Agência Fiocruz de Notícias

Nesta sexta-feira (12/4), com o apoio do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e participação da Fiocruz, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES) e o município de São Luís de Montes Belos (GO) promoveram o seminário Dia Mundial da Doença de Chagas: Celebrando 115 anos de descoberta e compromisso com a saúde, que ocorre no próximo domingo (14/4). O evento reuniu gestores nacionais, estaduais e municipais, profissionais de saúde, lideranças comunitárias, pesquisadores e o professor emérito da Universidade Federal de Goiás (UFG), Alejandro Luquetti. O encontro teve como objetivo contribuir para fortalecer as agendas existentes com base em reflexões acerca das diferentes estratégias para a garantia de cuidado a todas as pessoas e comunidades acometidas ou sob risco da doença de Chagas.

Um dos destaques do evento foi o lançamento do projeto IntegraChagas Brasil, coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Um dos coordenadores do projeto, Alberto Novaes explicou que, ao longo desta semana, o IntegraChagas Brasil realizou capacitações no município de São Luís de Montes Belos com mais de 200 profissionais de saúde, no intuito de criar fluxos e aptidões para o trabalho de detecção, diagnóstico, tratamento e atenção integral da doença de Chagas. 

Outro destaque foi a apresentação de dados do projeto CUIDAChagas, também coordenado pelo INI/Fiocruz, acerca da triagem promovida desde a sua pesquisa de implementação. Segundo o gerente de Comunicação do projeto, Javier Abi-Saab, até a última quinta-feira (11/4), o CUIDAChagas já tinha testado 4.783 pessoas nos cinco municípios de atuação no país. Desse grupo, 84 pessoas obtiveram um resultado positivo à doença de Chagas, o que significa uma prevalência estimada de 2,3%, dado que ainda deve ser confirmado através de provas sorológicas. 

O seminário ainda permitiu que aos convidados conhecer o trabalho em relação à doença de Chagas desenvolvido pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, pela Opas e pelo MS. Segundo a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim, Goiás vem assumindo grande protagonismo na construção de políticas públicas direcionadas à doença de Chagas, em especial à vigilância de casos crônicos da doença e a testagem para a doença no pré-natal e nas crianças expostas. “Além dissom, há o apoio ao desenvolvimento de importantes pesquisas para o país, incluindo o projeto IntegraChagas Brasil (desenvolvida no município sede deste evento – São Luís de Montes Belos) e o projeto CUIDA Chagas (realizado no município de Paraúna), ambos vinculados ao Ministério da Saúde do Brasil e selecionados a partir do contexto de vulnerabilidade para a doença de Chagas crônica”, destacou Flúvia.

A secretária de Saúde de São Luís de Montes Belos, Adriana Pepel Dib, ressaltou para todos os presentes a importância da pesquisa para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na melhoria do acesso ao diagnóstico para doença de Chagas. “Para nós, é motivo de muita honra sediar um evento com a presença do professor Luquetti, um dos maiores pesquisadores do mundo, e poder, a partir da chegada do projeto IntegraChagas Brasil, melhorar o atendimento às pessoas com doença de Chagas de nosso município, doença descoberta há 115 anos por outro grande cientista Brasileiro, Carlos Chagas”.

O coordenador-geral de vigilância de zoonoses e doenças de transmissão vetorial da Secretária de Vigilância de Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Francisco Edilson Ferreira de Lima Júnior, apresentou as iniciativas do Governo Federal para o controle da doença em todo território nacional, a exemplo da notificação da doença de Chagas crônica e iniciativas como os projetos Integra Chagas Brasil e CUIDA Chagas Brasil, que vem desenvolvendo ações de acesso ao diagnóstico precoce por meio de teste rápido e o desenvolvimento de linha de cuidado para as pessoas que convivem com esta doença.

Para a oficial nacional de Doenças Negligenciadas da Opas, Sheila Rodovalho, reunir em o mesmo espaço, academia, instituições internais, governo, associações comunitárias de pessoas com doença de Chagas e os profissionais de saúde, indica que no município não existe negligência para a doença. “Quando a gente quer mobilizar, a gente consegue. Com a força de vontade, conseguimos ações que proporcionam políticas públicas realmente eficazes. Apesar de ser considerada pela [Organização Mundial da Saúde] OMS uma doença negligenciada, eu vejo que no Brasil, no município de São Luís de Montes Belos, no Estado de Goiás, a gente não pode considerar doença de Chagas uma doença negligenciada. A Opas sempre irá apoiar iniciativas como estas”, concluiu.