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26/05/2014

Ministério da Saúde lança na Fiocruz campanha para incentivar doação de leite materno

Ricardo Valverde


Em visita ao Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, lançou a Campanha Nacional de Doação de Leite Humano de 2014. Com o slogan Quando você doa leite materno, doa vida para o bebê e força para a mãe, a campanha deste ano tem como meta aumentar em 15% o volume de leite coletado no Brasil, ampliando o número de bebês beneficiados. Em 2013, o total coletado foi de 174.493 litros. A solenidade contou com as presenças das duas madrinhas da campanha, a nutricionista e doadora de leite humano Andréa Santa Rosa, casada com ator Márcio Garcia, e a estudante Rany Souza, cuja filha Isabela, nascida há dois meses, recebeu doação de leite no IFF. Ambas foram homenageadas na cerimônia, que também agraciou o Distrito Federal por ser a primeira unidade da Federação a conquistar a autossuficência em leite humano. Ao receber o prêmio, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), exibiu vídeo que mostra que um litro de leite humano vale para dez bebês.

O ministro Chioro cumprimenta uma servidora que atua na área de aleitamento materno. Da esquerda para a direita, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o diretor do IFF, Carlos Maciel, e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (Fotos: Peter Ilicciev)

 

Para o ministro Chioro, o evento mostra a pujança do país no tema e ele aproveitou para parabenizar todos os profissionais que atuam na doação de leite humano. “É uma imensa satisfação estar aqui no IFF e saber que a Isabela e tantos outros bebês receberam essa dádiva que é a doação de leite humano. Essas crianças ganharam vida e força para o crescimento saudável”, afirmou o ministro, que lembrou do importante papel da imprensa em divulgar e pedir doações quando os estoques estão baixos”. Chioro, que recentemente regressou de Genebra, onde participou de reunião na Organização Mundial de Saúde (OMN), disse que ouviu numerosos elogios de pesquisadores e autoridades estrangeiras à atuação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, coordenada pelo IFF. “O SUS vem construindo referências. E o IFF é uma grande referência para o SUS", salientou.

O diretor-adjunto da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ministro João Tabajara, ressaltou que o país mantém acordos de parceria com 98 outras nações e que 25% desses são projetos na área da saúde – incluindo muitos com o protagonismo da Fiocruz. O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, disse que a importância da amamentação para a saúde pública, para além das questões sanitárias e médicas, tem a ver com “o prazer, o aconchego e o carinho de quem doa o leite”. Ele também recordou que foi no IFF que teve início a construção da puericultura no Brasil, por meio da iniciativa de Antonio Fernandes Figueira e Carlos Chagas.

O diretor do IFF, Carlos Maciel, saudou as madrinhas e sublinhou a colaboração do instituto com o MS, que soma 22 projetos. A cerimônia contou ainda com um vídeo enviado pela ex-madrinha da campanha, a atriz Maria Paula, e com a apresentação do coral infantil da Escola Adventista de Botafogo, que cantou músicas sobre amamentação.

Madrinhas

A campanha conta com duas madrinhas: uma mãe doadora e outra receptora. A campanha enfatiza que o leite doado serve para salvar a vida de recém-nascidos prematuros e internados que não podem ser amamentados pela mãe. Com o leite humano, o bebê fica protegido de infecções e diarreias, cresce com mais saúde, ganha peso mais rápido e fica menos tempo internado.

As madrinhas Andrea Santa Rosa e Rany Souza (com Isabela no colo)

 

As madrinhas da campanha são Andréa Santa Rosa, casada com ator Márcio Garcia, e Rany Souza. Com quatro filhos, Andréa é doadora de leite materno, mas precisou da doação quando o último filho, João, nasceu prematuro. Rany Souza é receptora, mãe de Isabela, que também nasceu prematura e esteve internada na UTI neonatal do IFF na semana em que a campanha foi produzida e já obteve alta.

