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10/08/2017

Câmara homenageia Oswaldo Cruz em sessão solene

Valéria Padrão (Fiocruz Brasília)


Um projeto de lei tornando a Fiocruz “patrimônio nacional da Saúde Pública” foi apresentado pelo deputado Odorico Monteiro (PSB-CE) durante sessão solene em homenagem aos cem anos da morte do sanitarista Oswaldo Cruz, realizada na manhã de 9 de agosto no plenário da Câmara dos Deputados. A proposta de projeto de lei prevê a concessão do título para instituições com mais de 70 anos de atuação no campo da Saúde Pública, ao mesmo tempo em que o concede à Fiocruz. O parlamentar cearense também é responsável pelo requerimento para realização da sessão.

Em sessão solene, os feitos do sanitarista Oswaldo Cruz foram recordados por parlamentares, cientistas, ex-ministros da saúde e convidados (foto: Edilson Rodrigues)
 
 

O Hino Nacional tocado pelo saxofonista Leopoldo Crisostómo marcou a abertura da sessão, onde, por mais de três horas, os feitos do sanitarista Oswaldo Cruz – ações de combate e controle da febre amarela, da peste bubônica, criação do Instituto Soroterápico Federal, dentre outras tantas – foram relembradas por parlamentares, cientistas, ex-ministros da saúde e convidados. Na mesa solene, o deputado Odorico Monteiro, o senador Humberto Costa (PT-PE), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu Moreira, a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Maria Dolores Perez, o representante do Conselho Superior da Fiocruz, Pedro Tauil, e o representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Jurandir Frutuoso. Na plateia, os ex-ministros da Saúde, José Temporão, José Agenor Alvarez, Alceni Guerra e o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG).

Anunciando-se um “orgulhoso” servidor da Fiocruz, Odorico Monteiro destacou que a frase do sanitarista “Não esmorecer para não desmerecer” é lema a ser seguido, sobretudo, “em tempos difíceis como o atual”. Relatou ações da instituição em diversos campos do conhecimento, destacando o papel transformador da educação, lembrou os 26 cursos de mestrado e doutorado da Fiocruz. A capacidade de produzir 500 milhões de doses de vacina foi citada assim como a advertência “no século 20, o Brasil perdeu a tecnologia da química fina e estamos prestes a perder a janela de oportunidade dos biológicos. Penso que a Fiocruz tem um papel importante para reduzir essa dependência”. 

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, historiou a trajetória de Oswaldo Cruz e disse estar “administrando o Ministério da Saúde com muita energia e coragem para fazer as mudanças necessárias" e informou que irá propor um novo modelo de financiamento do SUS, o qual privilegiará a saúde e não a doença, e gerará uma economia de R$ 50 bilhões. Tais alterações estão sendo pactuadas na tripartite. Tão logo falou, o Ministro deixou a sessão alegando compromisso.

Presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima destacou o compromisso da instituição com o desenvolvimento sustentável, com a redução das assimetrias territoriais e regionais, nacionais e globais (foto: Edilson Rodrigues)

 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, passeou rapidamente pela trajetória histórica da instituição destacando, dentre outros, a participação ativa na reforma sanitária e a articulação do processo produtivo da saúde. Falou de desafios do presente e projeções para o futuro. Dentre eles, o fortalecimento da Fiocruz na articulação do sistema de ciência, tecnologia e inovação nas dimensões regional, nacional e global, preparar a instituição para a quarta revolução tecnológica (internet das coisas, medicina personalizada como estratégia de saúde pública), a educação permanente, sistemas inteligentes e preditivos na vigilância, atenção e promoção da saúde, e outras. Destacou o compromisso da instituição com o desenvolvimento sustentável, com a redução das assimetrias territoriais e regionais, nacionais e globais, em uma sociedade de conhecimento inclusiva e voltada para o cidadão.

“Meu avô deve estar dando voltas na tumba”, afirmou Vera H. Oswaldo Cruz, neta do fundador da Fiocruz. Veemente observou que, passado um século, o Brasil tem dengue, zika, chikungunya e “pasmem, a febre amarela!". Rogou aos parlamentares que façam emendas a favor da saúde, bradando pelo cumprimento do preceito constitucional “saúde é direito de todos e dever do estado”. Disse estar na hora de arregaçar as mangas, deixar de lado discussões se mosquito é municipal, estadual ou federal e trabalhar muito. Observou que o maior legado da Fiocruz é ousar, buscar o novo, e que seu maior tesouro é a diversidade. 

Neta de Oswaldo Cruz, Vera Cruz observou que o maior legado da Fiocruz é ousar, buscar o novo, e que seu maior tesouro é a diversidade (foto: Edilson Rodrigues)

 

Pedro Tauil, integrante do Conselho Superior da Fiocruz, falou da importância histórica da Fiocruz no combate de doenças, nas campanhas e na produção de vacinas e na formação de profissionais para a saúde. Humberto Costa, ex- ministro da Saúde, destacou a monumental trajetória de conquistas da instituição.

Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, citou pesquisa da instituição que mostra ser Oswaldo Cruz e a Fiocruz, respectivamente, o cientista e a instituição científica mais conhecidos do pais. Falou do quadro difícil que enfrentam as instituições de pesquisa, alegando que os cortes e contingenciamento adotados pelo governo ameaçam fortemente o futuro do Brasil. 

A representante adjunta da Opas/OMS no Brasil, Maria Dolores Perez-Rosales, disse que “a Opas se sente honrada em ter a fundação que leva o nome de Oswaldo Cruz [Fiocruz] como um Centro Colaborador para Políticas Farmacêuticas, para Educação de Técnicos de Saúde, para Saúde Pública e Ambiental, para Leptospirose e para Saúde Global e Cooperação Sul-Sul. Nossas instituições são parceiras há vários anos. Essa colaboração nos permite desenvolver ações que beneficiam milhões ou até mesmo bilhões de pessoas”.

Durante sessão solene, o deputado Odorico Monteiro (PSB-CE) apresentou projeto de lei tornando a Fiocruz “patrimônio nacional da Saúde Pública” (foto: Edilson Rodrigues)

 

Pela tribuna do plenário da Câmara dos Deputados, passaram diversos deputados, que destacaram a importância de Oswaldo Cruz e a fundação que criou, a exemplo de Raquel Muniz (PSDB-MG), Chico d’Ângelo (PT-RJ), Jandira Fegalli (PCdoB-RJ), Saraiva Felipe (PMDB-MG), Mandeta (DEM-MS), Lindbergh Faria (PT-RJ), Carmen Zanotto(PPS-SC), Jorge Solla (PT-BA) e Pollyana Gama (PPS-SP). Justa Helena, presidente da Asfoc, e Jeferson Campos, da Associação dos Pós-graduandos da Fiocruz, também ocuparam a tribuna.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, e o deputado Odorico Monteiro na abertura oficial de mostra sobre Oswaldo Cruz (foto: Edilson Rodrigues)

 

Finda a sessão, foi aberta oficialmente a mostra Oswaldo Cruz: ciência e saúde no projeto nacional, que ocupará até 17 de agosto, o corredor de acesso ao Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Visitantes podem conhecer a obra do cientista e a importância da Fiocruz como instituição estratégica de Estado (foto: Divulgação)

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