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10/09/2013

Fiocruz Mata Atlântica terá acesso facilitado com a construção da TransOlímpica

Renata Moehlecke


Com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas em 2016, o território do Rio de Janeiro tem sido foco de diversas obras de melhorias da mobilidade urbana, para suportar o aumento do deslocamento populacional durante esses dois megaeventos. Dentre as melhorias nas condições de transporte, diferentes projetos de vias estão em construção para ligar pontos estratégicos da cidade durante a sede dos jogos olímpicos, como é o caso da Bus Rapid Transit (BRT) – “trânsito de ônibus rápido”, em tradução livre – que será implantada também na TransOlímpica, que ligará o bairro de Deodoro a Barra da Tijuca, facilitando o acesso dos atletas entre as instalações. Com 26 km de extensão, o corredor expresso terá duas pistas de três faixas cada, que cortarão diversos bairros, além de duas pistas e diversas estações para o BRT. Dentre estes, encontra-se o novo Bairro Juliano Moreira, localizado na antiga Colônia de mesmo nome, onde fica o campus da Fiocruz Mata Atlântica. O coordenador executivo do campus, Gilson Antunes da Silva, conversou com a Agência Fiocruz de Notícias para contar como essa nova via afetará o entorno da Fundação.


AFN: Quais foram os fatores considerados para a construção da BRT TransOlímpica no que se refere ao Bairro Juliano Moreira? A Fiocruz teve alguma participação no projeto?

Gilson Antunes da Silva: Não, a Fiocruz não teve participação direta no projeto, que foi realizado pela Secretaria Municipal de Obras da prefeitura do Rio de Janeiro. No entanto, nós da Fiocruz Mata Atlântica, do ponto de vista técnico, vemos com bons olhos no novo traçado proposto. O design da via é muito antigo, fazia parte do planejamento de melhorias das condições de integração de diferentes pontos da cidade, ligando os bairros de Realengo e Barra da Tijuca. O novo traçado, mais recente e revisado dentro do contexto de desenvolvimento de dois grandes eventos, foi pensado com a finalidade de ligar com rapidez duas áreas que terão estruturas olímpicas (Deodoro e Barra da Tijuca). A Fiocruz que participa do Comitê Gestor do PAC Colônia realizou reuniões com a Secretaria Municipal de Obras e com representantes do consórcio que administrará a via posteriormente para entender como ela foi pensada e auxiliar, no que fosse possível, na identificação da melhor solução, a que traria menor impacto para a região. Provavelmente, a escolha do traçado foi feita, sobretudo, com base em uma soma de racionalidade econômica e de menor impacto social e ambiental. Sem apresentar muitas curvas, a via não exigirá muitas remoções, como no design anterior. Hoje, no interior do Bairro Juliano Moreira pouquíssimas casas serão atingidas, sendo que no traçado antigo, mais de 800 famílias precisariam ser indenizadas e transferidas.             

AFN: Como a área será afetada?

Gilson Antunes da Silva: Do ponto de vista ambiental, haverá pouco impacto, sendo somente duas florestas afetadas, uma com predominância de jamelão e outra com eucalipto, espécies exóticas, que seriam necessariamente removidas no plano de manejo paisagístico - Partido de uma Cidade Parque - que será implantada pelo PAC Colônia. No que se refere ao impacto social, o traçado da via não afetará o conjunto de investimentos de regularização urbana e fundiária, de criação e melhoria de praças que estão sendo realizadas na área, evitando o desperdício do dinheiro público. Além disso, o corredor expresso criará uma divisão natural entre a Área de Interesse Funcional, onde estão a Fiocruz, a estrutura hospitalar do IMAS e onde, ainda, estão previstos novos investimentos em escolas e outros equipamentos públicos, e a Área de Interesse Social, destinadas as moradias. Isso inibirá a tensão entre cidade e floresta: os espaços de floresta estarão mais protegidos e as populações ficam mais integradas a vida e aos serviços urbanos, evitando o aprisionamento destas no interior de um gueto, sujeito a ação de estruturas de poderes locais, sem cidadania.

AFN: O projeto da TransOlímpica traz algum benefício para o Campus da Fiocruz Mata Atlântica?

Gilson Antunes da Silva: A obra, prevista para estar pronta até 2015, requalificará o território onde se encontra o Campus da Fundação na Mata Atlântica, já que a via passará a cerca de 800 metros da portaria principal da instituição. Hoje, apesar dos inúmeros investimentos em infraestrutura (água, esgoto etc.) na área, a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ainda há dificuldades de acesso. Com a obra, o trânsito de pessoas, carros e caminhões será enormemente facilitado, o que garante ampliação do trabalho da Fiocruz Mata Atlântica em parceria com outras unidades da Fundação e o aumento do empreendimento na área funcional por outras instituições e pela própria Fiocruz. Os fatos de que teremos uma Estação do BRT, próxima a nossa portaria, e de que não haverá uma saída de carros da via direta próxima à portaria também fazem com que os funcionários da Fiocruz na região possam ficar tranquilos, sem serem afetados por grandes movimentações de carros e com a garantia de novas opções para o transporte coletivo que esta via, integrada a outras, poderá proporcionar aos nossos funcionários. Os carros e caminhões terão acesso mais rápido por saídas e acessos próximos, com cerca de 1 quilometro. A requalificação do território a partir destes investimentos faz com que o ativo territorial de 5 milhões de metros quadros do CFMA, com uma exuberante floresta de Mata Atlântica preservada e enriquecida em biodiversidade de forma permanente na maior parcela do terreno, ganhe uma outra escala para a Fiocruz. O Campus da Fiocruz Mata Atlântica, assim, terá no planejamento dos investimentos da Fiocruz uma nova dimensão, fazendo com que esta área seja integrada de forma orgânica à produção de conhecimentos, produção tecnológica, educação e assistência desenvolvidas por nossa instituição.

Foto: Peter Ilicciev.

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