“Como nutricionista, sei muito bem a importância do aleitamento materno. Ele é único e exclusivo, não precisar dar água, chá e tem todos os nutrientes fundamentais para a criança, além de ser um alimento de fácil digestão”, enfatizou Andrea na solenidade. Durante a mobilização, que será realizada até 18 de maio de 2015, o Ministério da Saúde distribuirá 1 milhão de folders e 40 mil cartazes com as mensagens de incentivo à doação.

Doações

No último ano houve redução no número de mulheres que doaram seu leite. Em 2013, foram 159.592 voluntárias contra 179.113 no ano anterior. Durante a solenidade desta quinta-feira, o ministro ressaltou que a expectativa do governo e das instituições empenhadas nesta campanha   é aumentar o número de mães doadoras. Segundo ele, embora tenha ocorrido um crescimento nos últimos anos de 27% no número de doadoras, de 2012 para 2013, foi registrado redução no número de voluntárias. “Faço um apelo às mulheres que passam pela experiência da maternidade e produzam leite, que procurarem um dos postos de coleta. Esta voluntária está fazendo um gesto de amor e solidariedade em benefício a outras mães que, infelizmente, não conseguem amamentar”, afirmou Chioro.

O ministro ressaltou as vantagens do leite materno, não apenas para a redução da mortalidade infantil, como também na qualidade de vida e na defesa das crianças contra uma série de doenças. Apesar da queda no número de doadoras, o volume de leite doado por cada mãe vem crescendo. Tanto que, entre 2010 e 2013, houve um aumento de 12% no total de recém-nascidos atendidos, chegando a 177.450.

Os bancos de leite figuram entre as principais iniciativas do Ministério da Saúde para a redução da mortalidade infantil, inseridos na estratégia da Rede Cegonha. Cada litro de leite pode atender até dez recém-nascidos internados por alimentação, dependendo da necessidade. Toda mulher que amamenta pode doar leite materno para atender a demanda de bebês prematuros e de baixo peso.

Para fazer a doação, as mães lactantes podem solicitar orientação diretamente ao Banco de Leite Humano mais próximo da sua residência. A equipe vai até a casa da doadora, fornece todas as instruções e leva os frascos adequados para o armazenamento. Guardando o leite em casa, de acordo com a própria disponibilidade e no máximo até dez dias após a coleta, basta a doadora solicitar a retirada do leite em sua casa. Qualquer quantidade é importante para a vida dos bebês, já que 1 ml de leite é suficiente para impactar na vida do recém-nascido.

Referência

O modelo do Banco de Leite Humano brasileiro é referência internacional. Desde 2005, o Brasil exporta as técnicas de baixo custo para implantar bancos de leite humano em 23 países na América Latina, Caribe hispânico, Península Ibérica e África. Na América do Sul, três países - Uruguai, Venezuela e Equador - receberam as primeiras tecnologias transferidas.

Logo depois, foram instalados em Portugal e na Espanha os primeiros bancos no modelo brasileiro. O primeiro país africano a adotar o sistema foi Cabo Verde. Missões da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano/Fiocruz estiveram em Moçambique e Angola em 2010 e 2011, onde já existem projetos em fase de implantação.

Para a rede brasileira, o Ministério da Saúde destinou, desde 2011, mais de R$ 7 milhões ao custeio, reforma e construção dos bancos de leite. Neste ano, está previsto R$ 894 mil na capacitação de profissionais para atuação em Banco de Leite Humano, promoção do aleitamento materno e desenvolvimento do sistema de informações integradas.

Prêmio

No evento foi anunciado o Prêmio Jovem Pesquisador da Rede BLH que tem como objetivo incentivar estudantes universitários ou graduados, com até dez anos de formação, para o envio de trabalhos que poderão contribuir no fortalecimento das ações. Foram entregues, ainda, certificados para profissionais colombianos e brasileiros formados no Curso EAD de Processamento e Controle de Qualidade do Leite Humano Ordenhado. A ação integrada do Ministério da Saúde e da Fiocruz com a Agência Brasileira de Cooperação possibilitou  que a RedeBLH estabelecesse uma cooperação com os  23 países nas regiões da América Latina, Caribe, Península Ibérica e África. O objetivo do curso é formar multiplicadores para viabilizar a transferência da tecnologia dos bancos do Brasil a outros países.

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