29/01/2016
O Brasil é pioneiro no estudo da relação do vírus zika com a microcefalia e tem avançado com agilidade nas investigações. Estas avaliações foram feitas durante a 138ª Sessão do Conselho Executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) realizada nesta quinta-feira (28) em Genebra, na Suíça. Durante a sessão, a diretora-geral da Organização, Margareth Chan, garantiu que o Brasil tem respondido rápido aos organismos internacionais. “Podemos garantir que toda informação reportada pelo Brasil tem sido repassada pela OMS aos pontos focais de cada país. Todos os países estão sendo devidamente informados sobre a evolução do que está sendo feito”, afirmou Chan.
“As condições climáticas deste período do ano podem aumentar ainda mais a população do mosquito em muitas áreas”, comentou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan (foto: Universidade de Princeton)O diretor do departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, por meio de videoconferência, participou do Brasil dos debates e de coletiva imprensa com jornalistas brasileiros e internacionais. Maierovitch apresentou o histórico do zika no Brasil e falou sobre a identificação, pela primeira vez em todo o mundo, a possibilidade da relação da infecção pelo vírus com a ocorrência de casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação.
“Desde que o Ministério da Saúde identificou o aumento de casos de microcefalia na região Nordeste, em outubro de 2015, o evento foi reportado imediatamente à Organização Pan-americana de Saúde (Opas), mesmo que ainda não soubéssemos a causa, justamente para que o mundo pudesse acompanhar e ajudar nas investigações”, explicou Maierovitch.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, falou da sua preocupação em relação à rápida disseminação do vírus zika, que já circula em 23 países das Américas Central e Latina. “As condições climáticas deste período do ano podem aumentar ainda mais a população do mosquito em muitas áreas”, comentou Margaret Chan.
A OMS irá convocar uma reunião do Comitê de Emergência para a próxima segunda-feira (1°/2), para orientar a diretora-geral da OMS sobre as medidas que devem ser adotadas pela Organização para enfrentar o risco de propagação do vírus zika, além de discutir pesquisas que necessitam ser realizadas para esclarecer aspectos relativos à associação entre o zika e a microcefalia. O Comitê também irá avaliar se o surto constitui uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (ESPII).
Mobilizaão brasileira
No final do ano passado, com o aumento do registro de casos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e suas complicações, o Ministério da Saúde decretou Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e criou o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia com medidas emergenciais que estão sendo colocadas em prática para intensificar as ações de combate ao mosquito.
O plano estabelece políticas de forma articulada, com o envolvimento dos Ministérios da Saúde; Planejamento, Orçamento e Gestão; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Fazenda; Integração Nacional; Relações Exteriores; Justiça; Defesa; Transportes; Meio Ambiente; Desenvolvimento Agrário; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Educação; Turismo; além da Anvisa e de órgãos da presidência da República ( Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria Especial de Portos e Secretaria- Geral).
O plano conta, ainda, com parcerias de estados e municípios, com o objetivo principal de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e do vírus zika. Para fortalecer esta articulação, tanto dentro do governo federal como também com os gestores estaduais, foi instalada a Sala Nacional de Coordenação e Controle para o Enfrentamento à Microcefalia, que tem como principal objetivo gerenciar e monitorar a intensificação das ações de mobilização e combate ao mosquito em todo o país. A Sala é coordenada pelo Ministério da Saúde e funciona no Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Cenad) do Ministério da Integração.
Também são articuladas as ações de mobilização com as Salas Estaduais, que já foram criadas em todas as Unidades da Federação, com exceção do Amazonas. Elas têm estrutura semelhante à da Sala Nacional e devem articular as ações de mobilização com as salas dos municípios de cada estado. Todas possuem um coordenador e equipamento para a realização de vídeo conferências.