A equipe do Programa Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS) da Fiocruz realizou a última fase do projeto Saúde silvestre e inclusão digital: a participação comunitária no monitoramento da biodiversidade na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, e nos municípios de Uruçuca, Ilhéus e Itacaré, no sul da Bahia. O objetivo desta etapa foi identificar tomadores de decisão locais para engajá-los na busca de caminhos para a melhoria da qualidade de vida e da saúde e para a conservação da biodiversidade.
O projeto identificou nos territórios estudados a percepção das pessoas sobre o risco da transmissão e emergência de zoonoses advindos da biodiversidade e os diversos fatores ambientais, sociais e conjunturais que favorecem a transmissão de doenças. A equipe levou às comunidades locais a proposta de monitoramento da fauna silvestre com participação cidadã, com a formação de colaboradores comunitários no uso do aplicativo SISS-Geo (Sistema de Informação em Saúde Silvestre). O treinamento permitirá a avaliação e melhoramento do app para uso em áreas vulneráveis e distantes.
Pará
Ao longo de 17 dias de trabalho, foram percorridos 2.195 km em embarcação pelos rios Tapajós e Arapiuns. Neste percurso foram realizadas 53 oficinas em 27 comunidades-polo ribeirinhas e indígenas, com a participação de cerca de 1500 pessoas. Os resultados do projeto foram compartilhados com especialistas, ONGs e instituições parceiras durante o seminário Biodiversidade e Saúde na Resex Tapajós-Arapiuns: desafios para a conservação e a qualidade de vida, realizado no auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém. O encerramento do projeto na Resex Tapajós-Arapiuns aconteceu na sede do Centro Experimental da Floresta Ativa (Cefa), do projeto Saúde Alegria, na comunidade do Carão (PA), em 30 de junho.
Sul da Bahia
No sul da Bahia, foram realizadas oficinas e rodas de conversa com agentes da saúde indígena e agentes comunitários de saúde, que residem em comunidades tradicionais e quilombolas no entorno e no interior do Parque Estadual Serra do Conduru. Guardas-parque de unidades de conservação da região, profissionais de saúde, professores, líderes comunitários, estudantes de graduação e pós-graduação e agentes do Batalhão Florestal da Bahia discutiram a importância da saúde silvestre para a saúde humana em quatro cursos, com cerca de 200 participantes. O encerramento do projeto aconteceu com um sarau em Uruçuca, em 9 de julho.
Reconhecimento
Três colaboradores do Pará e três da Bahia se destacaram com o maior número de registros de animais silvestres enviados pelo aplicativo SISS-Geo e foram premiados com um certificado de reconhecimento. Gerente do projeto no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Alexandre Ferrazoli integrou a equipe na expedição do rio Arapiuns (PA).
“Durante dois anos e meio eu acompanhei com muito interesse este projeto e, no final, tive o prazer de fazer parte, por 14 dias, da 4º Expedição Arapiuns. Pude vivenciar a dedicação, o profissionalismo e o carinho com que esta equipe executou o projeto. Tive o orgulho de me sentir parte desta equipe, que me fez sentir a realidade mais de perto e aprender muito”, disse Ferrazoli.
A equipe multidisciplinar composta de biólogos, médicos veterinários, antropóloga, cientistas da computação, geógrafa, profissionais de comunicação, design e administração, executou o projeto durante dois anos e sete meses. A iniciativa recebeu, em maio deste ano, o Prêmio Nacional de Biodiversidade 2017.