17/07/2020
Amanda Sobreira (Fiocruz Ceará)
A Fiocruz Ceará deu um importante passo na consolidação das pesquisas científicas no estado. O Bloco de Pesquisas da Fiocruz Ceará começou a ser ocupado na última terça-feira (14/7), pelo segundo andar, onde ficam as Plataformas de Anticorpos/Nanocorpos e Nanotecnologia, duas das quatro plataformas multiusuário desenvolvidas na Área de Biotecnologia.
O Bloco de Pesquisas é um centro de excelência em pesquisas biomédicas e desenvolvimento de produtos biotecnológicos (foto: Fiocruz Ceará)
A plataforma de Anticorpos e Nanocorpos atua na área de engenharia de proteínas para a geração de insumos de base biotecnológica aplicados em ações terapêuticas e/ou diagnóstico de doenças. Utiliza os conhecimentos gerados pela Plataforma de Bioinformática e realiza ensaios experimentais na bancada do laboratório para o desenvolvimento de biofármacos, sejam inovadores ou melhorados (biobetters) derivados de medicamentos comerciais. Outra abordagem da plataforma é a busca por estratégias a serem aplicadas em terapia celular para o tratamento de câncer.
Uma das linhas de pesquisa, desenvolvida em parceria com a Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, aponta que anticorpos de camelídeos, entre os quais as lhamas estão incluídas, são mais resistentes às variações de temperatura e reconhecem diferentes antígenos de forma mais eficiente, quando comparados a anticorpos humanos. As pesquisas buscam o uso dos imunobiológicos no tratamento de doenças infecciosas, neurodegenerativas e envenenamento por animal peçonhento.
Com os trabalhos iniciados em Rondônia, por meio da pesquisadora Carla Celedônio, a Fiocruz é a única instituição brasileira com domínio da tecnologia, trabalhada agora no Ceará. "Com as instalações em funcionamento, esperamos, em parceria com instituições locais, agregar valor a biomoléculas identificadas na região e contribuir com o desenvolvimento de produtos farmacêuticos para a sociedade brasileira", ressalta Carla.
A plataforma de Nanotecnologia atua no desenvolvimento, caracterização e avaliação de partículas em escala micro e nanométrica, permitindo o desenvolvimento de tecnologias de medicamentos melhorados e inovadores. Os estudos buscam projetar, desenvolver e testar complexos nanoestruturados biocompatíveis para o tratamento do câncer e doenças negligenciadas.
O Bloco de Pesquisas é um centro de excelência em pesquisas biomédicas e desenvolvimento de produtos biotecnológicos. Para a otimização de espaço, compartilhamento de equipamentos e recursos e maior integração das equipes, a ocupação do prédio é realizada em conceito multiusuário e em plataformas.
O equipamento tem quatro pavimentos, sendo o térreo e três andares. Os espaços receberão, em 2021, as plataformas de Bioinformática, Epidemiologia Molecular e Imunoparasitologia e Proteômica, além dos laboratórios de Saúde Digital, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), e ainda o escritório que vai coordenar a implantação do Distrito de Inovação do Eusébio, que tem a Fiocruz Ceará como âncora.
O projeto de adaptação do prédio deve ficar pronto até setembro. Ele atende às especificações dos pesquisadores e às exigências legais relacionadas a biossegurança e qualidade. Uma equipe da Cogic trabalha nas soluções de instalação da estação de tratamento de água e da central de ar-condicionado para a execução final do projeto.
Ensino
Pesquisadores, doutorandos e mestrandos irão trabalhar juntos na produção de novos conhecimentos que visam incrementar o diálogo dos campos da saúde, da ciência e da tecnologia com a sociedade, impulsionando o desenvolvimento de novas ações e estratégias de divulgação científica.
A turma de Doutorado em Biotecnologia e Saúde possui 12 alunos que irão executar suas atividades experimentais nas dependências dos laboratórios pelos próximos três anos. Cerca de 10 alunos de programas de pós graduação, em parceria com outras instituições como a UFC e a Rede Renorbio também devem utilizar os laboratórios para execução dos seus projetos.