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24/07/2018

Fiocruz debate como enfrentar nova epidemia de zika

Daniela Rangel (Agência Fiocruz de Notícias)


Os principais pesquisadores sobre zika do país e representantes de associações de pacientes com a Síndrome Congênita de Zika estarão reunidos no encontro Epidemia de zika no Brasil: lições aprendidas e recomendações, nos dias 24 e 25 de julho, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A oficina de trabalho tem como objetivo discutir o que a ciência sabe hoje sobre a doença e as consequências da epidemia de 2015, em todos os aspectos – clínicos, sociais, políticos e epidemiológicos –, além de propor medidas para futuras epidemias. 

Ao final do evento, os especialistas apresentarão uma Carta de Recomendações, baseada nas discussões durante a oficina, que será encaminhada a instituições governamentais e da sociedade civil. Espera-se que este documento seja um guia com diretrizes e estratégias para o enfrentamento da doença.

“Vamos discutir o que sabemos, o que não sabemos e o que fazer diante de uma nova epidemia de zika. Temos várias perguntas sem respostas. Vários problemas sérios para resolver quando outra epidemia chegar. Além disso, o corte de investimentos na saúde vem prejudicando muito as pesquisas na área”, afirma o pesquisador da Fiocruz Gustavo da Matta, coordenador da Rede Zika Ciências Sociais. 

A Oficina também contará com a presença de formuladores de políticas públicas e de representantes de associações de pais de crianças acometidas pela Síndrome, de forma a reunir as principais vozes de quem viveu, e ainda vive, os efeitos da doença. Estima-se que 2/3 das crianças que sofrem em decorrência do contato com o vírus da zika não tenham assistência regular, o que poderia minimizar os problemas causados pela Síndrome. 

“A Fiocruz tem sido uma parceira fundamental, uma das principais protagonistas, da cooperação científica entre o Brasil e o Reino Unido. O intercâmbio e a produção de conhecimento entre os pesquisadores dos países contribuem para o aprofundamento e o avanço da inovação em temas de relevância global, como é o caso das pesquisas sobre o vírus zika”, ressalta Rui Lopes, diretor-adjunto da área de Ciência e Inovação da Missão Diplomática Britânica no Brasil. A Oficina integra o Ano Brasil-Reino Unido de Ciência e Inovação 2018-2019, uma plataforma para cientistas, pesquisadores e governantes trabalharem juntos em soluções para desafios mundiais.

Falta de assistência e corte de investimentos

As discussões serão voltadas especialmente para as questões da Síndrome Congênita da Zika, nome dado ao conjunto de defeitos congênitos encontrados em crianças e bebês acometidos pelo vírus, dentre os quais se destaca a microcefalia.  Há no Brasil uma geração de crianças com doenças causadas pelo zika, tais como lesão ocular (exergam mal), juntas com movimento de alcance limitado (como pé torto) e tônus muscular que limita os movimentos corporais após o nascimento, entre outros. “No entanto, a maioria dessas crianças não conta com assistência adequada, o que piorou muito com o corte de investimentos”, ressalta o coordenador da Rede Zika Ciências Sociais.

Entre os temas a serem abordados durante a Oficina estão a questão das iniquidades social, econômica e sanitária brasileira (uma vez que a região Nordeste foi a mais afetada pela zika), a necessidade da continuidade de pesquisas relacionadas ao vírus e a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres frente à epidemia da doença.  

Participarão do encontro, entre outros, os pesquisadores: 

Nísia Trindade Lima – Socióloga, coordenadora da Rede Zika Ciências Sociais e presidente da Fiocruz.

Gustavo Correa Matta – Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), coordenador da Rede Zika Ciências Sociais e organizador de diversos encontros com o objetivo de debater os impactos sociais da zika.

Ana Bispo – Chefe do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi a primeira pesquisadora a diagnosticar a presença do vírus zika no líquido amniótico, que comprovou a ligação da doença com a microcefalia.

Celina Turchi – Médica epidemiologista da Fiocruz, coordenadora do Grupo de Pesquisa da Epidemia de Microcefalia (Merg), que desenvolveu o primeiro estudo caso-controle relacionando o vírus zika com a microcefalia.  A pesquisadora também participou da investigação de emergência que provou definitivamente que o vírus zika causa microcefalia.

Maria Elizabeth Moreira – Médica, pesquisadora do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), coordenou o estudo que descobriu que crianças que foram expostas ao vírus da zika durante sua gestação, e nasceram sem alterações perceptíveis, registraram problemas neurológicos após seus primeiros meses de vida.

Patrícia Brasil - Chefe do Laboratório de Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), é uma das autoras do estudo que destacou anormalidade em 46% das gestações com zika, apontando alterações neurológicas. Foi vencedora do prêmio Christophe Mérieux 2018, que reconheceu sua trajetória acadêmica e a relevância de seu projeto “A história natural da infecção por zika durante a gestação”.

Luciana Brito –  Psicóloga e doutora em saúde pública pela Universidade de Brasília. É pesquisadora da Anis - Instituto de Bioética. Faz pesquisa em temas como saúde mental e direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. 

Marilia Sá Carvalho – Epidemiologista, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), é uma das responsáveis pelo estudo que expõe as futuras implicações da epidemia de zika no Brasil.

Miriam Calheiros – Fisioterapeuta, doutora em ciências pelo programa de pós-graduação em saúde da criança e da mulher do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Desenvolveu um método específico para a estimulação de crianças com síndrome congênita. 

Ricardo Lourenço –   Chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) -  Tem experiência na área de Parasitologia, com ênfase em Entomologia e Malacologia de Parasitos e Vetores, atuando principalmente nos seguintes temas: aedes aegypti, dengue, culicidae, aedes albopictus e mosquito.

Serviço:
Epidemia de zika no Brasil: lições aprendidas e recomendações
Data: 24 e 25 de julho
Horário: 9h às 17h
Local: Auditório da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio / Fiocruz

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