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10/08/2021

Evento debate relevância de cooperações internacionais para enfrentar a pandemia

Javier Abi-Saab (Agência Fiocruz de Notícias)


“Acredito que a palavra chave é a interdependência. Ninguém pode estar a salvo enquanto todos não estivermos. A cooperação internacional deve ter isso como princípio”, afirmou Nísia Trindade Lima durante o debate Lições sendo aprendidas da pandemia Covid-19: a importância das colaborações internacionais, evento promovido pela Innovation and Science Diplomacy School (InnSciD), que aconteceu nesta terça-feira (10/8). O painel juntou autoridades de saúde e cientistas do Brasil e da África do Sul para compartilhar experiências sobre o combate à pandemia Covid-19 e destacar a importância das relações internacionais para conter a disseminação da doença.

“Acredito que a palavra chave é a interdependência. Ninguém pode estar a salvo enquanto todos não estivermos. A cooperação internacional deve ter isso como princípio”, afirmou Nísia Trindade Lima (imagem: Divulgação)

 

Durante a sua apresentação, a presidente da Fiocruz reconheceu o importante papel que a cooperação científica internacional tem tido no enfrentamento à pandemia da Covid-19, mas destacou que ainda não é suficiente para os desafios que temos. “Covid-19 tem criado mais do que uma emergência de saúde, também criou uma crise do desenvolvimento sustentável. A doença tem feito visíveis velhos e novos desafios revelando a interface entre o mundo biológico, econômico e social”, disse Nísia, apontando a Folha de Rota para a Recuperação da Covid-19 da Organização das Nações Unidas (ONU) como um marco que reconhece as iniquidades globais e empodera a ciência no suporte a uma melhor recuperação sócio-econômica e um futuro mais equitativo, sustentável e resiliente.

A presidente da Fiocruz apresentou as principais ações realizadas pela instituição para o enfrentamento da Covid-19, destacando: o Observatório da Covid-19; a abertura de chamadas públicas para iniciativas que aumentem a resiliência em comunidades vulnerabilizadas; o treinamento de profissionais da América Latina; a produção da vacina em parceria com a Astra-Zeneca; e a participação em pesquisas de efetividade como Paquetá Vacinada e Vacina Maré.

Um balanço das relações norte-sul foi trazido ao painel por Salim Abdool Karim, da Universidade de Columbia, para quem a cooperação internacional tem permitido os avanços científicos numa velocidade inacreditável, mas ao mesmo tempo, a nível social, a lógica de mercado tem perpetuado iniquidades já existentes. “O mundo está distribuindo vacinas baseado em forças de mercado, o que impede o acesso aos países com pouco dinheiro. Não podemos chegar a uma outra pandemia em um mundo em que as forças do mercado determinem a distribuição dos insumos prioritários para a vida”, afirmou Salim reforçando que qualquer parceria deve procurar melhorar a equidade entre as partes e evitar o colonialismo.

Para finalizar o evento, Mauro Martins Teixeira, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais reforçou a importância do investimento contínuo em ciência e tecnologia para conseguir uma verdadeira evolução das iniquidades globais. “Não é uma opção diminuir os fundos atuais para a cooperação internacional. Precisamos estar prontos para os próximos problemas e não simplesmente responder a eles”, disse o pesquisador para quem as redes colaborativas são lentas para construir, mas são a base para o qualquer ação efetiva frente a problemas complexos.

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