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17/04/2015

Coletânea reúne conhecimentos para a segurança no trabalho de campo com animais

Fernanda Marques / Ascom Editora Fiocruz


O trabalho de muitos pesquisadores não se restringe ao laboratório. Aqueles que estudam zoonoses – doenças transmitidas por animais – estão entre os que costumam ir a campo. Suas atividades podem incluir expedições a campo para a captura de animais silvestres e coleta de amostras biológicas. No imaginário, algo associado ao senso de aventura. Na prática, tarefa fundamental à pesquisa e à vigilância ambiental e epidemiológica, exercida por profissionais continuamente expostos ao risco de infecção por bactérias, vírus e outros parasitas transmitidos por animais. Contribuir para a capacitação desses profissionais é o objetivo do livro Trabalho de Campo com Animais: procedimentos, riscos e biossegurança, lançamento da Editora Fiocruz.

Organizada pela médica Elba Lemos e pelo zoológo Paulo D’Andrea, ambos pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a coletânea é dirigida a estudantes de graduação e pós-graduação, professores, pesquisadores, profissionais da saúde e outros trabalhadores cujas atividades estejam associadas com animais no campo. “Este livro é único na literatura nacional e vem preencher uma lacuna importante sobre a biossegurança no manuseio de animais e nas diversas atividades em trabalhos de campo, já que todas as publicações disponíveis neste tema se restringem a animais de laboratório e/ou à experimentação animal”, destacam os organizadores.

A obra apresenta e discute diversos aspectos importantes para evitar acidentes e assegurar a proteção do profissional e do ambiente no trabalho de campo com animais. Riscos biológicos, biossegurança, geomedicina, primeiros socorros, zoonoses, roedores silvestres, ectoparasitas, legislação, ética, técnicas para manuseio e estudo dos animais, equipamentos de proteção, transporte e descarte de material são temas em destaque na coletânea. “O livro é composto por 14 capítulos, nos quais são abordados temas diversos que, de forma inédita, se encontram disponíveis em uma única publicação, expondo diferentes questões que constam do cotidiano do profissional que trabalha no campo, em especial com zoonoses e captura de animais”, resumem Elba e Paulo.
Os capítulos abrangem não só o trabalho de campo em si, mas também os procedimentos necessários antes e depois da expedição. “Pela sua complexidade, as atividades em campo para captura de animais vertebrados e invertebrados devem ser cuidadosamente planejadas”, lembram os organizadores. E a atenção precisa ser mantida mesmo após o retorno da expedição. Por exemplo, “o surgimento de qualquer quadro febril dentro de um período de seis semanas após a realização do trabalho de campo deverá ser considerado como suspeito de infecção ocupacional”, advertem.

A obra é dedicada à memória do virologista Hermann Schatzmayr (1936-2010), grande incentivador do livro. No prefácio que deixou para a coletânea, Hermann alertava que a espécie humana tem invadido habitats naturais de forma desordenada e imediatista, com profundas modificações no ambiente e impacto na biodiversidade, gerando um alto risco de infecção do homem por agentes patogênicos transmitidos por animais silvestres. O trabalho em campo, portanto, seria essencial para conhecer esses agentes e, ao mesmo tempo, uma atividade em que os riscos estariam sempre presentes. “Essa é a grande missão desta obra: visualizar os riscos e propor medidas que os reduzam ao mínimo possível, dentro do conceito fundamental de que nunca se alcançará o chamado risco zero, mas com a obrigação de aproximar-se ao máximo dele”, indicou o renomado cientista.

José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC/Fiocruz, e Luis Rey, médico, parasitologista e pesquisador emérito da Fiocruz, assinam a orelha e a quarta capa do livro, respectivamente.

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