Início do conteúdo

01/10/2021

Observatório Covid-19 aponta passaporte vacinal como estratégico

Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)


Em um cenário onde os números apontam para um quadro de estabilidade nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e Covid-19 no país, com indícios de arrefecimento da pandemia, o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira (1º/10), aponta o passaporte de vacinas como uma importante estratégia para estimular e ampliar a vacinação no Brasil. Ao defender a adoção dessa iniciativa em todo o território nacional, o documento destaca o princípio do ponto de vista da saúde pública de que “a proteção de uns depende da proteção de outros e de que não haverá saúde para alguns se não houver saúde para todos”.

Na visão dos pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim, é importante que sejam elaboradas diretrizes em nível nacional sobre o passaporte de vacinas, de modo a evitar a judicialização do tema, criando um cenário de instabilidade e comprometendo os ganhos que vêm sendo  adquiridos com a ampliação da vacinação. “Reforçamos, portanto, que esta estratégia é central na tentativa de controle de circulação de pessoas não vacinadas em espaços fechados e com maior concentração de pessoas, para reduzir a transmissão da Covid-19, principalmente entre indivíduos que não possuem sintomas”, afirmam.

Os cientistas destacam ainda que a equidade, assim como a universalidade e a integralidade, são os princípios basilares do Sistema Único de Saúde (SUS) no seu papel de garantir a saúde como um direito fundamental, cabendo ao Estado o dever de garantir a saúde através de políticas sociais e econômicas, como, por exemplo, o passaporte de vacinas. “A redução do impacto da pandemia de modo mais duradouro somente será alcançada com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde, reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso de máscaras e o distanciamento social”. 

Incidência

Referente às Semanas Epidemiológicas (SE) 37 e 38, o Boletim reforça que os avanços na vacinação vêm contribuindo para um cenário positivo. De acordo com a análise, há redução nos números absolutos de internações (-27,7%) e óbitos (-42,6%). Contudo, o quadro atual mostra que, uma vez que a população vem sendo beneficiada de forma mais homogênea com a vacinação, o grupo de idosos se consolida como mais representativo entre os casos graves e fatais, com 57% das internações e 79% dos óbitos: “Novamente, pela primeira vez desde o início da vacinação entre adultos, todos os indicadores (internações, internações em UTI e óbitos) passam a ter a média e a mediana acima de 60 anos”.

O fato é que apesar da queda dos indicadores, o momento ainda exige cuidado. A análise da SRAG, que também integra o Boletim, observa que mesmo com a redução de incidência nas semanas anteriores, a grande maioria dos estados encontra-se ainda em níveis altos ou muito altos, acima de um caso por 100 mil habitantes. Isso, segundo os cientistas, evidencia a necessidade de atenção, com ações de vigilância em saúde para evitar estes casos graves, com sintomas que levam a hospitalização ou a óbito.

Taxa de ocupação de leitos

Outro indicador estratégico, a taxa de ocupação de leitos Covid-19 adulto mostra que 25 Unidades da Federação estão fora da zona de alerta (taxas inferiores a 60%). Ao mesmo tempo, permanecem na zona de alerta intermediário o estado do Espírito Santo (elevação das taxas de ocupação apesar de manter o mesmo número de leitos) e o Distrito Federal (elevação das taxas de ocupação como resultado da redução do número de leitos). Oito estados também reduziram o número de leitos de UTI Covid-19 para adultos, mantendo-se fora da zona de alerta.

Análise Demográfica

A análise demográfica do Boletim desta quinzena – que traz comparações para o período entre a SE 1 (3 a 9 de janeiro) e a SE 37 (12 a 18 de setembro) de 2021 - sinaliza que, uma vez beneficiada de forma mais homogênea com a vacinação, a população tende a ter relativamente mais casos graves e fatais entre idosos, concentrando-os novamente nas idades mais avançadas. A comparação com a quinzena anterior evidencia o declínio no número de internações (-27,7%) e óbitos (-42,6%), e ele ocorre em todas as faixas etárias. 

No entanto, o grupo com idosos de 90 anos e mais mostrou menor redução (-17,3% para casos e -28,6% para óbito). A mediana de internações, ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos que levaram a internação, chegou ao menor patamar de 51 anos entre a SE 23 (06 a 12/06) e 27 (04 a 10/07). Na SE 37 a mediana foi de 65 anos. Para os óbitos, a menor mediana, que foi de 58 anos, foi observada entre a SE 21 (23 a 29/05) e SE 24 (13 a 19/06), e na SE 37 foi de 74 anos. Para as internações em UTI, o período de menor mediana foi o mesmo que o dos óbitos (53 anos), e na SE 37 o patamar foi de 67 anos. A média de idade das internações, internações em UTI e óbitos na SE 37 foi, respectivamente, 60,9; 63,1 e 71,4 anos.

Voltar ao topo Voltar