Início do conteúdo

09/12/2016

Pesquisadores analisam desigualdades em saúde no Brasil

André Bezerra e Raíza Tourinho (Icict/Fiocruz)


Pesquisadores de diversas áreas de saúde coletiva se reuniram no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) para o lançamento de análises inéditas sobre desigualdades em saúde no Brasil a partir dos resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013). São 14 artigos reunidos no suplemento A Panorama of Health Inequalities in Brazil, do periódico International Journal for Equity in Health.

Os artigos tratam de temas como o estado de saúde, a qualidade de vida, os hábitos saudáveis, as doenças crônicas, a violência e os acidentes de trânsito, e o acesso e uso dos serviços de saúde e como diferem por região geográfica e por condição socioeconômica. Um deles destaca disparidades na expectativa de vida saudável dos brasileiros, que chega a ser cinco anos menor nas regiões Norte e Nordeste.

Os resultados foram apresentados no seminário do Centro de Estudos do Icict/Fiocruz, em 7/12, no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos, com a presença de alguns dos autores e uma participação à distância, além dos editores do suplemento Célia Landmann Szwarcwald, do Icict/Fiocruz, e James Macinko, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

“Além das ações de vigilância, essa produção de conhecimento contribui para a construção de políticas públicas que possam promover a redução de tendências de mortalidade, morbidade e fatores de risco, melhorando a saúde da população”, acredita Fátima Marinho, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, que abriu o seminário.

Segundo os editores, essa série de artigos demonstra o estágio atual e a profundidade das desigualdades em saúde no Brasil por meio de diferentes análises, metodologias e indicadores de saúde. “Os achados apontam, consistentemente, para um forte gradiente social nas condições de saúde, desfavorável, em geral, aos grupos menos privilegiados socialmente”, aponta Celia Landman Szwarcwald, pesquisadora do Icict/Fiocruz e uma das editoras do suplemento.

A partir desse olhar, um grupo amplo de pesquisadores foi convidado a analisar os dados sobre condições de saúde do brasileiro e acesso a serviços na Pesquisa Nacional de Saúde, maior inquérito de base domiciliar em saúde realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde e a Fiocruz. “As equidades em saúde têm sido consideradas um componente importante da avaliação do sistema de saúde em vários países”, complementa a pesquisadora.

Do Brasil, participaram do suplemento pesquisadores da Fiocruz, da Universidade de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal de Pelotas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Goiás (UFG). Também há autores de instituições internacionais, da University of Illinois at Urbana-Champaign, da New York University, da Emory University e da Rollins School of Public Health, de Atlanta.

Para James Macinko, da UCLA, um dos grandes destaques do suplemento é avaliar como as desigualdades sociais continuam sendo significativas para alguns extratos da população, mesmo depois das conquistas alcançadas nos últimos anos. “Preservar e consolidar esses avanços será um dos maiores desafios a ser enfrentado pelo Brasil nos próximos anos”, avaliou.

Em debate com os autores, o pesquisador Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz e colaborador da Organização Mundial de Saúde, classificou o Brasil como um “país de extremos”, em relação à renda e outras desigualdades sociais. Contudo, Buss destacou que nos anos recentes, uma “das mais importantes revoluções” foi desenvolvida no campo da proteção social. “Tais políticas trouxeram indiscutíveis avanços econômicos e sociais, assim como no campo da saúde, mas mantiveram intacto o sistema produtor de desigualdades e inequidades”, ressaltou.

Leia também:

Principais resultados: “A Panorama of Health Inequalities in Brazil”

Estudo da Fiocruz analisa expectativa de vida saudável dos brasileiros a partir das desigualdades regionais
 

Voltar ao topo Voltar