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20/12/2013

Exposição revela parte de 9 mil imagens digitalizadas pela COC

Haendel Gomes


Cerca de 9 mil imagens do acervo de negativos de vidro, a maior parte do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), foram digitalizadas pelo Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD/COC/Fiocruz). Parte desse trabalho compõe a exposição permanente de fotografias, no corredor do prédio da Expansão do Campus da Fiocruz. São 38 imagens, divididas em 16 grupos, algumas medindo 60cmX85cm (as menores) e outras 85cmX120cm, mais três panorâmicas com dimensão de 50cmX120cm, dos Fundos IOC e Rockefeller. Há duas ainda maiores, com pouco mais de 200cmX200cm, que, posicionadas de modo estratégico, recepcionam o público no hall dos elevadores, onde foram colocadas dias antes da abertura da mostra Imagens em Negativo de Vidro da Casa de Oswaldo Cruz, nesta quinta-feira, 19 de dezembro, às 14h30. As fotos são de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, patrono da Fundação e seu discípulo, cuja imagem aparece autografada. De acordo com a historiadora Aline Lopes de Lacerda, do DAD/COC, a ideia é chamar a atenção para o acervo, sua singularidade, riqueza e para evidenciar uma das possibilidades de uso futuro das imagens digitais recém criadas.

Uma das fotos da exposição retrata demonstração de abertura de ovo e retirada de embrião para preparo da vacina anti-amarílica, 1943 (foto: Sílvio Cunha)

 

Demonstração, publicada em manual, de abertura de ovo e retirada de
> embrião para preparo da vacina anti-amarílica, produzida pelo Serviço
> Nacional de Febre Amarela. Foto Sílvio Cunha. 1943

As imagens revelam o trabalho nos laboratórios do IOC, a área da fazenda de Manguinhos e momentos de descontração dos trabalhadores. A equipe do Departamento de Arquivo e Documentação também comemora o resultado de um processo de digitalização que demorou mais de um ano para ser concluído, sendo executado pela RCS Arte Digital, em São Paulo. 

Segundo Aline, as imagens ampliadas para serem exibidas no corredor são da digitalização dos negativos de vidro. A mesma equipe que digitalizou fez o tratamento das imagens digitais para ampliação, acrescenta. Isso demonstra “a qualidade da captação digital feita no projeto, pois as informações que podem ser obtidas pela amplificação dos detalhes da imagem são inúmeras”, ressalta Aline.

A historiadora diz que a ideia original da exposição partiu da Stella Oswaldo Cruz, pesquisadora do DAD/COC. “Ela me procurou há um ano compartilhando esse desejo, de ter no andar umas ampliações com imagens do acervo. Daí para pensarmos em explorar o material digital que estava sendo feito com os negativos de vidro, foi um pulo”, conta.

As imagens sofreram um rigoroso processo de seleção. “Selecionamos as imagens com base no impacto estético que causam, levando em conta também o ineditismo (em alguns casos) ou o simbolismo de algumas imagens já conhecidas, mas que não poderiam faltar, como a visita de Einstein, o castelo com o autógrafo de Chagas, algumas imagens das expedições”, destaca Aline. Ela acrescenta que também foi considerada a representatividade, em termos de quantidade no acervo de negativos de vidro, como é o caso das fotos de doentes.

 
Exame de tecido ao microscópio no Laboratório de Histopatologia do Serviço Nacional
de Febre Amarela em outubro de 1942 (foto: A. Fialho)
 

De acordo com a historiadora, as imagens estão disponíveis na base Arch (repositório de informações sobre o acervo arquivístico permanente da Fiocruz) da Casa de Oswaldo Cruz, exceto as dos doentes, protegidas por legislação específica que trata da preservação da intimidade. Ela afirma que houve autonomia na organização da exposição, mas a Direção da COC foi consultada, e também a chefe do Departamento, Maria da Conceição Castro.

Outro profissional importante na concepção da exposição que toma conta do sexto andar do prédio da Expansão do Campus é o fotógrafo Vinícius Pequeno. Formado também em Belas Artes, ele “foi peça fundamental em todo o processo, atuando como fotógrafo, como designer visual, dando sugestão e coordenando os trabalhos de ampliação e de montagem dos painéis no corredor”, destaca Aline Lopes de Lacerda.

Foi uma “redescoberta”, comemora o fotógrafo do DAD. Ele ressalta o trabalho de toda a equipe, como o colega no departamento Roberto Jesus Oscar, que também contribuiu para a mostra. “Quando você vê [as imagens] no corredor, é uma espécie de imersão; de perto você tem uma noção de conjunto. É diferente!”, exulta Vinícius.

Campus de Manguinhos: Quinino (atual Pavilhão Figueiredo Vasconcelos), Pavilhão Mourisco e, em primeiro plano, torre do Pavilhão da Peste (atual Pavilhão do Relógio) em 1919

 

Segundo ele, a busca foi por um diálogo entre as imagens, visando dar movimento à mostra. Isso foi possível também graças à qualidade das imagens, reconhece o fotógrafo. Desde o início – no final de 2011, quando ingressou no projeto – “havia uma preocupação em preservar a qualidade das imagens”, afirma Vinícius Pequeno. Ele também celebra esse que é o primeiro produto resultante da digitalização do acervo de negativos de vidro.

Com a digitalização, descobriu-se, por exemplo, que as fotos panorâmicas foram obtidas pela junção de vários negativos de vidro produzidos durante as Expedições [feitas por Oswaldo Cruz e outros pesquisadores do IOC no início do século 20].

“Descobrimos isso também, que existiam negativos de vidro produzidos em série para criar vistas panorâmicas e a junção, perfeita por sinal, foi realizada a partir das partes digitalizadas”, elogia Aline.

A exposição é permanente. Porém, pode ser exibida em outros espaços, se necessário, diz a historiadora. “A montagem foi pensada pra nos dar essa agilidade”, conclui.

Serviço:

Mostra: Imagens em Negativo de Vidro da Casa de Oswaldo Cruz
Visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Grátis.
Prédio Expansão do Campus da Fiocruz - Avenida Brasil, 4036 -  6º andar
Manguinhos – Rio de Janeiro (RJ)

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