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08/03/2019

Evento inaugura nova coleção paleoparasitológica na Fiocruz

Tatiane Vargas (Informe Ensp)


O Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Densp/Ensp/Fiocruz) realizou seminário comemorativo 40 anos da Paleoparasitologia. Durante a celebração, houve a inauguração da Coleção Paleoparasitológica e de Fezes Recentes de Animais (CPFERA), institucionalizada pela Fiocruz em 2019, que passa a compor o acervo das grandes coleções institucionais. Para a pesquisadora da Ensp/Fiocruz e curadora da Coleção Paleoparasitológica, Marcia Chame, por meio dessa iniciativa institucional, o material, testemunho de tempos pré-históricos, irrecuperável, ganha mais visibilidade e oferece a todos os pesquisadores oportunidade de desvendar novos segredos e descobertas. Todas as apresentações estão disponíveis no canal da Ensp, no Youtube.

A paleoparasitologia é a ciência que estuda a presença de parasitos em animais extintos e múmias pré-colombianas. O termo foi criado pelo pesquisador emérito da Fiocruz, Luiz Fernando Ferreira (in memoriam), reconhecido internacionalmente e lembrado de forma carinhosa e emocionada por todos aqueles que contribuíram para o crescimento do campo e estiveram presentes à atividade. Na ocasião, Marcia Chame ressaltou que a realização do evento foi, também, pessoal, pois se tratava de uma promessa feita ao professor Luiz Fernando, com quem ela dividiu sua vida profissional nos últimos quarenta anos.

Atualmente, a paleoparasitologia permite que, além da identificação de parasitos, seja possível inferir como as mudanças ambientais, climáticas, hábitos alimentares e a biodiversidade alteram o curso das parasitoses e, com isso, pensar como estarão distribuídas e se manterão no futuro. “Assim, seguimos o lema da paleopatologia, ou seja, ‘os mortos ensinam os vivos’ ”, lembrou Marcia. De acordo com ela, o acúmulo de material de diversas origens, coletados pelo grupo da Ensp ou doados por inúmeros arqueólogos e paleontólogos, permitiu reunir mais de 2.800 amostras de materiais pré-históricos e cerca de 6 mil amostras de fezes recentes, que servem como bases comparativas para os estudos e, também, entender como esses mesmos processos avançam com a aceleração das mudanças no presente.

“Em quatenta anos de estudos, encontramos numerosas coisas, o grupo cresceu. Formamos muitos alunos, estabelecemos diversas parcerias nacionais e internacionais, e um livro síntese foi ganhador do Prêmio Jabuti, em 2012, na categoria Ciências Naturais. Avançamos em novas metodologias de identificação para diferenciar os coprólitos humanos dos animais, encontramos ancilostomídeos que apoiaram as teorias transpacíficas das migrações humanas para as Américas, e avançamos na microscopia ótica, eletrônica e na identificação do DNA de parasitos, como os de Trypanosoma cruzi, e muitos outros”, comemorou ela.

Marcia Chame e Natalina Jordão, secretária de Luiz Fernando nas últimas quatro décadas, descerraram a placa da inauguração da Coleção Paleoparasitológica e de Fezes Recentes de Animais (CPFERA); Subcoleção de Coprólitos e Material Paleoparasitológico Luiz Fernando Ferreira; e Subcoleção de Fezes Recentes de Animais.

Coleção de coprólitos e material paleoparasitológico

A coleção, criada em 1978 por Luiz Fernando Ferreira, objetiva preservar os materiais biológicos, arqueológicos, paleontológicos e sedimentológicos, testemunhos de épocas antigas; apoiar estudos, pesquisas, eventos científicos e a formação de pessoas que utilizam o acervo da coleção, além de divulgar e difundir conhecimento e informações da Paleoparasitologia e áreas correlatas.

Atualmente, ela possui 2.977 lotes, sendo 57% das amostras de coprólitos, 24% de sedimentos de sítios arqueológicos, 3% de sedimentos de urnas funerárias e latrinas, 3% de cabelos e pelos, 3% de ossos e dentes, 3% de múmias e tecidos mumificados, além de material têxtil como tecidos e adornos de corpos mumificados e penas. Há, também, fragmentos vegetais, resina, entre outros, e amostras de origem humana, animal e vegetal. As mais antigas são do Triássico Médio, originárias de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A coleção está localizada no Departamento de Endemias da Ensp, em uma sala exclusiva com temperatura e umidade adequadas para evitar proliferação de fungos e insetos.

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