17/08/2018
Um estudo pioneiro desenvolvido no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) com uma coorte de pessoas vivendo com HIV mostrou que as manifestações clínicas e laboratoriais da infecção por zika nessa população são similares àquelas observadas em indivíduos com a mesma doença, mas com sorologia negativa para HIV. O trabalho, coordenado pelo médico infectologista Guilherme Calvet, do Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto, analisou 101 pessoas soropositivas para o HIV com suspeita de arboviroses (dengue, zika ou chikungunya).
Os resultados do estudo ressaltam que em pacientes com controle imunológico e virológico, a contagem de linfócitos T-CD4 e a carga viral não sofrem alterações meses após a infecção por zika.
Quanto ao diagnóstico diferencial, o médico destaca que além de arboviroses como dengue e chikungunya, outras doenças devem entrar no diagnóstico diferencial de zika, como rubéola, sarampo, parvovirose, viroses respiratórias com manifestação exantemática associada, riquetsioses, entre outras. Guilherme Calvet ressalta a importância de sempre se investigar a infecção por sífilis na população soropositiva para HIV, em função de alguns casos diagnosticados no estudo.
Ainda segundo o pesquisador, "quase a totalidade dos participantes do estudo fazia uso de tratamento antirretroviral e apresentava um excelente controle imunológico e virológico, traduzidos por altas contagens de linfócitos T-CD4 e carga viral indetectável para o HIV". O grupo de pesquisa supõe que os resultados possam ser diferentes em pessoas com HIV cuja carga viral não esteja estável. Outros estudos devem ser realizados para avaliar se a coinfecção com zika pode evoluir de forma diferente em indivíduos com imunossupressão avançada.
A pesquisa resultou no artigo Zika virus infection and differential diagnosis in a cohort of HIV-infected patients, publicado na revista JAIDS em 14 de junho de 2018. Veja a reportagem completa produzida pela Medscape.