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12/03/2018

Fiocruz debate Programa Translacional de Promoção da Saúde

Kath Lousada (VPPCB/Fiocruz)


Com o objetivo de induzir e fortalecer pesquisas e ações em rede no campo da Promoção da Saúde, a Fiocruz promoveu o Encontro Estratégico do Programa Translacional de Promoção da Saúde (FioPromoS), de 7 a 9 de março, no Palácio Itaboraí, em Petrópolis (RJ). A programação colocou em pauta importantes aspectos da área, articulando academia, translação de conhecimento e práticas das comunidades tradicionais. O evento é uma iniciativa da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) e da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) e contou com a participação de movimentos sociais (Associação Rio Chagas, Associação Lotus Rio, Movimento Favela Surf Club, Fórum de Comunidades Tradicionais da Bocaina, União pela Moradia Popular/RJ e representantes da comunidade de Manguinhos).  

Encontro teve como objetivo induzir e fortalecer pesquisas e ações em rede no campo da Promoção da Saúde (foto: Luiz Pistone, Fiocruz Petrópolis)

 

Na abertura do encontro, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, reforçou a importância de integração de iniciativas, do resgate de experiências e da busca por uma maior convergência de ações frente aos desafios colocados pela conjuntura política atual. Nísia afirmou que a construção do FioPromoS vai além da elaboração de editais, pois a própria reunião das pessoas, compartilhando experiências, é um avanço significativo. “Não é possível pensar a promoção da saúde sem pensar em desigualdades sociais e as iniquidades. As experiências aqui reunidas lidam com estas questões e com a ênfase nos territórios como locais importantes de articulação de políticas, com a questão de outras formas de pensar a produção de conhecimento, a sua circulação”, afirmou. “A política
deve ser realizada do ponto de vista de um interesse público, de um interesse social. E a nossa instituição discute e promove políticas neste sentido maior, que é o sentido da missão da Fiocruz”. 

O FioPromoS visa integrar grupos de pesquisa e de cooperação ou ação social, para a elaboração de projetos com foco na inovação social e na produção de tecnologias sociais em saúde, contemplando a troca entre os saberes científico e popular para construção coletiva de conhecimentos e produtos. Para o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, o planejamento estratégico da promoção da saúde precisa adequar-se as situações que acompanham a vida cotidiana. Para exemplificar, ele mencionou temas como a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro, a Agenda 2030 e a questão dos territórios saudáveis e sustentáveis. “É preciso falar também da agroecologia, que será mais estruturada e aprofundada dentro da Fiocruz. A saúde pública já vem fazendo uma crítica sobre o modelo agrícola industrial, trazendo para a discussão científica e mostrando as contradições com a discussão da saúde no ambiente. Ao assumir este papel, a Fiocruz amplia a discussão de saúde pública”, destacou. 

Representando o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas Rodrigo Correa no evento, o assessor Wim Degrave falou sobre os 11 programas translacionais já existentes na Fundação, reforçando que o objetivo agora é organizar essas atividades de pesquisa e promover sua estruturação em projetos que possam ser traduzidos em benefício da sociedade. “Definimos a pesquisa translacional como aquela que promove a integração multidirecional e multidisciplinar da pesquisa básica, pesquisa orientada pelo paciente, e a pesquisa baseada na necessidade demonstrada pela interação com a população, envolvendo a colaboração de cientistas de várias disciplinas”, afirmou Wim.

A última mesa do primeiro dia do encontro contou com a participação dos movimentos sociais. Vagner do Nascimento, do Fórum de Comunidades Tradicionais, falou sobre a importância da participação da Fundação no debate. “As pessoas perguntam lá no território: o que tem a ver a Fiocruz com as comunidades tradicionais, discutir, por exemplo, gestão deste território? Para gente isto está muito claro, porque discutir todas as tecnologias sociais no território é promoção da saúde e do bem viver. Sem território, sem educação qualificada, é impossível ter saúde", esclareceu. 

Também estiveram presentes na mesa de abertura do evento representantes de diversos movimentos sociais (foto: Kath Lousada, VPPCB/Fiocruz)

 

Patrícia Evangelista, representante da comunidade de Manguinhos, reforçou a relevância de ter a Fiocruz neste processo e a necessidade de maior interação dos movimentos sociais. “Para falar de participação social, nós buscamos aprimorar cada dia mais, e qualificar a nossa participação nas decisões políticas para a nossa vida. Contribuir para processo de mudanças e conquistas é o nosso objetivo. Hoje, no território - o Complexo de Manguinhos é formado por 15 comunidades - temos a Fiocruz e os Correios que são as instituições que não se mudaram de Manguinhos após a onda de violência. A Fiocruz é uma grande parceira, uma grande aliada. O Complexo de Manguinhos é coberto 100% pela Saúde da Família, com 14.930 famílias cadastradas, atendendo a 42.680 pessoas”. 

Exposição Tecnologias Sociais

Para abertura do Encontro Estratégico FioPromoS, foi montada uma exposição de fotos de tecnologias sociais adotadas por projetos de diversas unidades da Fiocruz. O trabalho resgatou referências populares a partir da impressão de fotos em tecidos aplicados em pano de saco comuns, utilizados para limpeza. Também foram expostos objetos incluindo aqueles de instituições parceiras, como o Museu da Maré.

A exposição contou ainda com painéis de toda a Fiocruz, que incluíram as tecnologias sociais produzidas a partir dos projetos apoiados pelo Programa Capes/Fiocruz Brasil Sem Miséria, encerrado em fevereiro. Uma carta de apoio a manutenção dos projetos do programa foi aprovada por aclamação pelos cientistas e representantes dos movimentos sociais presentes no encontro.  

Próximos passos

Após os três dias de imersão para debater a estratégia da rede FioPromoS, os partipantes do encontro avaliaram a iniciativa como promissora, uma vez que a construção coletiva diversificada e plural possibilitou estabelecer as pricipais diretrizes do programa.  

A fim de gerar resultados concretos para a sociedade, os projetos do programa translacional FioPromoS deverão partir da troca entre os saberes científico e popular e desenvolvidos com foco nas populações mais vulnerabilizadas do país. Os projetos deverão ter como produto, principalmente, as tecnologias sociais em saúde.

partipantes do encontro avaliaram a iniciativa como promissora, uma vez que a construção coletiva diversificada e plural possibilitou estabelecer as pricipais diretrizes do programa FioPromoS (foto: Kath Lousada, VPPCB/Fiocruz)
 
 

O conteúdo da dinâmica World Café será revisado pelos representantes dos oito grupos de trabalho para que a rede seja lançada com previsão para o segundo semestre de 2018. Após a finalização desta etapa, as inscrições para a participação na rede FioPromoS pelos interessados em participar estarão abertas por meio do site do Programa de Pesquisa Translacional da VPPCB/Fiocruz.

Para Luciana Garzoni, assessora de Promoção da Saúde da VPAAPS/Fiocruz, “o encontro foi um exercício de construção e desconstrução de conceitos e troca de saberes, dos diferentes modos de analisar a promoção da saúde em cada unidade da Fiocruz. Essa discussão foi fundamental para o início da estruturação do programa de forma coletiva e integrada e gerou um material rico que será analisado e utilizado na elaboração da estratégia da rede”.

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