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03/12/2013

Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação de Cuba visita a Fundação

Danielle Monteiro


O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação de Cuba, Fidel Castro Diaz Balart, filho do ex-presidente Fidel Castro, esteve em visita à Fiocruz nesta terça-feira (3/12). Em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias, Balart revelou possíveis cooperações que podem ser estabelecidas com a Fundação e falou sobre os principais desafios enfrentados por Cuba no campo da saúde, além das mudanças que têm sido implantadas no país.

O que motivou sua visita à Fundação?
Fidel Castro Diaz Balart: 
A Fiocruz é uma instituição dedicada ao tema da saúde e da investigação do controle da qualidade de medicamentos e que já tem convênios estabelecidos com Cuba. Acreditamos que essa é uma excelente oportunidade para conhecer mais de perto o que se faz na Fundação, especificamente no campo de nanotecnologia. Já havíamos visto, anteriormente, um pouco do que a instituição faz nesse campo em sua regional, em Curitiba, e achamos muito interessante.

Que parcerias podem ser estabelecidas entre Cuba e a Fiocruz?
Balart: No campo de nanotecnologia, identificamos nesse encontro possibilidades de fazer novos empreendimentos no âmbito de projetos que já estão estabelecidos (a Fundação tem colaboração com o país no campo de produção de vacinas e medicamentos) ou de novos projetos que possamos elaborar em conjunto, como o intercâmbio de profissionais, doutorandos e pós-doutorandos. Em Cuba, temos um novo centro, uma plataforma nacional, criada para o desenvolvimento da nanotecnologia, especificamente dirigido à nanobiotecnologia e à nanomedicina. E, com isso, temos muitas expectativas futuras. A Fionano (rede que está sendo formada pela Fundação com vistas à congregação de diversos grupos que atuam no campo de nanotecnologia) e sua aplicação na saúde me interessou muito. Essa estratégia facilita muito tanto o desenvolvimento interno quanto o intercâmbio com o exterior.

Quais são os principais desafios do sistema de saúde cubano atualmente?
Balart: Em primeiro lugar, acredito que o primeiro desafio seja manter os níveis de saúde e de atenção à população que conquistamos nessas cinco décadas. Isso é um grande desafio, pois Cuba tem uma das taxas mais altas quanto ao número de médicos por habitante no mundo. Nosso país dispõe também de um sistema de atenção primária que se inicia pelos médicos da família, e temos médicos especialistas em saúde em mais de 60 países. E nossos profissionais de saúde, como médicos e enfermeiras, são um dos que mais prestam serviços internacionalmente, o que é muito bom para nosso país e para os outros países. Mas isso cria uma certa tensão interna, pois saem sempre médicos experientes (eles têm mais de cinco, dez anos de experiência), além disso, temos 14 escolas de medicina que formou milhares de médicos nesses últimos anos. Isso foi um conceito instaurado pelo líder da Revolução, Fidel Castro: o número de médicos nunca é demais, médicos sempre fazem falta. Além disso, temos uma alta expectativa de vida (cerca de 80 anos para mulheres e 78 para homens) e uma mortalidade infantil muito baixa (menos de cinco mortes por mil nascidos vivos). Manter esses níveis é um grande desafio.

Outro desafio seria seguir com novos desenvolvimentos em todas as instituições de pesquisa existentes em Cuba, em quase todas as especialidades, como cardiologia, oncologia e no campo gastrointestinal e respiratório. E, sobretudo, o terceiro grande desafio é a biotecnologia. Conseguimos transformar a biotecnologia em um  segundo exportador de bens e serviços para o país com a criação de uma organização chamada BioCubaFarma, que tem muitas relações com o Brasil; juntos fizemos a vacina meningocócica BC, que é enviada à África pela OMS.

Estão sendo feitas algumas mudanças em Cuba com a gestão de Raul Castro. Quais são as mudanças que estão sendo feitas no campo de C&T?
Balart: Dentro das 313 orientações que estabelecemos, há várias ligadas a esse campo. Estamos fazendo um reordenamento dos centros, e tentando nos focar em universidades. Cuba tem 68 universidades, que já graduaram um milhão e duzentas mil pessoas em 50 anos, ou seja, mais de 10% da população total. Há que se estruturar isso, de maneira que seja mais eficaz e economicamente sustentável e que haja uma sustentabilidade também em termos de equipamentos. É muita coisa nesse campo e deve haver uma reorganização.

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