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22/11/2013

Cariocas e mineiros trocam experiências em saúde urbana

Marina Lemle


Diversos projetos relacionados a saúde urbana desenvolvidos por diferentes unidades da Fiocruz e por pesquisadores ligados ao Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte – parceiro da Fiocruz numa cooperação técnica na temática - foram apresentados em 18 de novembro de 2013 no auditório do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), no Rio de Janeiro.

A importância do geoprocessamento dos dados foi uma tônica no seminário (foto: Marina Lemle)

 

O seminário teve como objetivos atualizar os pesquisadores sobre os projetos em desenvolvimento no Rio e na capital mineira, abastecer de informações o Armazém de Dados Espaciais (em construção) do Observatório de Saúde Urbana da Fiocruz, apoiado pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, estimular a integração dos projetos e a padronização de metodologias utilizadas e apresentar um sistema que deverá possibilitar a interoperabilidade entre os bancos de dados, de forma que as informações possam ser acessadas e analisadas numa mesma plataforma. A importância do geoprocessamento dos dados foi uma tônica no seminário.

Simone Santos, do Icict, apresentou o projeto A saúde dos moradores em zonas e áreas especiais de interesse social – impactos de intervenções urbanas, iniciado em dezembro 2011 com a finalidade de contribuir para a saúde das populações, principalmente em zonas de carência socioeconômica. O projeto analisa o impacto na saúde das pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade em áreas no Rio de Janeiro onde foram realizadas intervenções do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é inspirado na iniciativa prévia desenvolvida pelo Observatório mineiro, ligado à UFMG. Com o aprendizado, os pesquisadores pretendem criar um guia de metodologias que possa ser utilizado em outras cidades.

Bem mais adiantada do que a do Rio, a experiência de BH foi apresentada por Maria Angelica de Salles Dias. Ela explicou a metologia e os sistemas usados para o estudo epidemiológico, as dificuldades enfrentadas e os desafios que se colocam.

O alemão Martin Bortz, pesquisador do Medical School University of Heidelberg, apresentou o estudo Análise espacial de desigualdades intraurbanas da saúde no Rio de Janeiro - Introdução de um índice de desigualdade, no qual ele ressalta as grandes disparidades econômicas e sociais na cidade e as dificuldades que isso acarreta para a obtenção de dados de qualidade.

“O objetivo deve ser mostrar as diferenças, e não amenizá-las”, afirmou. Bortz disse que hoje só os dados do SIM e do Sinasc têm regularidade e credibilidade para serem usados em pesquisas.

Monica Magalhães, da Ensp, dedicou-se ao georreferenciamento de todos 28 mil casos novos de tuberculose registrados no município do Rio de Janeiro. Ao longo de seis meses, a pesquisadora teve que corrigir 27% dos endereços que constavam nos prontuários para poder mapear a incidência da doença em relação a variáveis socioeconômicas e ambientais.

Cristovam Barcellos, do Icict, apresentou o trabalho Homicídios no entorno de favelas do Rio, feito em parceria com a antropóloga Alba Zaluar, da Uerj, e equipe.

Segundo Barcellos, ocorrem hoje no Rio cerca de 3 mil homicídios por ano, a maioria na Zona Norte. Locais como os complexos do Alemão, da Maré e de Manguinhos apresentam maior concentração de violência. “A violência é fenômeno multidimensional e multiescalar”, explicou.

Luis Madeira, da Fiocruz Mata Atlântica, apresentou o projeto Saúde Urbana no contexto da Colônia Juliano Moreira: A proposta do PDCFMA, feito em três fases: a primeira, de 2003 a 2007, incluiu levantamentos e diagnóstico do território, e a segunda, de 2008 a 2011, foi a fase de planejamento. Na terceira e atual fase, os pesquisadores dedicam-se à requalificação urbana, à restauração ecológica, à regularização urbana e fundiária, à articulação de políticas sociais para o território e ao desenvolvimento da governança, da participação social e da cidadania local, em conjunto com representantes da comunidade.

Flávia Soares, também do Campus Fiocruz Mata Atlântica, destacou que como a Associação de Moradores local é dominada pela milícia, a relação se dá diretamente com moradores. Projetos como a criação de uma horta escolar e a construção de fossas verdes beneficiam cerca de 220 famílias que moram na área do campus e representam, segundo ela, a contrapartida da Fiocruz às obras de urbanização do PAC Colônia.

De acordo com a pesquisadora Carmem Beatriz Silveira, foi feito um levantamento em sete comunidades do PAC Colônia para, com uma abordagem socioespacial e antropológica, promover a saúde e assegurar a qualidade de vida, de habitação e de habitat à região do entorno do campus da Fiocruz em Jacarepaguá.

Marcel de Morais Pedroso, do Icict, apresentou o sistema denominado Armazém de Dados Espaciais, em desenvolvimento. Como os grupos de pesquisa utilizam metodologias muito diferentes, o objetivo do sistema é permitir a convergência e a interoperabilidade dos dados, com a finalidade de territorializar os indicadores de saúde.

Na parte da tarde, pesquisadoras do Observatório de Belo Horizonte apresentaram o estado da arte de suas pesquisas e ações. No fim, o grupo sentou-se à mesa para discutir a agenda conjunta para 2014.

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