27/06/2016
Cientistas que estudam o vírus zika ganharam uma ferramenta que poderá trazer contribuições valiosas para as pesquisas. Trata-se do ZIKV-CDB, um banco de dados colaborativo, que tem por objetivo reunir informações relacionadas aos genes associados à doença. A plataforma, criada pelo Laboratório de Informática de Biossistemas e Genômica da Fiocruz Minas, está disponível on-line e já pode ser acessada.
Ao entrar na página, o usuário indica o código do gene a ser pesquisado e, assim, as informações que já estiverem disponíveis aparecerão na tela (foto: Fiocruz Minas)Sabe-se que determinados vírus podem interferir na expressão de genes, alterando a atividade e funcionamento celular, por meio de RNA não codificantes, como os micro RNA´s (miRNA’s). São informações sobre tais elementos que estão disponíveis no banco. Com isso, o usuário poderá verificar o que dizem outros estudos em relação à atividade de genes de interesse e, principalmente, incluir novas informações, contribuindo para pesquisas posteriores.
“No banco, estão descritos todos os genes humanos e, ao constatar que algum deles tem relação com o zika, o usuário pode inserir a informação correspondente, como referências bibliográficas e evidência experimental. Dessa forma, é uma ferramenta colaborativa, que estará em construção permanente”, explica Gabriel Fernandes, um dos responsáveis pela ferramenta.
Qualquer pessoa pode acessar o banco. Ao entrar na página, o usuário indica o código do gene a ser pesquisado e, assim, as informações que já estiverem disponíveis aparecerão na tela. A princípio, será possível encontrar a descrição do gene, bem como as referências bibliográficas que demonstram a relação dele com o zika e, nos casos em que já exista validação experimental, as informações referentes a ela.
“Se o pesquisador quiser inserir novas referências bibliográficas ou tenha feito uma valiadação exprimental, é só clicar em “Adcionar publicação” (Add publication). E, se quiser apenas fazer uma consideração, pode inserir em “Comentários”. A ideia é que o banco possa ficar cada vez mais rico, à medida que for sendo usado”, afirma Fernandes.
Avaliação
Sempre que acessar a ferramenta, o usuário poderá avaliar a qualidade das informações disponíveis, por meio do botão “joia”, conhecido como like ou dislike, presente em outras redes socias. A quantidade de 'likes' recebida faz com que o gene entre para o “Best Rated”, um ranking que mostrará os mais bem avaliados.
“O like funcionará como um indicador de que as informações procedem ou foram úteis para o pesquisador. E o “Best Rated” poderá nortear futuros estudos, uma vez que, ao iniciar uma pesquisa, o profissional poderá optar pelo gene que tiver o maior número de avaliações positivas”, explica Francislon de Oliveira, integrante do grupo que desenvolveu a ferramenta. Ele comenta que, na homepage, também estão listadas as últimas inserções.
Para colocar o banco no ar, os pesquisadores do Laboratório de Informática de Biossistemas e Genômica fizeram um levantamento, inserindo no sistema algumas informaçães iniciais. Foi um trabalho que começou no mês de fevereiro, logo que o Ministério da Saúde recomendou que fossem concentrados esforços voltados para o combate ao vírus zika.
“Fizemos uma força-tarefa, por se tratar de uma sitiuação emergencial. Até o momento, temos quatro experimentos com dados da expressão dos genes; assim que tivermos mais amostras, poderemos associar essa expressão à infecção e à interação com os sncRNA’s para, dessa forma, inferirmos possíveis mecanismos de ação do vírus no organismo”, conta Fernandes.
Segundo ele, agora, além de contar com as contribuções dos usuários, serão postadas novas informações que forem sendo levantadas. “Em breve, pretendemos inserir ainda informações sobre mutações nos genes e enriquecer ainda mais as inferências”, destaca.