em fevereiro deste ano, que trabalhou por 35 anos na Biblioteca e foi homenageado pela Fiocruz no 117º aniversário da instituição.

Serviço:
Aniversário de 117 anos da Biblioteca de Manguinhos
Data: 10 de agosto
Horar: 9h
Local: Salão de Leitura Henrique Leonel Lenzi – Biblioteca de Manguinhos
Endereço: Av. Brasil, 4.365, Pavilhão Haity Moussatché – Manguinhos / RJ

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