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10/07/2009

Discussão política e científica marcou último dia de simpósio

Fernanda Marques*


O papel da ciência, da tecnologia e da inovação sobre as políticas de saúde de países em desenvolvimento foi o tema da última conferência do Simpósio Internacional Comemorativo do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, que terminou nesta sexta-feira (10/7), no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Após introdução do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães, a conferência foi proferida pelo diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e ex-diretor de Programa de Doenças Tropicais (TDR/OMS), Carlos Morel. "Desenvolvimento traz saúde. Ninguém duvida. Mas investir em saúde é importante inclusive de um ponto de vista estritamente econômico: saúde também traz desenvolvimento", disse o conferencista.


 Morel: foco na inovação em saúde (Fotos: Gutemberg Brito/IOC) 

 Morel: foco na inovação em saúde (Fotos: Gutemberg Brito/IOC) 


Morel destacou como a doença de Chagas é um problema que atinge as Américas, especialmente o Brasil. Ressaltou, também, a importância da inovação em saúde para combater esse problema, sublinhando o papel que a articulação em rede e as parcerias público-privadas desempenham nesse sentido. Em relação ao trabalho da Fiocruz, citou algumas iniciativas de sucesso, tais como a parceria com a Genzyme, empresa privada com a qual a Fundação firmou um acordo de pesquisa e desenvolvimento para doenças negligenciadas. Em doença de Chagas, as ações do acordo incluem a identificação de possíveis alvos contra o Trypanosoma cruzi por meio de ferramentas de genômica e bioinformática e a síntese de pequenas moléculas com potencial terapêutico. "As duas instituições estão se fortalecendo com esse intercâmbio", garantiu Morel.


 Cerca de 750 participantes acompanham as atividades do simpósio (Foto: Gutemberg Brito/IOC) 

 Cerca de 750 participantes acompanham as atividades do simpósio (Foto: Gutemberg Brito/IOC) 


Após a conferência, houve a cerimônia de encerramento do simpósio, marcada pela entrega de medalhas aos autores dos melhores pôsteres apresentados durante o evento, em 11 categorias: História, Ecoepidemiologia, Vetor, Parasitos, Saúde, Patogênese, Resposta imunológica, Vacina, Terapia, Diagnóstico e Educação. Os trabalhos foram julgados pelo comitê científico do simpósio e por especialistas convidados das respectivas áreas temáticas. Pesquisadores da Fiocruz foram contemplados em 14 dos 23 trabalhos premiados, em nove das 11 categorias. Para conhecer os trabalhos premiados, clique aqui.


 Dos cerca de 300 pôsteres apresentados durante o simpósio, 23 foram premiados em 11 categorias 

Dos cerca de 300 pôsteres apresentados durante o simpósio, 23 foram premiados em 11 categorias 





Durante a cerimônia de encerramento, também houve homenagem ao comitê científico do simpósio e entrega de certificados aos vencedores do prêmio Centenário da descoberta da doença de Chagas: um toque de arte, promovido pela Fiocruz. A imagem vencedora, intitulada Montanhas vivas, é de autoria de Helene Santos Barbosa e Rubem Menna-Barreto. O segundo lugar ficou com Gutemberg Brito, pela imagem Hematofagia em perspectiva. E a terceira imagem classificada foi a Triatoma tibiamaculata: um vetor negligenciado da doença de Chagas mostra a sua cara, de autoria de Cleber Galvão Ferreira. Os três premiados são do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).


 Comitê científico do simpósio foi homenageado ao final do evento 

Comitê científico do simpósio foi homenageado ao final do evento 


Na tarde de sexta-feira, especialistas do Brasil e do exterior apresentaram abordagens promissoras sobre vacinas e novas terapias contra a doença de Chagas. A parte da manhã foi marcada por palestras sobre os mecanismos da doença de Chagas, o possível papel de micróbios co-infectantes além do Trypanosoma cruzi na cardiopatia chagásica crônica e os aspectos celulares e genéticos envolvidos nas respostas imunológicas ao parasito. Houve, ainda, uma conferência sobre novos alvos celulares para desenvolvimento de drogas contra a enfermidade. Cerca de 750 participantes acompanharam as palestras, conferências, mesas-redondas e apresentações de painéis que abordam a temática da doença em seus variados aspectos. 


O simpósio discutiu novidades a respeito de fármacos, tratamentos, possíveis vacinas e outras abordagens científicas de ponta. Mas também serviu de palco para que os pacientes chagásicos, em geral pessoas pobres e que enfrentam preconceitos, transmitissem o seu recado e apresentassem a luta que travam contra a enfermidade. As duas associações de pacientes presentes ao evento anunciaram a organização, em outubro, de uma reunião que dará partida à constituição de uma federação que congregará as instituições, que se mantêm com dificuldades.


Cerimônia de encerramento premia melhores trabalhos apresentados no simpósio



Associações de pacientes se unem para combater preconceitos e reivindicar


Outros microrganismos infectantes, além do T. cruzi, e tecido adiposo podem ter papel importante na doença de Chagas



Eficácia do tratamento de pacientes chagásicos crônicos é debatida por especialistas


Nova linhagem ancestral do T. cruzi é apresentada em palestra


Trabalho analisa aspectos do comportamento sexual do Triatomas brasiliensis


Transmissão da doença de Chagas por meios alternativos é alvo de estudos


Estudos genéticos podem ajudar a prever a cardiomiopatia em chagásicos


Qualidade de vida para pacientes chagásicos


O paradoxo da fotofobia dos vetores da doença de Chagas e suas consequências


Trabalhos trazem novos conhecimentos sobre comportamento dos triatomíneos


Estratégias de combate ao vetor da doença de Chagas


Pesquisador argentino traz experiência de duas décadas no estudo de barbeiros


Pesquisador venezuelano discute novas drogas para a doença de Chagas no último dia do simpósio



Leia textos publicados em 9 de julho sobre o simpósio internacional


Leia textos publicados em 8 de julho sobre o simpósio internacional


Leia textos publicados em 7 de julho sobre o simpósio internacional


* Colaboraram Pamela Lang e Ricardo Valverde


Publicado em 10/7/2009.

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