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13/11/2014

Esporotricose


A doença / Agente causador

Causada por fungos do gênero Sporothrix, a esporotricose é uma micose que pode afetar animais e humanos. Desde o final da década de 1990, no Estado do Rio de Janeiro, tem sido grande a ocorrência da doença em seres humanos e animais, especialmente em gatos.

Transmissão

O fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Embora a esporotricose já tenha sido relacionada a arranhaduras ou mordeduras de cães, ratos e outros pequenos animais, os gatos são os principais animais acometidos e podem transmitir o fungo para os seres humanos por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada. Não há registro de casos de transmissão da doença entre seres humanos.

Sintomas

Nos gatos, as manifestações clínicas da esporotricose são variadas. Os sinais mais observados são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, geralmente com pus e sangue, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. A esporotricose está incluída no grupo das micoses subcutâneas.

No ser humano, a doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com um pequeno caroço vermelho, que pode virar uma ferida. Geralmente aparecem nos braços, nas pernas ou no rosto, às vezes formando uma fileira de carocinhos ou feridas.

Prevenção

Caso seu animal seja diagnosticado com a doença, uma boa higienização do ambiente pode ajudar a reduzir a quantidade de fungos dispersos e, assim, novas contaminações. É também importante não manusear demais o animal, usar luvas e lavar bem as mãos. Em caso de morte dos animais doentes, não se deve enterrar os corpos, e sim incinerá-los, para evitar que o fungo se espalhe pelo solo. Também é aconselhável isolar o gato do contato com outros animais, separando-o num ambiente próprio, para que receba os cuidados de que necessita sem comprometer a saúde dos outros bichos da casa.

Diagnóstico

Como pode ser confundida com outras doenças de pele, o ideal é procurar um dermatologista para fazer o diagnóstico adequado. O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) atende pessoas com doenças infecciosas e parasitárias, inclusive da pele. Porém, para ser atendido é necessário comparecer ao ambulatório portando um encaminhamento médico que especifique a razão do atendimento. Se há alguma lesão, o paciente pode comparecer até as 10h no Ambulatório do INI (às terças, quartas e quintas-feiras) e, tendo vaga, haverá atendimento. Para informações, ligue para (21) 3865-9506.

Já o animal com suspeita de esporotricose deve ser levado para avaliação de um médico veterinário. Há atendimentos veterinários de baixo custo e alguns gratuitos. No município do Rio de Janeiro, o animal pode ser encaminhado à Unidade Jorge Vaitsman de Medicina Veterinária da Prefeitura do Rio de Janeiro, que realiza o diagnóstico e tratamento dessa zoonose. Para mais informações, acesse o site.

Tratamento

O tratamento recomendado, na maioria dos casos humanos e animais, é o antifúngico itraconazol, que deve ser receitado por médico ou veterinário. A dose a ser administrada deve ser avaliada por esses profissionais, de acordo com a gravidade da doença. Mas, dependendo do caso, outros fármacos podem ser usados. Reforçamos: a administração do medicamento só deve ser feita após avaliação médica ou veterinária. Dependendo do caso, o tratamento pode durar meses ou mais de um ano. É muito importante que o tratamento seja seguido à risca.

Esporotricose ao longo da história

A esporotricose, causada pelo fungo dimorfo Sporothrix schenckii, foi descrita pela primeira vez por Benjamin Schenck no Estados Unidos em 1898. É a micose subcutânea mais comum na América Latina e na África do Sul. Sua ocorrência é bastante rara nos países europeus, tendo sido reportados cerca de 50 casos nos últimos 30 anos.

Panorama da doença no Brasil

No Brasil, os primeiros casos de esporotricose em seres humanos e ratos foram descritos pelos pesquisadores Adolpho Lutz e Alfonso Splendore em 1907. A esporotricose é considerada rara na forma de zoonose, ou seja, quando transmitida do animal para o homem. A doença era comum em jardineiros, agricultores ou pessoas que tivessem contato com plantas e solo em ambientes naturais onde o fungo pudesse estar presente em materiais orgânicos. Até 1998, a fonte de infecção era ambiental e o número de casos registrados não passava de dez por ano. Os pacientes eram provenientes, sobretudo, dos municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti e Nova Iguaçu.

Porém, desde o final da década de 1990, no estado do Rio de Janeiro, a ocorrência da doença em animais, especialmente em gatos, e sua transmissão para humanos assumiram proporções epidêmicas. De lá para cá, mais de 4 mil gatos e 200 cães com esporotricose já foram diagnosticados no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), assim como já foram verificados mais de 2.200 casos em humanos.

O papel da Fiocruz

O Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) realiza estudos sobre os métodos de diagnóstico e tratamento dessa micose em um número limitado de cães e gatos. Porém, por se tratar de uma instituição de pesquisa, somente os animais que se enquadram em projetos de pesquisa clínica em andamento no Lapclin-Dermzoo são atendidos e tratados, mediante a disponibilidade de vagas. Os casos que não se enquadram nos estudos do Instituto são encaminhados para outras instituições que oferecem atendimento veterinário, como por exemplo a Unidade Jorge Vaitsman de Medicina Veterinária da Prefeitura do Rio de Janeiro.  

Texto revisado pelo pesquisador:
Sandro Pereira, chefe do Laboratório de Dermatozoonosesdo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz)

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