Início do conteúdo

25/04/2014

IFF ao longo das nove décadas

Aline Câmera


Com longa trajetória dedicada à pediatria, em 1924, o chefe da Inspetoria de Higiene Infantil Antonio Fernandes Figueira, em conjunto com o diretor de Departamento de Saúde Pública Carlos Chagas, inaugurou o Abrigo Arthur Bernardes. Criado com a proposta de unir mães e bebês nas enfermarias, o abrigo significou o ponto de partida para a política de proteção à primeira infância e à maternidade no Brasil. A partir da incorporação à Fiocruz, nos anos 70, já com o nome do seu patrono, o Instituto Fernandes Figueira ampliou sua área de atuação, unindo atividades de pesquisa e ensino a uma forma mais integral de entender a atenção à saúde. O desenvolvimento e a avaliação de novas tecnologias, assim como a execução  de projetos de cooperação técnica em âmbito nacional e internacional, se tornaram, ao longo das ultimas décadas, componentes indispensáveis para o subsídio de políticas públicas brasileiras, voltadas para a saúde da mulher, da criança e do adolescente.

Contudo, foi em 2010, quando o IFF recebeu a denominação de Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, que passou a assumir oficialmente a atribuição de órgão auxiliar do Ministério da Saúde (MS) na tarefa de desenvolver, coordenar e avaliar as ações integradas,  direcionadas à área da saúde feminina e infanto-juvenil em âmbito nacional. “A assinatura da Portaria nº 4.159/2010, reflete  o amadurecimento do IFF, ao mesmo tempo em que apresenta a resposta para uma lacuna na saúde pública brasileira”, afirmou, na oportunidade, o então ministro da Saúde José Gomes Temporão.

Para o diretor do Instituto, Carlos Maciel, a portaria representou a consolidação de um conjunto de iniciativas. “Da implantação das ações integradas de qualificação da atenção perinatal em maternidades do Nordeste e da Amazônia Legal, até a ampliação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, a criação do Centro de Genética Médica e a consolidação da Rede Cegonha, muitos foram os laços estreitados com as secretarias estaduais e municipais de saúde ao longo dos últimos anos. A cada novo projeto, a cada novo planejamento, ampliamos nosso escopo de atuação”, destacou ele.

Em relação ao atual momento do Fernandes Figueira, Carlos Maciel completa: “Se, por um lado, as responsabilidades aumentaram, por outro, tivemos o reconhecimento de que estamos no caminho certo e de que todas as conquistas são fruto do fortalecimento de nossos pilares”. Já como Instituto Nacional, a unidade ampliou significativamente o seu portfólio de cooperação internacional. A experiência com o Banco de Leite Humano, com o cuidado neonatal e com a inserção do brincar na assistência foi levada para nações latino-americanas, europeias e africanas. Hoje, já chega a 23 o número de países com acordos de cooperação técnica com o Instituto.

Em parceria com a Área Técnica de Saúde da Mulher, a Área Técnica da  Saúde da Criança e Aleitamento Materno e com a Política Nacional de Humanização (PNH), o IFF passou a integrar o esforço do governo brasileiro no aprimoramento das políticas públicas com foco na atenção ao parto, ao nascimento e ao desenvolvimento infantil do zero aos 24 meses. O objetivo é organizar a rede de atenção à saúde desses grupos populacionais, garantindo acesso, acolhimento, resolutividade e, consequentemente, a redução da mortalidade. Partindo de experiências concretas já exercidas pelo IFF nesse contexto, a participação no apoio à implementação da Rede Cegonha simboliza a possibilidade de articulação dos recursos existentes na Fiocruz para o planejamento, o ensino e a produção de conhecimento. 

Além de participar das diferentes frentes de trabalho que compõem as ações do MS junto aos estados e municípios, o IFF é diretamente responsável pela qualificação de quadros estratégicos do SUS para a melhoria do cuidado e dos indicadores, com destaque para atividades de formação profissional nas áreas assistencial e de gestão por todo o Brasil. Confirmando a tradição como hospital de ensino, a expansão dos cursos de pós-graduação - com a inclusão do Programa de Pesquisa Aplicada à  Saúde da Criança e da Mulher e a criação das residências multiprofissional e de enfermagem obstétrica - representa um importante ganho na qualificação dos profissionais que serão responsáveis  por protagonizar a produção inovadora no campo da saúde coletiva.

Ainda no que tange à formação continuada, pela primeira vez, foi possível estabelecer o compromisso institucional direcionado para promover, estimular e apoiar as ações de pesquisa no IFF. Por meio do lançamento do Edital de Programa de Incentivo à Pesquisa, todos os funcionários com doutorado terão a oportunidade de desenvolver projetos voltados para a resolução das demandas em suas áreas específicas, o que demonstra o avanço de mais uma etapa em prol da inovação e do desenvolvimento tecnológico. Contudo, além da promoção do conhecimento técnico, outros componentes ganharam destaque no cuidado diário, seja na neonatologia nas enfermarias pediátricas ou nos ambulatórios especializados. A criação do  Núcleo de Apoio a Projetos Educacionais e Culturais (Napec), como reflexo da expansão do Projeto Biblioteca Viva, e a implementação da Classe Hospitalar Fernandes Figueira são exemplos neste sentido.

Quanto à atenção à mulher, inúmeras ações e programas ganharam destaque no cenário do Instituto Nacional. Na assistência, o foco recai sobre a gravidez de alto risco fetal e aumento do quantitativo de partos. Procedimentos recentes, realizados ainda no período intra-uterino, para o tratamento da Hérnia Diafragmática Congênita (HDC) e Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF) são alguns destaques. Na atenção clínico-cirúrgica, valorizaram-se o tratamento das doenças ginecológicas e o diagnóstico do câncer na mulher; as cirurgias de pequena, média e alta complexidade; o monitoramento das doenças ginecológicas benignas e do câncer de mama, além dos procedimentos e exames de urodinâmica, colposcopia, histeroscopia e biópsias de mama, colo uterino e endométrio.

Por fim, a modernização do parque tecnológico e a remodelação do planejamento estratégico e dos processos de trabalho foram os principais eixos de atuação da Área de Gestão e Desenvolvimento Institucional. É nesse contexto que a Política Nacional de Humanização (PNH) se consolida como importante estratégia para a rediscussão coletiva da metodologia de gestão do Instituto. ‘Na medida em que são estimulados novos espaços de troca entre gestores, trabalhadores e usuários, caminhamos para o amadurecimento da gestão compartilhada e participativa’, conclui o diretor Carlos Maciel.

Voltar ao topo Voltar