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28/03/2014

Fundação sedia 2º Simpósio Franco-Brasileiro em Biociências

Ricardo Valverde


A Fiocruz sediou na quinta-feira (27/3) o 2º Simpósio Franco-Brasileiro em Biociências. O evento reuniu, no Museu da Vida, pesquisadores dos dois países com o objetivo de trocar experiências sobre projetos internacionais em conjunto. O simpósio juntou tanto aqueles que já tiveram a experiência quanto os que têm ou pretendem ter. Na plateia estavam, em sua maioria, jovens que estão no início de suas carreiras e planejam desenvolver projetos com instituições francesas. Na abertura do simpósio, o cônsul-geral da França no Rio de Janeiro, Brice Roquefeuil, ressaltou a histórica e frutífera relação que a Fiocruz mantém com o Instituto Pasteur – o que a levou a integrar a Rede Internacional de Institutos Pasteur (Riip) –, que vem dos tempos do patrono Oswaldo Cruz, que estudou na sede do centro de pesquisa, em Paris. Na mesma linha seguiu presidente da Fundação, Paulo Gadelha.

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, lembra as relações científicas entre França e Brasil na abertura do evento (Foto: Peter Ilicciev)

 

O presidente reforçou os laços que unem pesquisadores dos dois países e disse que a Fiocruz, que ao longo das décadas se notabilizou pelo estudo das doenças infecciosas, começa a se mover para dar cada vez mais atenção às doenças crônico-degenerativas, tendo em vista a crescente urbanização da população brasileira e também o seu envelhecimento – um caminho que o Pasteur já vem trilhando há mais tempo. “Pasteur e Fiocruz são duas instituições que, desde os primórdios de cada uma, estiveram focadas na lógica de pensar a pesquisa a partir das questões da saúde pública. E continuamos juntos nesse e em outros desafios”. Em seguida, a pesquisadora Muriel Delepierre, do Pasteur, cujas pesquisas se dedicam à compreensão dos processos biológicos por meio do estudo da estrutura, das interações e da dinâmica de biomoléculas, abriu o dia de palestras e debates. Ao lado do auditório foram instalados pôsteres de estudos feitos pelos jovens pesquisadores presentes ao evento.

Uma das apresentações mais aguardadas era a de Charlotte Gravitz, do sistema Euraxess – Pesquisadores em Movimento. O Euraxess é uma iniciativa da União Europeia (UE) que tem por objetivo fornecer uma ampla gama de informações e serviços de suporte, assim como oportunidades de networking para pesquisadores europeus e não-europeus que querem fazer pesquisa na Europa. Já?o Euraxess?Links?é?o?braço?internacional?da instituição. É?uma?rede?de?adesão?gratuita,?voltada?à?mobilidade dos?pesquisadores?e?ao?desenvolvimento?de?suas?carreiras. Charlottte relacionou alguns números que mostram a pujança da produção científica da UE. A organização é responsável por um em cada três trabalhos científicos no mundo, conta com 32 universidades entre as 100 maiores do planeta e está em segundo lugar mundial em investimentos em P&D, atrás apenas dos Estados Unidos. O site do Euraxess agrupa mais de 3 mil organizações de pesquisa, que estão abertas a instituições brasileiras, e reúne mais de 20 mil currículos, igualmente abertos a pesquisadores do Brasil. “Cobrimos todos os campos de pesquisa e temos 600 pessoas trabalhando em mais de 250 escritórios de 40 países”, afirmou ela, acrescentando que no momento o objetivo é estender a assistência a pesquisadores das Américas, do Japão, da China, da Índia e dos países que compõem a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

O pesquisador Pascal Sommer, do Instituto de Biologia e Química de Proteínas da Universidade de Lyon, palestrou sobre aplicação de fibras sintéticas elásticas em problemas como degeneração macular, disfunções mas mucosas (gengivas, intestinos e esfíncter) e fibrose. Sommer estuda a aplicação de nanotecnologia na produção de modelos equivalentes de pele e já atraiu, para seu grupo, pesquisadores que fazem parte do programa Ciência sem Fronteiras. Outra palestrante que atraiu a atenção foi a italiana Claudia Filipone, que explora a diversidade genética de hantaviroses patogênicas. Após contar como essas doenças emergentes foram descobertas, na Guerra da Coreia, e listar peculiaridades do patógeno, além de comentar casos surgidos em todo o mundo, ela afirmou que investiga um novo hantavírus que foi descoberto na espécie de roedor rato-preto (Rattus rattus) em Mayotte, um departamento francês localizado entre o Oceano Índico e o Canal de Moçambique, no arquipélago das Ilhas Comores.

Depois, o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) discorreu sobre a competência do vetor da dengue em populações de mosquito Aedes aegypti no Cone Sul. Segundo Lourenço, dos mais de 500 arbovírus conhecidos, cerca de 110 são patogênicos aos seres humanos. Ainda na mesma área, outro pesquisador brasileiro, Hugo de Almeida, da Universidade de Brasília (UnB), comentou a ancoragem molecular de novos inibidores da protease do vírus da dengue. Na parte da tarde, outros pesquisadores franceses abordaram o trabalho e a dinâmica de seus grupos de pesquisa e o trabalho feito com colegas brasileiros, por meio de parcerias entre instituições dos dois países. E Jennifer Lowe, da UFRJ, detalhou para a plateia o que é preciso saber para viver e estudar na França. Em seguida os pesquisadores abriram espaço para perguntas e dúvidas dos brasileiros interessados em se mudar para aquele país e continuar seus estudos na Europa.

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