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01/04/2007

Luís Rey

Enfim, na Fiocruz

Fernanda Marques


Nessa época, o Supremo Tribunal Federal, após 15 anos de processo, já havia anulado a demissão de Rey da USP, mas ele não voltou para a universidade. Seu próximo endereço profissional seria a Fiocruz, inicialmente como chefe do Departamento de Helmintologia do IOC, na década de 80.


Rey posa ao lado do diploma de Pesquisador Emérito da Fiocruz. Foto: Ana Limp.

 

“Eu conhecia o Rey desde quando ele era do grupo do Pessoa, na USP. Depois, fui de um comitê de epidemiologia de doença de Chagas da OMS e, sistematicamente, visitava o Rey em Genebra. Quando vim para a Fiocruz, a instituição precisava ser repovoada. Trouxemos boas cabeças para cá e uma delas foi o Rey”, conta Coura.

Quando Sergio Arouca assumiu a Presidência da Fiocruz, chamou Rey para dirigir o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). “Vesti a camisa, embora não fosse minha especialidade”, pondera. Para agilizar o trabalho, substituiu a datilografia por um computador central com terminais na recepção e nos laboratórios, além de ter investido – e muito – no treinamento da equipe. “Em pouco tempo, o número de laudos mais do que dobrou”, orgulha-se. Coura concorda que Rey fez um excelente trabalho. “Homem internacional e pacífico, Rey conseguiu equilibrar o instituto. A vinda dele foi uma enorme sorte para a Fiocruz”, avalia.

Ao considerar sua missão cumprida no INCQS, manteve a chefia do Departamento de Biologia do IOC, mas teria que deixá-la, visto que a Constituição de 1988 determinara a aposentadoria compulsória de funcionários públicos com mais de 70 anos. Contudo, não estava nos seus planos sair da Fiocruz.

Continuou orientando jovens pesquisadores e participando de estudos – até 1990, no Departamento de Biologia e, depois, no Departamento de Medicina Tropical. Neste funciona o Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios, antigo Laboratório de Biologia e Controle da Esquistossomose, fundado por Rey.

Além de uma carreira profissional invejável, ao lado de Dora, Rey construiu numerosas amizades e uma bela família. São três filhos médicos (Heloísa em Brasília, Luís Carlos em Fortaleza e Clara no Rio) e oito netos – três no Rio, dois em São Paulo, dois na Venezuela e um na Suíça. Rey e Dora ainda não têm bisnetos. “Foram oito netos homens. Agora poderia vir uma bisnetinha”, derrete-se ele, que em março de 2008 completará nove décadas de uma vida nada monótona.

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