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20/02/2017

Cursos de férias do Instituto Oswaldo Cruz completam dez anos

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)


A edição de verão de 2017, encerrada no dia 10 de fevereiro, marcou os dez anos dos Cursos de Férias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Em uma década, 1.726 alunos de graduação passaram pelas salas de aula e laboratórios do IOC, enquanto a iniciativa alcançou as cinco regiões do Brasil, atraindo jovens de 25 estados e do Distrito Federal. Ao todo, foram oferecidas 72 disciplinas, que contaram com a participação de 526 pós-graduandos como professores e de 109 pesquisadores como supervisores. Oferecidos pelos seis Programas de Pós-graduação do IOC, em edições de verão e inverno, os Cursos de Férias têm duração de uma a duas semanas, com aulas teóricas e práticas preparadas e ministradas por estudantes de mestrado e doutorado, supervisionados por pesquisadores, que coordenam as disciplinas.

Estudantes de cinco estados participaram do curso sobre fundamentos e aplicações da técnica de citometria de fluxo na pesquisa científica (foto: Gutemberg Brito)

 

“A cada edição, recebemos um número maior de inscrições. Neste ano, foram 1.143 candidatos para 152 vagas distribuídas em dez disciplinas. Buscamos oferecer um cardápio variado de cursos e nos preocupamos com a avaliação feita pelos alunos ao final da atividade para aprimorar as aulas. O objetivo é atrair os jovens, para que eles conheçam as linhas de pesquisa e os programas de pós-graduação do Instituto. Ao mesmo tempo, oferecemos uma oportunidade de prática de ensino para os mestrandos e doutorandos que são nossos alunos nos programas de pós-graduação”, afirma Rubem Menna Barreto, pesquisador do Laboratório de Biologia Celular e coordenador dos cursos de férias desde 2010. Quando ainda era estudante de doutorado, Rubem integrou a iniciativa desde sua primeira edição, como professor.

Primeiro passo de trajetórias científicas

Seguir a carreira científica é o objetivo de muitos graduandos que veem nos Cursos de Férias uma oportunidade de qualificação diferenciada. Na edição de verão 2017, o curso dedicado à citometria de fluxo – metodologia de alta tecnologia que permite diferenciar linhagens celulares e é muito utilizada em estudos de imunologia, parasitologia e pesquisas sobre câncer – reuniu 20 alunos, que foram selecionados a partir de 90 inscritos. Além de frequentarem cursos de graduação variados, como biomedicina, biologia, farmácia e veterinária, os estudantes vieram de diversos estados do Brasil, incluindo Pará, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Cursando o 6º período de biomedicina na Universidade Federal do Pará (UFPA), Rodrigo Arcoverde procurou a disciplina com um objetivo duplo: aprender sobre a técnica e conhecer a sede da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro. “Faço estágio em virologia e sempre ouço falar sobre a importância da citometria de fluxo, mas nunca tinha tido contato direto com a metodologia. Além disso, como quero fazer pós-graduação no Rio de Janeiro ou em São Paulo, esta foi uma oportunidade para conhecer a Fiocruz”, disse o estudante. Também interessada em prosseguir com os estudos após a graduação, a aluna do 7º período de farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiza Souto Mayor destacou a qualidade do curso. “A integração entre a parte teórica e a prática foi muito importante para aprofundar o conhecimento, e os mestrandos e doutorandos que deram as aulas foram muito didáticos. Acredito que o curso vai me dar maior autonomia para utilizar a citometria de fluxo, ampliando as minhas possibilidades no mestrado ou na residência”, acrescentou.

Curso sobre biologia celular e tráfego de vesículas foi um dos oferecidos na primeira edição de verão, em janeiro de 2008. Ao centro, de preto, Rubem Menna Barreto, que atuou como professor da disciplina (foto: Arquivo)

 

Nas dez disciplinas oferecidas na edição de verão de 2017, 60 pós-graduandos atuaram como professores, supervisionados por 17 pesquisadores. Prestes a concluir o mestrado em Biologia Parasitária, com defesa da dissertação prevista para março, Jéssica Lima teve oportunidade de vivenciar sua primeira experiência como docente. “Realizamos a preparação da apostila e das aulas teóricas e práticas, discutindo com o coordenador da disciplina. Também passamos por palestras sobre formas de ensino e dinâmica em sala de aula. Tudo isso nos ajuda no momento em que estamos diante dos alunos”, avaliou a biomédica. No segundo ano do doutorado em Biologia Celular e Molecular, Alessandro Marins considera que, além de contribuir para aprimorar as técnicas de docência, a atividade permite aprofundar conhecimentos. “Ao preparar as aulas, precisamos considerar as referências teóricas dos alunos de graduação, que são diferentes das utilizadas na pós-graduação. Isso nos obriga a revisitar livros e repensar conceitos para tentar transmitir as informações de forma didática”, comentou o biólogo.

Oportunidade para a descoberta de vocações

Ao completar dez anos, os Cursos de Férias têm sua importância destacada por estudantes que participaram das primeiras turmas e que, atualmente, concluem a pós-graduação. Aluno da primeira edição de verão, Bruno Jorge de Andrade Silva defendeu sua tese de doutorado no último dia 7 de fevereiro. Segundo ele, a disciplina cursada em janeiro de 2008 abriu caminho para a iniciação científica no Laboratório de Hanseníase, em seguida para o mestrado na Pós-graduação em Medicina Tropical e, por fim, o doutorado na Pós-graduação em Biologia Parasitária. “Os Cursos de Férias têm a grande vantagem de permitir que os estudantes pratiquem técnicas que muitas vezes não estão disponíveis nas faculdades”, ressaltou o veterinário.

Aluno do curso de verão em 2008, Bruno Andrade também atuou como professor no projeto quando se tornou aluno de doutorado (foto: Gutemberg Brito)

 

Já André Luiz Quintanilha Torres, doutorando em Biologia Computacional e Sistemas com defesa prevista para novembro deste ano, conta que descobriu sua vocação para a bioinformática na primeira edição do curso de inverno, em julho de 2007. “Encontrei uma área que unia dois interesses meus: a biologia e a informática. Na época, eu estagiava em um projeto relacionado à pesquisa sobre fungos, e o curso, que abordava questões ligadas à genética e à proteômica, me fez mudar de rumo”, afirmou o estudante, que participou da edição de verão de 2017 como professor e deu seu depoimento na recepção aos novos alunos. “Essa é uma oportunidade de entrar em contato com temais atuais de pesquisa e, talvez, descobrir aquilo que vocês querem fazer pelo resto da vida. Aproveitem”, aconselhou ele.

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