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12/03/2014

Incidência de leptospirose representa alto custo social para o Rio de Janeiro

Informe Ensp


Analisar o custo social dos casos de leptospirose ocorridos em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro, em decorrência das chuvas extremas de janeiro de 2011. Esse foi o objetivo da dissertação do aluno do mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Carlos Alexandre Rodrigues Pereira, cuja conclusão apontou que o custo pode ter variado, no mínimo, entre R$ 63.348,57 e R$ 269.190,27. "Isso significa que 52% do custo total ao Sistema de Saúde e 35% da perda de produtividade total da sociedade ocorreram entre os 177 casos que tiveram confirmação diagnóstica", assegurou. A orientação do trabalho ficou a cargo da pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Martha Macedo de Lima Barata.

Micrografia eletrônica de varredura (MEV) mostra bactérias Leptospira sp

 
A leptospirose é uma doença infecciosa febril que ocorre em países tropicais como o Brasil, país onde sua notificação é compulsória. Trata-se de uma zoonose de grande importância devido aos impactos sociais e econômicos negativos, relacionados a altas taxas de absenteísmos, elevado custo hospitalar, alta incidência e letalidade. Contudo, explica Pereira, o seu real impacto econômico, ou seja, seu custo social, ainda é pouco estudado no Brasil, onde a última avaliação realizada se referiu aos casos que evoluíram a óbito em 2007. 
 
De acordo com o aluno, na avaliação realizada para o Brasil, verifica-se que os 3.492 casos de leptospirose ocorridos em 2008 geraram ao Sistema de Saúde um custo estimado de R$ 1.542.526,92. “Com base no que foi estimado sobre os custos atribuídos à sociedade, pode-se dizer, que nesse mesmo ano no país, foram perdidos 10.664,9 anos potenciais de vida devido à leptospirose, além de uma perda de renda da ordem de R$ 27.744.133,33 ocorrida entre os casos economicamente ativos que evoluíram a óbito”. No intuito de realizar uma avaliação mais abrangente, utilizando os dados secundários de acesso público disponíveis, a pesquisa analisou os casos ocorridos em 2008 no Brasil, buscando considerar não só os gastos do sistema de saúde com o tratamento da doença, mas também as parcelas atribuídas à sociedade, para que as estimativas encontradas se aproximassem do custo real da doença.

Uma vez que a leptospirose é frequentemente associada à ocorrência de enchentes e inundações, informou Pereira, foi necessário estudar a ocorrência dessa doença especificamente na ocasião de chuvas extremas, para entender melhor como esse evento pode facilitar a ocorrência de casos e aumentar, consequentemente, o custo social da doença. "Para isso, foi feito o estudo dos casos de leptospirose ocorridos em 2011 em Nova Friburgo, que foram atribuídos ao desastre de janeiro do mesmo ano, e em outros municípios da Região Serrana".
 
Segundo Pereira, as estimativas apresentadas pela pesquisa evidenciam a necessidade de desenvolver meios capazes de diminuir, além dos custos, a incidência, a gravidade e a letalidade da leptospirose. "Para que isso ocorra, é preciso mais que os esforços isolados do setor de saúde: é fundamental a gestão integrada entre os diversos setores da gestão pública, uma vez que não são apenas as medidas específicas em saúde que podem levar a alterações no comportamento da doença".
 
Os fatores sociais, ambientais, econômicos e políticos relacionados à ocorrência de leptospirose, acrescenta o aluno, necessitam ser mais estudados, esclarecidos e geridos, de modo a reduzir a magnitude do impacto social e econômico da doença para o país. Carlos Alexandre Rodrigues Pereira tem especialização em Libras, pela Faculdades Integradas de Jacarepaguá (2012) e graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade de Uberaba (2011). Trabalhou na Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e foi professor em Cursos Técnicos no Centro Educacional de Uberaba. 

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