06/06/2023
Para garantir a preservação de um conjunto de edificações que são testemunho de importantes momentos da história da ciência nacional, a Fiocruz deu início a uma série de intervenções de conservação e manutenção em três pavilhões localizados no campus de Manguinhos, na zona Norte do Rio de Janeiro. As obras no Pavilhão do Relógio, no Pavilhão Figueiredo de Vasconcelos (Quinino) e no Pavilhão Arthur Neiva vão recuperar danos e interromper degradações nos edifícios, exemplares de diferentes estilos arquitetônicos.
Edifício abrigou produção de soro contra a peste bubônica
No Pavilhão do Relógio, as obras, coordenadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Fiocruz, visam restabelecer a eficiência do sistema de drenagem para garantir a conservação do edifício, em especial dos revestimentos das fachadas. Para isso, serão restaurados os elementos metálicos que compõem os beirais do telhado. Construída em 1905 como parte do núcleo original da Fiocruz, a edificação inspirada na arquitetura inglesa, ostenta, em sua torre central, um relógio que funciona até hoje. No interior do prédio, será feita a revisão e a readequação dos tubos de descida de águas pluviais.
O Pavilhão do Relógio foi construído em 1905 como parte do núcleo original da Fiocruz (foto: Acervo Fiocruz)
O espaço foi projetado pelo arquiteto Luiz Moraes Junior sob orientação de Oswaldo Cruz para abrigar a produção do soro usado para combater a peste bubônica. Além de laboratórios, a pavilhão contava com uma enfermaria para cavalos, com salas e baias onde aconteciam as inoculações e as sangrias dos animais, etapas do processo de produção do soro. Um sistema de esgoto tratava as águas usadas no prédio, de modo que fossem despejadas na rede geral livres de agentes causadores de doença. Atualmente, abriga exposições do Museu da Vida Fiocruz.
Medicamento contra a malária deu nome popular a edifício histórico
Erguido entre 1919 e 1922 para receber o Serviço de Medicamentos Oficiais, o Pavilhão Figueiredo de Vasconcelos vai ter sua sala de telefonia reformada. Além disso, estão previstas a recuperação dos pilaretes do guarda-corpo das varandas e a recomposição de argamassas na fachada interna. No telhado, será instalada uma linha de vida, estrutura que integra um sistema de segurança para profissionais de manutenção que executam serviços em altura.
O Pavilhão Figueiredo de Vasconcelos foi erguido entre 1919 e 1922 (foto: Acervo Fiocruz)
O prédio, que atualmente abriga serviços administrativos da Fiocruz, é popularmente conhecido como Quinino. O nome tem origem em um dos medicamentos que eram produzidos no local, a quinina, que por muito tempo permaneceu como única droga prescrita a doentes de malária. O pavilhão contava com amplos laboratórios e salas, destinados a produção, pesagem e envasamento dos comprimidos de cloridrato de quinina, além da fabricação de vidros e embalagens.
Pavilhão modernista tem painel assinado por Burle Marx
Também contemplado na intervenção, o Pavilhão Arthur Neiva foi construído entre 1947 e 1951 e integra o conjunto de edificações modernistas do campus de Manguinhos. Projetado pelo arquiteto Jorge Ferreira, o edifício foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) do Rio de Janeiro em 1998. Em 1949, o edifício ganhou um painel de azulejos pintado com formas azuis inspiradas em microrganismos por Burle Marx, responsável também pelo paisagismo. Chamado também de Pavilhão de Cursos, abrigou o conjunto de atividades de ensino do Instituto Oswaldo Cruz.
O Pavilhão Arthur Neiva foi construído entre 1947 e 1951 (foto: Acervo Fiocruz)
Os serviços de conservação no Pavilhão Arthur Neiva incluem a realização de tratamentos pontuais no bloco do auditório: recuperação do guarda-corpo, tratamento da junta de dilatação da laje e aplicação de impermeabilizante líquido no piso. Além disso, será feita a recuperação do revestimento de pastilha em alguns trechos e limpeza da fachada.