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04/12/2017

Estudo avalia empoderamento social de catadores de resíduos

Eduardo Gomes (Fiocruz Amazonas)


As redes vivas no trabalho dos catadores e catadoras de resíduos sólidos no município de Manaus (AM) é o título da dissertação da mestranda Denise Rodrigues Amorim, do Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazonas), apresentada na última quinta-feira (30/11), sob orientação do Júlio Schweickardth.

O objetivo do estudo foi investigar as redes vivas no trabalho dos catadores e catadoras de resíduos sólidos ligados a uma Associação de Catadores, organizados em torno do Movimento Nacional dos Catadores de Resíduos Sólidos (MNCR).

Segundo Denise, “o desenvolvimento desta pesquisa, a partir do estabelecimento de vínculo com os catadores, permitiu acompanhar o cotidiano de trabalho e de vida, conhecer as motivações e desafios da organização política destes atores, mapear as redes vivas construídas a partir do cotidiano do trabalho, permitindo a análise da rede social de agenciamento e encontros”.

A mestranda explica que o estudo foi norteado pela questão de pesquisa: “Que redes vivas são construídas no trabalho por catadores e catadoras de resíduos sólidos, organizados em uma associação?”. Outro questionamento levantado durante a defesa foi “como a saúde pode olhar para esse grupo social invisibilizado, compreendendo as suas lógicas de trabalho, de tempo, de vida, e pensar estratégias para também fazer parte das suas redes vivas promovendo o cuidado desses sujeitos?”.

Metodologia

A abordagem cartográfica foi o método utilizado no trabalho, no intuito de ampliar a visão sobre as produções de vida dos sujeitos e mapear a realidade dos catadores. O estudo pretende contribuir com a visibilidade e o empoderamento social e político destes trabalhadores.

“O trabalho foi desafiador, do ponto de vista do método da cartografia, que nos exige uma implicação com os sujeitos de pesquisa. Como eu já venho de uma caminha na educação popular, e sou muito sensível com a questão da participação social, foi um exercício muito rico para mim”, destacou Denise.

Para ela, o estudo pode ainda colaborar com o fortalecimento da organização política e o protagonismo dos catadores enquanto movimento social, na inclusão sócio produtiva, no estímulo à participação social bem como subsidiar atuais e futuras políticas públicas no campo da Saúde Coletiva.

Schweickardth destacou a importância da devolutiva dos resultados obtidos, uma vez que a apresentação foi realizada para os próprios catadores, no galpão da Associação Nova Recicla, zona Leste de Manaus. “Acredito que isso deveria ser um exercício de todos os trabalhos e pesquisas, de assumir esse compromisso com comunidades, com os sujeitos, com grupos, pois essa é uma responsabilidade social nossa como pesquisadores. A gente acaba indo além da pesquisa, articulando também ações que vão beneficiar o grupo. No caso da Denise, ela conseguiu que principalmente as mulheres voltassem a fazer o preventivo, cuidassem mais da saúde. Esses são os desdobramentos da pesquisa", destacou.

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