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05/10/2016

Evento do Icict/Fiocruz discute "novo ecossistema midiático"

André Bezerra (Icict/Fiocruz)


Como qualificar a experiência do jornalismo em um ambiente global marcado por uma profunda crise nos modelos profissionais de comunicação? Essa foi uma das questões debatidas durante aula aberta no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), com o professor convidado João Figueira, jornalista e pesquisador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século 20 (CEIS 20) da Universidade de Coimbra.

Visita do representante da Universidade de Coimbra fez parte de uma agenda que visa a construção de uma parceria técnico-científica com a Fiocruz (Foto: Raquel Portugal - Icict/Fiocruz)
 

Sua apresentação, com o título Um novo ecossistema midiático implica um jornalismo mais exigente, foi realizada na disciplina O uso de redes sociais on-line em instituições públicas de saúde, do PPGICS, a convite das professoras Adriana Aguiar (Laboratório de Comunicação e Saúde/Icict), Cristiane d’Avila e Bel Levy. “As circunstâncias da informação encontram-se profundamente alteradas e, com elas, o próprio jornalismo e o papel que representa também se alteram”, iniciou João Figueira.

Para o docente convidado, no novo ecossistema midiático os grandes veículos de mídia perderam os monopólios do domínio da informação, e os leitores e consumidores de notícias têm hoje uma ampla gama de mensagens comunicativas, por meio de blogs e redes sociais. “Além disso, grande parte das informações que nós lemos e vemos não parte dos jornalistas, mas de fontes profissionais, que planejam e estudam cuidadosamente a narrativa da notícia”, pontuou.

Citando o conceito de watchdog (cão de guarda), o investigador acredita que o maior risco relacionado à prática jornalística é a perda de sua função de fiscalização dos poderes, de forma independente. “Uma questão muito séria é buscar perceber para que serve o jornalismo e em que medida ele é necessário e nos faz falta. No contexto democrático, não é possível uma sociedade efetivamente cidadã sem o exercício do jornalismo”, completou.

Dessa forma, segundo Figueira, o futuro do jornalismo depende em grande parte do próprio público. “O jornalismo depende do que nós fazemos com ele e do que nós lhe exigimos”, concluiu. “Quando se fala em crise do jornalismo, se fala na crise da democracia, uma vez que grupos hegemônicos na economia exercem grande influência na agenda dos media”, analisa o professor.

Parceria técnico-científica

A visita do representante da Universidade de Coimbra fez parte de uma agenda que visa a construção de uma parceria técnico-científica com a Fiocruz. Além da aula aberta, o professor convidado conheceu todas as atividades de comunicação e informação do Icict/Fiocruz, incluindo a VideoSaúde, a Biblioteca de Obras Raras, o Multimeios, o Laboratório de Comunicação em Saúde (Laces) e o Programa de Pós-Graduação.

Dentre os desdobramentos desta visita, foi proposta a criação de um grupo de estudos sobre comunicação em serviços em saúde, envolvendo diversos profissionais da Fiocruz. O projeto de cooperação técnica também foi discutido e seguirá em breve para apreciação pelo Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris/Fiocruz) e pela Universidade de Coimbra.

“Foi uma visita bastante proveitosa. Em sua palestra, o convidado mostrou toda sua bagagem acadêmica e profissional, trazendo um olhar bastante sofisticado sobre as transformações na atividade jornalística contemporânea”, avalia a assessora de comunicação do Icict/Fiocruz, Cristiane d´Avila. “Além disso, conheceu de perto a Fiocruz, e levou uma ótima impressão dos nossos profissionais e equipes, elogiando o comprometimento de todos”, completou.

As atividades do grupo de estudos proposto estão previstas para terem início a partir de janeiro de 2017.

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