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14/08/2013

Dissertação mostra que homicídios tornaram-se um problema de saúde pública no Mato Grosso do Sul

Informe Ensp


“Os homicídios têm sido responsáveis pelo aumento da mortalidade relacionada à violência no Brasil e são importante problema de saúde pública. A fronteira internacional é uma região considerada vulnerável do ponto de vista da segurança pública, por ser altamente visada para a realização de atividades ilícitas, como contrabando e tráfico de drogas e de armas. A fronteira Brasil-Paraguai é considerada uma das mais ativas e, também, críticas em segurança e violência”. A conclusão é do aluno Alberto Jungen Wider, que defendeu, em 30 de julho, sua dissertação de mestrado profissional em saúde pública na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). O objetivo da pesquisa foi verificar a existência de um diferencial do risco de mortalidade por homicídios na região da fronteira internacional do Brasil com o Paraguai no Mato Grosso do Sul, identificando os seus principais determinantes, no período de 2005 a 2010.

Fronteira entre Brasil e Paraguai na altura das cidades de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.
 

Segundo Wider, trata-se de um estudo de correlação ecológica com base de dados secundários de mortalidade por agressões em Mato Grosso do Sul, enfocando a fronteira internacional. Para isso, ele se utilizou de dados disponíveis sobre óbitos captados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), de indicadores demográficos, socioeconômicos e de cobertura de saúde no banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS) e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Verificou-se que os municípios da linha de fronteira possuem os piores indicadores socioeconômicos e as maiores taxas de homicídios em relação aos outros municípios da faixa de fronteira e de fora dessa faixa para a população geral, em ambos os sexos, para a população na faixa etária de 15 a 24 anos e para a população indígena”, informou. Na análise de risco relativo, conforme observou o estudo de Wider, o risco para o sexo masculino na faixa etária de 15 a 24 anos foi 18% maior nos municípios da faixa de fronteira em relação aos de fora dessa faixa.
 
O aluno fez uma análise espacial sobre a questão e mostrou que as maiores taxas de homicídios localizam-se nos municípios da linha de fronteira internacional (sete municípios com quatro cidades gêmeas) com o Paraguai, em municípios da região central do estado, no entorno da rodovia BR-463, que faz fronteira com o Uruguai, em direção à capital Campo Grande e ao Estado de São Paulo, e na porção sul de Mato Grosso do Sul, no entorno da rodovia MS 164, formando um corredor na direção ao Estado do Paraná. Wider considera que a pesquisa pode contribuir com elementos importantes para a compreensão das causas externas de mortalidade, particularmente as agressões/homicídios, e o planejamento de medidas estratégicas direcionadas à prevenção das violências, com a finalidade de modificar o atual cenário.
 
Para análise de tendência, explicou Wider, foram usadas, na pesquisa, duas categorias geográficas (fronteira e fora da fronteira), além do método bayesiano empírico local de suavização para controlar as flutuações aleatórias das taxas de homicídios, e a avaliação de risco relativo com tabelas de contingência para avaliação de exposição na região da faixa de fronteira em relação à região fora da fronteira. O aluno tem graduação em pedagogia pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Ponta Porã (MS), em 1996, e em enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1983. Atualmente é enfermeiro da Secretaria Municipal de Saúde/Estratégia de Saúde da Família de Ponta Porã, com experiência em gestão hospitalar.

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