Agência Fiocruz de Notícias

Em uma manhã de homenagens, agradecimento e compromissos com a saúde pública, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, recebeu da Fiocruz o título de doutor honoris causa pelo presidente da Fundação, Mario Moreira. O sanitarista, egresso da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) é o sétimo a receber o título, o mais importante outorgado pela Fiocruz para quem trabalha pelas melhorias de vida da população. Em discurso na cerimônia realizada nesta sexta-feira (8/12), Barbosa agradeceu a honraria, relembrou sua trajetória, com forte relação com a Fundação, destacou ações da Opas e desafios da saúde global,, como preparação para pandemias, e reforçou seu comprometimento em diminuir as iniquidades no acesso aos serviços de saúde na região. 

“Minha história com a Fiocruz começou nos anos 1980, na Ensp/Fiocruz para formar sanitaristas do país inteiro. Depois fiz a formação em epidemiologia e, a partir daí, descobri que saúde pública era a minha vocação. Além disso, tivemos vários momentos de estabelecer uma parceria estratégica no fortalecimento do sistema único de saúde no Brasil”, disse Barbosa, que agradeceu ainda aos colegas com quem trabalhou: “Cada um tem experiências de equipes, que, com seu compromisso, respondem a desafios para construir uma saúde universal”.

Barbosa se disse honrado com o título, destacou o papel da Fundação no país e na região e as parcerias estabelecidas ao longo de sua carreira,: “A Fiocruz é uma das instituições de saúde pública mais reconhecidas do mundo, tem um papel de liderança técnica em várias áreas, como na na pesquisa básica, na produção de medicamentos e vacinas. Creio que (o título) fortalece ainda mais meus vínculos com a instituição”, assinalou ele.

O diretor da Opas citou dois exemplos recentes dessa relação de parceria entre a Fiocruz e sua trajetória na Opas, além do trabalho dos Centros Colaboradores da Opas/OMS: a Fundação como plataforma para o primeiro treinamento para detecção do Sars-CoV-2 a profissionais da América do Sul e o projeto da vacina de mRNA em que a Fiocruz foi selecionada e é um dos mais avançados hoje. “Exemplo da seriedade, compromisso e qualidade que tem nessa instituição”, disse ele. 

Presidente da Fiocruz, Mario Moreira enfatizou a importância da honraria e destacou a trajetória de Barbosa em prol da saúde pública no país, na região e no mundo. “Jarbas entra em um grupo seleto de sete homenageados com essa que é a maior titulação concedida pela Fiocruz a quem tenha uma carreira direcionada a melhoria das condições de vida e da saúde da população brasileira”, destacou Moreira. “Você encarna essa figura, o perfil de um sanitarista que entende de saúde pública na perspectiva local, nacional e, com a ida para a Opas, está colocando toda sua capacidade técnica-intelectual a favor da saúde na região”.

Moreira explicou que o título concedido nesta sexta-feira faz parte de um momento em que a Fiocruz busca restabelecer o conceito de honrarias - a última premiação foi dada em 2019. “Agora, como doutor desta instituição, Jarbas, você nos ajuda no nosso desenvolvimento institucional e sempre será um conselheiro diferenciado dessa instituição comprometida com os propósitos da Organização Pan-Americana da Saúde”. 

Representando na cerimônia o Conselho Deliberativo da Fiocruz, a diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Tania Araújo Jorge, apresentou a trajetória de Barbosa, destacando seu trabalho em prol da diminuição das iniquidades, sua carreira nacional e internacional de referência e seu papel na pandemia de Covid-19, ao liderar os esforços de enfrentamento à crise, como o lançamento de uma plataforma para expandir a produção de vacinas de mRNA na região das Américas. 

A cerimônia contou com a presença de autoridades da Opas, como da representante da organização no Brasil, Socorro Gross, do Ministério da Saúde, como a diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Alda Maria da Cruz, e de representantes do Ministério das Relações Institucionais, da Abrasco, do DNDi, do Conselho Nacional de Saúde, da PUC-Rio, entre outras. Os ex-presidentes da Fiocruz, Paulo Buss e Paulo Gadelha, também participaram do evento. 

Ao final da homenagem, houve uma apresentação do Ballet de Manguinhos, que teve um número em homenagem ao frevo de Pernambuco, estado natal de Jarbas Barbosa. 

Aprendizados

Em sua fala, Jarbas Barbosa salientou como os aprendizados com a pandemia de Covid-19 levam a uma necessidade de reposicionar a saúde pública na América Latina, de uma reflexão sobre o que se deve fazer para construir sistemas de saúde mais resilientes, com uma atenção primária fortalecida, capaz de promoção de saúde, integrando vigilância e prevenção. Além disso, tratou do tema da preparação para outras pandemias, destacando a importância da mobilização de recursos e do novo acordo pandêmico. “Se não resolvermos o acesso equitativo a medicamento e vacinas, é como se não tivéssemos aprendido com as 3 milhões de pessoas que morreram nas Américas com essa pandemia”, enfatizou ele. 

Trajetória 

Doutor em Saúde Pública pela Universidade de Campinas (Unicamp) e especialista em Saúde Pública e Epidemiologia pela Ensp/Fiocruz, Jarbas Barbosa ingressou na Opas em 2007. Antes de ser eleito diretor, em setembro do ano passado, foi presidente do Comitê Executivo, vice-presidente do Conselho Executivo e subdiretor da organização, liderando ações como a força-tarefa para a vacinação contra a Covid-19 nas Américas.  

Barbosa também teve importantes passagens pelo Ministério da Saúde. Foi diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2015 a 2018; secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, em 2015; duas vezes secretário de Vigilância em Saúde, de 2003 a 2006 e de 2011 a 2015; secretário executivo, de 2006 a 2007; e diretor do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi), de 1997 a 2003. Atuou também como secretário estadual de saúde em Pernambuco e como docente da Universidade de Pernambuco (UPE).  

Sete outorgados com o título

O título de doutor honoris causa da Fiocruz é concedido a personalidades nacionais ou internacionais que tenham contribuído de modo notável para a humanidade, o país ou que tenham prestado relevantes serviços à Fiocruz. Jarbas Barbosa foi o sétimo a receber este título, uma decisão por unanimidade do Conselho Deliberativo em junho deste ano. O primeiro outorgado foi o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, em 2004. 

Além de Lula e Jarbas Barbosa, receberam também: Ciro de Quadros, Giovanni Berlinguer, Hésio Cordeiro, Maria Isabel Rodrigues e Paulo Ferrinho.