16/03/2015
Depois de seis anos cuidando da captação de recursos para projetos da Casa de Oswaldo Cruz (COC), o Escritório de Captação tem um novo desafio pela frente: levar a bem-sucedida experiência para toda a Fiocruz. Entretanto, no início, a ambição era menor: Luís Fernando Donadio, atual coordenador do escritório, desejava apenas aplicar os conceitos estudados para sua tese Captação de Recursos para museus de ciências no Brasil em um dos projetos da COC, o museu itinerante Ciência Móvel. O sucesso da empreitada foi a oportunidade vislumbrada pela direção da Casa para criar um setor específico para esse fim.
O projeto Ciência Móvel recebeu o apoio do Escritório de Captação (Foto: Ascom COC)Assim, em julho de 2008, nasceu o Escritório de Captação da COC e, com ele, a tarefa de construir, implantar e consolidar um modelo de captação para projetos culturais da unidade. A aceitação veio gradualmente: “Houve alguma resistência, mas foi superada com o tempo e o desenvolvimento da área”, conta Donadio. O trabalho consiste em organizar um plano de captação, que compreende desde a chamada para novos projetos, até o gerenciamento das entregas, a prestação de contas e o resultado final. As conquistas logo apareceram. “De julho de 2008 a julho de 2014, apresentamos 30 projetos e conseguimos captar para 24 deles”, comemora o coordenador.
(Leia aqui entrevista exclusiva com o coordenador Luís Fernando Donadio)
Em dezembro de 2012, a Vice-Presidência de Gestão e Desenvolvimento Institucional (VPGDI) apresentou mais um desafio à equipe do escritório: levar a experiência da COC para todas as unidades da Fiocruz. O setor construiu um plano de expansão gradativa, estabelecendo um novo recorte para a atuação e a definição das fontes de recursos. “Também apontamos para quais projetos podemos vir a captar e de quais fontes poderemos demandar, num futuro próximo, mas esta ampliação depende em boa medida dos projetos que receberemos e do fortalecimento da nossa estrutura", frisa.
Atualmente, o Escritório capta recursos diretos e relacionados às leis de incentivo (incentivados) e tem como parceiros potenciais a iniciativa privada, estatais, agências internacionais, fundações e a promoção de eventos estratégicos. A previsão é que, até 2016, as ações sejam ampliadas para captação em emendas parlamentares, legados (bens e herança), endowments (fundos relacionados a uma causa) e programas de pessoas físicas. No momento, o trabalho se concentra nos projetos culturais e sociais, mas existe intenção de aumentar esse escopo no futuro: “Pretendemos abrir novas frentes, como esporte, educação, meio ambiente, pesquisa e fazer parcerias que viabilizem tecnologias desenvolvidas por nossos pesquisadores. Gradativamente, chegaremos lá", afirma.
Projetos contemplados
Dos projetos que receberam o apoio do Escritório de Captação, Donadio destaca o Ciência Móvel, o Centro de Documentação em História da Saúde (CDHS) e o Jantar à Vida. Segundo o chefe do Escritório, a qualidade da estruturação do projeto e os elementos diferenciais de cada um foram cruciais para garantir uma captação bem sucedida.
O projeto Jantar à Vida, do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), também foi contemplado (Foto: Ascom IFF)“O grande mérito do projeto de captação do Ciência Móvel é que ele conseguiu construir um programa de parceiros estratégicos de longo prazo” disse Donádio. O primeiro parceiro (a empresa farmacêutica Sanofi) permanece financiando o projeto. Outro apoiador de longo prazo é a IBM. “O Ciência Móvel já é uma ação prevista no plano orçamentário anual destas empresas”, comemora.
O CDHS, complexo que vai reunir os acervos científicos e culturais da saúde sob a guarda da COC, foi o projeto de maior captação. Diferentemente do Ciência Móvel, o CDHS tem início, meio e fim, e já teve o seu auge de captação. “Havia um bom potencial de captação e a parceria estratégica que fechamos com a agência publicitária F. Nazca e a TV Globo pode estimular a entrada de parceiros”, explica o coordenador do escritório.
O Jantar à Vida faz parte do programa de captação do Núcleo de Apoio a Projetos Educacionais e Culturais (Napec), que desenvolve atividades de leitura, educação informal, jogos multimídias, entre outras, para pacientes em situação de internação hospitalar ou atendimento ambulatorial no Instituto Fernandes Figueira. Seus objetivos são inserir uma ação pontual de mobilização de recursos na agenda da Fiocruz; tornar o projeto conhecido interna e externamente; e lançar o programa de captação “Amigos do Napec” para atrair a atenção de pessoas físicas que contribuam com projetos da Fiocruz, seja por recursos diretos, indiretos ou incentivados: “Esse é um dos caminhos que esperamos percorrer daqui para frente”, afirma Donadio.
Como utilizar
O Escritório de Captação recebe projetos a partir de duas chamadas anuais, que acontecem nos períodos de agosto a setembro, e de janeiro a fevereiro. Depois de submetido pelo e-mail projetodecaptacao@fiocruz.br, o projeto é avaliado por um comitê técnico. Depois, é enviado ao Conselho Deliberativo da Fiocruz, que decide se integrará ou não o sistema. Se aprovado, é formatado em um plano de captação.
Como o ciclo de vida da captação dura de um ano a dois, é importante que o planejamento seja feito antecipadamente, como explica Donadio: "Se eu tenho um projeto previsto para se realizar em 2016, tenho que começar o ciclo de captação ainda no segundo semestre de 2014, para que tenhamos o tempo necessário para cumprir todas as etapas, até que ele seja viabilizado.”.
Além das chamadas anuais, o Escritório de Captação vai passar a prospectar editais nacionais e internacionais e divulgar essas oportunidades pelos canais de comunicação da Fiocruz. Os interessados poderão apresentar projetos que se adequem a algum desses editais durante o ano todo.
*Este texto foi publicado originalmente na edição nº22 do jornal Linha Direta, órgão de comunicação interna da Fiocruz.